GRUPO DE ESTUDO DE ARTE, FILOSOFIA E PSICANALISE: O artista e o psicanalista

quarta-feira, agosto 27, 2008

O artista e o psicanalista

“A única vantagem que um psicanalista tem o direito de tirar de sua posição é a de se lembrar com Freud que em sua matéria o artista sempre o precede, portanto, ele não tem que bancar o psicólogo quando o artista lhe desbrava o caminho”

(Lacan, 1965/2003).

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PENSAR EM NÃO VER

O visível é para Derrida o lugar da oposição fundamental entre o sensível e o inteligível, a noite e o dia, a luz e a sombra. Ele tem por base todos os valores do aparecer ontológico e fenomenológico - o fenômeno (phanesthail), a teoria (theorein), a evidência, a clareza ou a verdade, o "des-velamento" - que instituem uma forte hierarquia filósofica dos sentidos. Consequentemente, o visível será desde então denunciado por Derrida a cada vez que esse privilégio do ótico for posto como a questão que domina toda a história metafísica ocidental.

O dorso do tigre - Benedito Nunes

Atravessar as veredas da Literatura, Psicanalise e Filosofia guiados pela mão de Benedito Nunes, é uma experiência quase alucinante. - Publicado originalmente em 1969, O dorso do tigre é um marco no horizonte da interpretação literária e da reflexão filosófica entre nós. Nos sete ensaios da primeira parte, o autor analisa algumas das principais contribuições à filosofia contemporânea, entre elas a de Foucault e Heidegger, de que é um dos maiores intérpretes em língua portuguesa. Da segunda parte do livro, constam ensaios que renovaram os estudos sobre Clarice Lispector ("A experiência mística de G. H.", "Linguagem e silêncio"), Guimarães Rosa ("O amor na obra de Guimarães Rosa") e Fernando Pessoa ("Os outros de Fernando Pessoa"), para citar apenas alguns".

A Língua Inglesa na África

“Por que e para que estudar a África?”, pergunta autora na Introdução desta obra, que elucida aspectos fundamentais da história da língua inglesa no continente africano — uma história do passado que se reafirma no presente, quando a língua inglesa, antes atrelada ao imperialismo britânico e trabalhada como ferramenta do colonialismo, é fortalecida no pós-independência das colônias e dos protetorados, ao ganhar o status de língua oficial. Partindo da desconstrução de um conceito estereotipado de África, a autora explica que as reflexões apresentadas neste livro “são norteadas por uma ética ligada à subversão de discursos que inventaram uma África débil e servil, mais especificamente de um discurso que infere a inevitável superioridade da língua inglesa em relação às línguas africanas autóctones”. Em contrapartida ao discurso que promove o inglês como língua global e globalizante, A língua inglesa na África ressalta a importância social e política das línguas africanas, sobretudo no contexto educacional dos países africanos ditos anglófonos. Para fundamentar seu argumento, a autora reúne os mais importantes teóricos africanos que se debruçam sobre a questão linguística no continente, tecendo, assim, um diálogo produtivo e questionador. Este é, por fim, um livro despretensioso e bem articulado: leitura essencial para aqueles que estudam a(s) África(s) no Brasil. (in: Jornal da Unicamp)

Estou Falando com as Paredes - Jacques Lacan

“Estou Falando com as Paredes” (Zahar) reúne três palestras ministradas por Jacques Lacan no Hospital Saint-Anne, França, na virada de 1971 para 1972. As “conversas” não apresentam ideias inteiramente novas e muito menos resumem de forma clara e didática seu ensinamento psicanalítico, mas têm um tom mais informal e preocupado com a transmissão do seu discurso.Os temas abordados fazem referência a análises pontuais de assuntos cotidianos e que estavam em pauta nas universidades e no meio intelectual.É o caso do primeiro texto, "Saber, ignorância, verdade e gozo", que discutia à época a questão do "não saber", instigada por Georges Bataille. O segundo trata da "Incompreensão e outros temas", e a terceira conversa foi nomeada "Estou falando com as paredes", que dá título ao livro. O significado para a última frase deve ser buscada em sua língua original, onde Lacan diz “Je parle aux murs”, e forma o trocadilho sonoro com a palavra espelho (miroir), mencionando uma de suas principais contribuições teóricas, conhecida, entre outras, como "estádio do espelho". A versão brasileira da obra optou, como se justifica, por parede ao invés de muro, por uma questão cultural e coloquial do "falar com as paredes", sem se apropriar de, em momentos oportunos, usar a palavra muro.

A ideia de cultura - Terry Eagleton

Resgatar o significado de cultura é o laborioso desafio que se propõe Terry Eagleton em A ideia de cultura. Insatisfeito tanto com o significado antropológico debilitantemente amplo quanto com o sentido estético desconfortavelmente rígido, o autor mapeia uma seria de transformações históricas pelas quais o termo passou, bem como os seus significados contemporâneos. Numa análise criteriosa de vários textos, entre eles Shakespeare, Marx, Nietzsche e Freud, constrói um texto complexo e fluente sobre as concepções exaustivamente discutidas da ideia de cultura. Consciente da necessidade de revisão pelo desgaste natural de sua indiscriminada utilização em várias áreas do conhecimento e sua sobrevivência na pós-modernidade, ele tece um sentido diferente sem se desconectar completamente de conceitos históricos fundamentais.

Perspectivas dos Escritos e Outros Escritos de Lacan - Entre Desejo e Gozo

Um ótimo texto sobre a segunda clínica lacaniana e uma bela crítica as analises sociais catastróficas, hoje tão comuns a algumas instituições psicanalíticas. “É verdade que a psicanálise tem efeitos terapêuticos. Ela tem efeitos terapêuticos de tampão, de adaptação, de alívio, na medida exata em que reconhece a singularidade do desejo. Ela opera terapia, não quando reconduz à norma, e sim quando autoriza o desejo no seu desvio constitucional. Sujeitos vêm para a análise com sua queixa, com sua vergonha com relação a seu gozo. Os efeitos terapêuticos da análise não consistem em reconduzir esse desvio à norma, mas, ao contrário, em autorizá-lo, quando ele se fundamenta no autêntico.” “As coisas de fineza em psicanálise se dividem entre desejo e gozo... é por essa via que tentarei deslizar.”

A Beleza Salvará o Mundo

A Beleza Salvará o Mundo, volume de ensaios do pensador búlgaro Tzvetan Todorov, trata da busca da plenitude por três escritores que fizeram de suas vidas um laboratório para atingir esse objetivo: Wilde, Rilke e Marina Tsvetaeva. Numa linguagem clara e apaixonante, o texto de Todorov encanta pelo modo e a forma com que trabalha o tema do absoluto na literatura. - “Em meu livro, por meio do exemplo de três grandes artistas de decênios precedentes (1880-1940), falo de uma forma de buscar uma vida bela - forma que produz muito sofrimento, quando não tragédias. A partir disso, comecei a pensar o que poderia ser uma forma alternativa de busca do absoluto e me inspirei particularmente em algumas páginas de O Idiota, de Dostoievski. Essa outra forma consiste em recusar a separação das experiências entre altas e baixas, nobres e banais, poéticas e prosaicas, e nos conduz a buscar o sublime no coração do cotidiano. Nossa época nos incita a situar essa beleza menos nas experiências coletivas (que nos trouxeram muitas frustrações no século 20) e mais nas individuais - e para essas não se torna necessário produzir obras de arte.”

O Vestígio e a Aura - corpo e consumismo na moral do espetáculo - Jurandir Freire Costa

Os textos reunidos neste livro – marcados ao mesmo tempo pela erudição, pelo rigor e pela ética – analisam a chamada crise de valores do contemporâneo a partir de fenômenos como o culto ao corpo e à aparência, o consumismo e a cultura da imagem. Embora pontuado pela filosofia, pelas ciências sociais e pela psicanálise, este não é um livro só para acadêmicos ou especialistas. Escritos de forma clara e por vezes poética, são textos acessíveis a todos os que se interessam pelas grandes questões da existência humana e pelos impasses do mundo de hoje."Texto da editora"

A Face e o Verso

Mais um bom livro de Jurandir Freire Costa sobre o tema do homoerotismo.Nele o autor examina o conceito de “homossexualidade” masculina na literatura médica, psiquiátrica e sexológica do século XIX, comparando sua significação com aquela existente na psicanálise de Freud e alguns de seus seguidores. Trabalha com a teoria freudiana do sujeito e com teoria pragmática ou neo-pragmática da linguagem. Apresenta e questiona as consequências cientificas e éticas do emprego de termos como homossexual, homossexualidade ou homossexualismo nas teorias científicas e na linguagem corrente.

Um Psicanalista no Divã

Nesse livro, Nasio reproduz as questões colocadas a ele por um estudante de psicologia. Provocado por essas questões, desenvolve seu parecer sobre a clínica psicanalítica e seus desdobramentos. Por isso mesmo, o texto não é um estudo teórico sobre a clínica, aos modos dos estudos de Freud, mas os desdobramentos do saber adquirido na experiência prática. A partir dessa prática, reflete sobre diversos efeitos das estruturas clínicas que ilustra através de exemplos rápidos de casos clínicos. Um texto atraente e simpático para os que começam a se interessante pela clínica psicanalítica.

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O artista e o psicanalista

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