Postagens

A DANÇA MACABRA DO CORPO: ANGÚSTIA E VUNERABILIDADE NA CLÍNICA PSICANALÍTICA

Imagem
  CORPO, ANGÚSTIA E VULNERABILIDADE: O CORPO NA CLÍNICA PSICANALÍTICA CONTEMPORÂNEA "Das imprescindíveis caminhadas diárias à ingestão regular de pílulas antioxidantes, o homem contemporâneo, tal qual o personagem Dorian Gray, de Oscar Wilde, busca a saúde, a beleza e a eterna juventude. Há um culto ao corpo que se manifesta nas academias, nos “spas” e nas clínicas de emagrecimento." Lucia Maria de Freitas Perez A temática apresentada pela mesa me conduz a interrogar sobre o lugar conferido ao corpo na clínica contemporânea, levando-me a problematizar as diversas modalidades de mal-estar existentes na atualidade e que fazem do corpo, paradoxalmente, um lugar de vida e de morte. Interrogação necessária já que verifico, cada vez mais, em minha clínica, uma forte incidência de certos fenômenos: da síndrome da “fadiga crônica”, a velha neurastenia freudiana, passando pelo estresse, pela hipocondria, pela fibromialgia e por outras formas de afecções psicossomáticas, é...

PSICANÁLISE E ARTE NA ÉPOCA DO FIM DO BELO

Imagem
O OBJETO DE ARTE NA ÉPOCA DO FIM DO BELO: DO OBJETO AO ABJETO. MARIE-HÉLÈNE BROUSSE O objeto de arte é um objeto comum ou um objeto  a  lacaniano? Se nos referimos à distinção que o próprio Lacan constitui no  Seminário a angústia , [i]  é um objeto comum. De fato, ele provém do modo especular de constituição dos objetos, ele é cotável e intercambiável como o demonstram as variações e especulações do mercado da arte. Enfim, ele depende da noção de concorrência, implicando rivalidade e acordo ao mesmo tempo. Entretanto, conforme G. Wajcman mostrou em sua obra  Collection [ii]  e seus trabalhos sobre colecionadores, por circular no mundo dos objetos comuns, ele não é menos investido por outro modo que, este, depende de toda uma lógica libidinal. Ele é, então, insubstituível. Amontoado nos museus, exposto ou escondido, colocado em série ou isolado por uma literatura especializada e elucidada por saberes precisos, ele permanece único, não mais partilhável que a...

UM DESEJO QUE NÃO OUSA DIZER SEU NOME

Fetichismo: Falo materno e Gozo diante do inanimado     Norton Cezar Dal Follo da Rosa Jr,  Maria Cristina Poli       Introdução Neste artigo, propomos interrogar a constituição do objeto fetiche e sua lógica de fixação, considerando as correlações entre o horror da cena, a posição do sujeito e a cristalização do objeto. Inicialmente, faremos uma breve passagem por alguns textos freudianos que versam sobre o tema. Depois, a partir de um detalhe clínico, à luz das contribuições de Jacques Lacan, presentes no Seminário  A relação de objeto , problematizaremos a tese freudiana de que a escolha do fetiche decorre da fixação da memória do sujeito nos últimos objetos que antecedem a percepção da cena traumática: "a falta de pênis na mulher".   Entendemos que a releitura de Lacan destaca a constituição do objeto fetiche do campo eminentemente escópico, elemento já presente na crítica freudiana ao uso do termo "escotomização". Para Lacan, trata-se de apro...