CONVITE
Obra reunindo oito artigos que colocam em conversa pensadores e literatos será lançada na quarta-feira, 24 de novembro, às 17 horas, na Livros e Livros.
Filosofia e literatura sempre renderam bons diálogos em cafés, mesa de bar, congresso e livros. Das discussões mensais em torno do Projeto Café Filosófico, realizadas pela Secretaria de Cultura e Arte da UFSC desde 2008, nasceu o primeiro livro da série Café Filô. Oito ensaios resultantes desses cafés estão reuni dos na obra Filosofia e Literatura, lançada pela Bernúncia Editora, de Florianópolis, e organizado pela filósofa Maria de Lourdes Borges e pelo professor de literatura José Roberto O´Shea. A obra tecida na costura dessas duas áreas do conhecimento que entrelaçam a verdade racional da ciência e a verdade simbólica e sensível da arte será lançada na quarta-feira, 24 de novembro, às 17 horas, na Livros e Livros, no Centro de Eventos da UFSC.
Com este número, a série Café Filô dá início à publicação de coletâneas de ensaios que buscam o diálogo da Filosofia com outras áreas do conhecimento e das artes, tais como cinema, literatura e teatro. Todos são originários de debates desenvolvidos pelo Café Filosófico na igrejinha da UFSC, que se tornou uma arena livre para filósofos e estudiosos de literatura explorarem a troca entre as disciplinas sem as amarras da academia. O próx imo número versará sobre Filosofia e Cinema. "Queremos levar ao grande público os textos
apresentados nessas conferências por filósofos, literatos e artistas, expostos em uma linguagem acessível ao não especialista", explica Maria Borges, que é também secretária de Cultura e Arte da UFSC e especialista em Kant.
Escrita por professores de Filosofia e Literatura convidados, a obra começa com o artigo "John Cage e a poética do silêncio", de Alberto Heller, que arma um diálogo entre filosofia e música, aproximando as composições de Cage dos pensadores Heidegger e Merleau Ponty.
Alessandro Pinzani indaga sobre a relação entre filosofia e obra narrativa de ficção, particularmente, entre filosofia e romance. Seria possível um romance filosófico? - é a pergunta que norteia a investigação de Pinzani.
Delamar Dutra explora a filosofia de Habermas e Celso Braida tece sua própria filosofia, ao explorar o auto-engano na ilusão da análise e da técnica. Liliana Reales estabelece um interessante diálogo entre a Filosofia e o mundo imaginário de Jorge Luís Borges no mundo Tlön, do conto do autor argentino. Luiz Carlos Hebeche, por sua vez, aproxima filosofia e poesia, ao pensar a metafísica como a terra distante descrita por Gottfried Benn. Alguns optaram por utilizar a prosa filosófica como ferramenta de análise de alguma obra literária ou artística. É o caso de Raul Antelo sobre a Anfisbena, serpente com
duas cabeças da mitologia. Por fim, Sérgio Medeiros propõe uma intertextualidade entre Maurice Blanchot e Mário Perniola em torno do sex appeal do inorgânico.
Este número da série Café Filô quer indagar sobre as identidades e diferenças dessas duas formas de pensamento. É possível fazer Filosofia através da Literatura? Há alguma distinção radical entre o discurso filosófico e o literário? Há algum espaço conceitual que possa ser coabitado pela Filosofia e Literatura? A busca dessas respostas é um convite à exploração literária e filosófica do leitor.
"Nosso objetivo é levar a filosofia e a literatura para um público amplo, deixando de lado aqui as especialidades estritamente acadêmicas de cada autor ou de cada campo do saber", diz José Roberto O´Shea, tradutor especialista em Shakespeare, que acaba de lançar O Primeiro Hamlet.
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