INÍCIO: 25/03/2018
DIA: SEGUNDAS FEIRAS
HORÁRIO: 17H00 AS 18H30
LOCAL: UFSC - CFH - sala 307
ATIVIDADE ABERTA E GRATUITA
Qual é sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?
Um olhar sobre Anna Kariênina , de Tolstói.
A literatura, desde Freud, tem sido um caminho importante para a apresentação da intricada teia conceital da psicanálise. Em grupos heterogêneos, formados por estudantes de diversas áreas do saber, as figuras literárias permitem um diálogo franco com a teoria, sem correr o risco de escorregões no sigilo ético, tão fundamental na apresentação de casos clínicos.
Por essa via, nosso objetivo é abrir um espaço para a discussão, problematização e questionamentos do lugar da mulher na teoria psicanalítica.
Partindo da pressuposição lacaniana de que “A mulher não existe", pois não há no in-consciente a representação da mulher, propomos um retorno à teoria freudiana para melhor compreender à acepção de Lacan.
Ao propor que no inconsciente só existe um significante que marca a diferença sexual, Freud construiu o campo da sexualidade a partir da primazia do falo. Daí sua formulação da diferença sexual em termos do ter ou não ter o falo.
Admitindo o falocentrismo do inconsciente, Lacan “refuta o Édipo como mito para reduzi-lo unicamente à lógica da castração; acrescenta que essa lógica não regula o campo do gozo: há uma parte dele que não passa pelo Um fálico e que permanece, real, fora do simbólico. Dizer que A mulher não existe, é dizer que a mulher é apenas um dos nomes desse gozo, real. ” (Soller, 2005, p. 28)
No entanto, como adverte Soller, dizê-las não-todas na função fálica, reconhecer-lhes um outro gozo que não o ordenado a partir da castração, não equivale a lhes creditar uma natureza antifálica.
Bibliografia:
- ANDRÉ, Green/Organ., A pulsão de Morte, São Paulo: Editora Escuta, 1988.
- BADIOU, Alain, Pequeno manual de inestética, São Paulo: Estação Liberdade, 2002.
- BARTUCCI, Giovanna, Onde tudo Acontece - Cultura e Psicanálise no século XXI, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 203
- COLETTE, Soler, O que Lacan dizia das Mulheres, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, Ed., 2005.
- EAGLETON, Terry, A ideologia da Estética, Cap. 10, O Nome do Pai: Sigmund Freud, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993
- FREUD, Sigmund, Estudos sobre a Histeria, Vol. II, Obras Completas, Rio de Janeiro, Imago, 1980.
- ————————————-, Arte, Literatura e os Artistas, Obras Incompletas de Sigmund Freud, Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015
- GUIMARÃES, LEDA, Gozos da Mulher, e-book
- NERI, Regina, A psicanálise e o feminino: um horizonte da modernidade- Novas configurações da diferença sexual. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.
- KEHL, Maria Rita, Deslocamentos do Feminino, São Paulo, SP: Boitempo, 2016
- LACAN, Jacques, A Significação do Falo, Escritos, Rio de Janeiro: Zahar, 1998
- LACAN, Jacques, Seminário - Livro XX, Mais, Ainda, Rio de Janeiro: Zahar Editores S.A, 1982
- NABOKOV, Vladimir, Lições de Literatura russa, São Paulo: Três Estrelas, 2014.
- PIGLIA, Ricardo, Formas Breves, Capítulo VII - Os sujeitos Trágicos (literatura e psicanálise), São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
- PONTALIS, J.B., MANGO, Edmundo Gómes, Freud com os escritores, São Paulo: Três Estrelas, 2013.
- RANCIÈRE, Jacques, O inconsciente estético, São Paulo, Ed. 34, 2009.
- TOLSTÓI, Liev, Anna Kariênina, Ed. CosacNaify
Nenhum comentário:
Postar um comentário