Segunda e Terceira aula
O desejo no ensino de Freud
Para Freud o desejo é um movimento que, frente à repetição da necessidade, procura reinvestir (recatexizar) o traço mnêmico da experiência de satisfação. Dessa definição, é possível destacar alguns termos:
Movimento: O desejo é definido como uma moção, uma força que dirige o sujeito para um fim determinado.
Essas moções do desejo fluem em direção aos objetos da realidade investindo-os de libido, num processo chamado de libidinização do objeto. Para Freud o primeiro objeto libidinizado é o Eu, dando origem ao narcisismo.
As moções do desejo podem também mudar o seu curso – sublimação -, ou serem inibidas. Quando a realidade é muito hostil - lugar de privação e frustração permanente - apresenta-se o que se pode chamar de psicose da miséria: afrouxamento dos vínculos e dos investimentos da libido em relação à realidade.
Repetição: No campo do desejo, podemos compreender a repetição como a insistência do desejo não apenas em se realizar plenamente, mas em se expressar, em ser reconhecido pelo Eu. O que se realiza no sonho é a expressão disfarçada do desejo. Continuar desejando significa continuar vivendo enquanto sujeito, pois a manutenção do desejo é a manutenção de uma fala. “O recalcado não quer se esgotar. Quer se repetir, e se repete inclusive nos traços que persistem iguais entre as várias escolhas, aparentemente tão diversas, que fazemos pela vida.”(Khel, M. Rita)
Necessidade: Em Freud a necessidade dá origem à vida psíquica. O recém- nascido, impossibilitado por sua prematuração de satisfazer suas necessidades vitais, precisa da intervenção de um adulto, resultando daí a erogenização de seu corpo, suas alucinações e fantasias.
A partir da primeira experiência de satisfação surge o que Freud chamou de Princípio do Prazer: os processos primários inconscientes. No reino do Princípio do Prazer e dos processos primários, a psique vive uma espécie de atemporalidade, de simultaneidade entre as manifestações da necessidade e a alucinação do objeto de satisfação. A primeira experiência de satisfação estabelece uma ligação - facilitação, associação - entre a imagem do objeto que proporcionou a satisfação e a imagem do movimento que permitiu a descarga.
Ou seja, a repetição da necessidade desencadeia um impulso psíquico que procurará reinvestir a imagem mnêmica do objeto, com a finalidade de reproduzir a primeira satisfação.
Quando fracassa o Princípio do Prazer – recalque – é que a criança começa a desenvolver recursos para fazer a mediação necessária entre a pulsão e a satisfação parcial da pulsão: recurso chamado de Princípio da Realidade. “É com o fracasso do Princípio do Prazer que surge a possibilidade de este recém-chegado ao mundo se tornar sujeito de uma história, que será a história das tentativas que ele fará para encontrar satisfação substitutiva para a satisfação alucinatória: a história dos embates do indivíduo com a realidade e das múltiplas anunciações do desejo, que só são possíveis se referidas aos objetos do “mundo real”.” (Khel, M. Rita)
Com o surgimento do Princípio de Realidade a criança desenvolve consciência, atenção, memória, discernimento, pensamento e ação.
Ou seja, a repetição da necessidade desencadeia um impulso psíquico que procurará reinvestir a imagem mnêmica do objeto, com a finalidade de reproduzir a primeira satisfação.
Quando fracassa o Princípio do Prazer – recalque – é que a criança começa a desenvolver recursos para fazer a mediação necessária entre a pulsão e a satisfação parcial da pulsão: recurso chamado de Princípio da Realidade. “É com o fracasso do Princípio do Prazer que surge a possibilidade de este recém-chegado ao mundo se tornar sujeito de uma história, que será a história das tentativas que ele fará para encontrar satisfação substitutiva para a satisfação alucinatória: a história dos embates do indivíduo com a realidade e das múltiplas anunciações do desejo, que só são possíveis se referidas aos objetos do “mundo real”.” (Khel, M. Rita)
Com o surgimento do Princípio de Realidade a criança desenvolve consciência, atenção, memória, discernimento, pensamento e ação.
Procura: Trata-se sempre de uma tentativa. Algo que busca realizar-se, e nesse processo se depara com diversos tipos de obstáculos. Obstáculos produzidos pelos conflitos psíquicos: censura, inibição, repressão, ideais; que podemos chamar de atemporais. E os obstáculos produzidos pelos códigos da cultura que habitamos. Obstáculos históricos, temporais.
Reinvestir o traço mnêmico da experiência de satisfação. O desejo não se dirige a um objeto da realidade, mas procura reinvestir uma lembrança.
Reinvestir o traço mnêmico da experiência de satisfação. O desejo não se dirige a um objeto da realidade, mas procura reinvestir uma lembrança.
Assim sendo, podemos dizer que em Freud o desejo é teorizado como algo indestrutível, impossível de satisfazer e marcado pela alteridade.
Formação de Compromisso:
Formação de Compromisso:
Na teoria freudiana, a noção de desejo é inseparável da noção de formação de compromisso: - Sonhos, atos falhos, chistes, sintomas e lembranças encobridoras. Como o desejo é essa tendência ao impossível, essa moção sem corpo, ele precisa estabelecer um pacto ou compromisso com outras instâncias para surgir. Além disso, a divisão do psiquismo faz com que o prazer para uma instância seja desprazer para outra, pois cada qual tem diferentes interesses. Assim, o sonho é uma formação de compromisso entre o desejo pré-consciente de dormir e o desejo inconsciente; este, após transferir sua força para um pensamento pré-consciente censurado, se alia àquele.
O sintoma é uma formação de compromisso entre o desejo e sua censura, chamado por Freud de supereu. As formações de compromisso teorizadas por Freud – sonhos, atos falhos, chistes, sintomas e lembranças encobridoras – serão denominadas por Lacan de formações do inconsciente.
As formações do inconsciente – ou as formações no inconsciente – podem ser entendidas não como uma produção de um homenzinho dentro do homem que seria o inconsciente, mas como uma produção discursiva em uma Outra cena.
Mas, é preciso compreender que a Outra cena, como a expressão diz, só tem sentido se articulada com a cena. Uma “outra cena” precisa da cena para existir e só existe nesta relação. É justamente isto que faz com que, nas formações do inconsciente, o desejo, amarrado a alguns significantes, possa mudar de circuito.
O próprio da formação do inconsciente reside em uma função da passagem de uma cena para outra. Esta Outra cena será então materializada. Ela poderá ser reconstruída no trabalho analítico, com efeitos sobre o real do sintoma, pois será apreendido a partir de uma nova formação significante.
Um comentário:
Adorei!!! mto bom artigo
anatomiadopensar.blogspot.com
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