O
livro trata de duas distintas clínicas gestálticas: a clínica das psicoses e a
clínica do sofrimento ético, político e antropológico. Com base em casos
clínicos e na interlocução com a psiquiatria fenomenológica, com a psicanálise
lacaniana e com a filosofia política contemporânea, os autores delimitam o estilo
gestáltico de compreensão e intervenção nos contextos em que se produzem
reações psicóticas e aflitivas.
Distinguir as
psicoses das diferentes modalidades do sofrimento ético-político e
antropológico – dentre elas o surto. Este é o objetivo dos psicólogos Marcos
José Müller-Granzotto e Rosane Lorena Müller-Granzotto. No livro Psicose
e sofrimento (456 p., R$ 81,90), lançamento da Summus Editorial, eles
abordam duas distintas clínicas gestálticas: a das
psicoses e a do sofrimento, de forma que as diferentes leituras teóricas sobre
a psicose dialoguem entre si, refletindo melhor sobre os casos clínicos
concretos, a partir da realidade dos profissionais de saúde e assistência
social que atuam na rede pública e privada. “O livro propõe uma discussão sobre o sentido ético,
politico e antropológico de nossas intervenções e o papel da família e das instituições
de saúde no acolhimento aos sujeitos das formações psicóticas”, mas também aos
sujeitos em sofrimento, afirmam os autores. Para eles, as formações psicóticas
(como as alucinações, os delírios e as identificações maníaco-depressivas) não
são patologias, mas criações a partir de um contexto de vulnerabilidade ética. As
manifestações de sofrimento também são criações, dessa vez, a partir da
vulnerabilidade antropológica a que somos remetidos quando nossas identidades
(inclusive a psicótica) estão ameaçadas pelo outro social.
Com
base nos casos clínicos e na interlocução com a psiquiatria fenomenológica, com
a psicanálise lacaniana e com a filosofia política contemporânea de Merleau-Ponty,
Michel Foucault e Giorgio Agamben, os autores delimitam o estilo gestáltico de
compreensão e intervenção nos contextos em que se produzem reações psicóticas e
aflitivas. Dessa forma, ampliam as hipóteses de Perls, Hefferline e Goodman a
respeito da psicose e do sofrimento como ajustamentos criadores, refletindo
sobre a relação entre as demandas da sociedade de consumo e as reações estranhas
e desesperadas produzidas pelos sujeitos excluídos das relações de poder.
Dividida
em duas partes, a obra aborda questões relacionadas à saúde mental e à clinica
das psicoses, bem como ao sofrimento ético-político e antropológico e à clínica
da inclusão. A partir de uma discussão com
diferentes tradições de intervenção no campo da psicose e do sofrimento, os
autores ampliam as formulações de PHG, visando ensaiar uma compreensão gestáltica
sobre a gênese, os diferentes modos de ajustamento e as diversas formas de
intervenção nesses campos. “O
objetivo é apresentar nossa compreensão sobre os dois empreendimentos clínicos
que constituem a faceta mais psicossocial das clinicas gestálticas”, complementam
os autores.
A obra está intimamente ligada ao histórico de participação
em políticas públicas de inclusão social dos autores. “Mas, em contrapartida,
está também ligada à nossa desconfiança com relação à militância, porquanto
esta é sempre tributária das promessas ideológicas do estado de direito, as
quais são responsáveis pela grande parte das práticas de exclusão social”,
revelam os psicólogos. Dessa forma, ela nasceu de uma prática
–
exercida em consultórios particulares, na Atenção Básica e nos Caps – de escuta
e acolhimento às psicoses e às diferentes modalidades de sofrimento, mas se
articula com base em uma pesquisa acadêmica rigorosa estabelecida dentro de uma
universidade e de uma escola de especialização em Psicologia Clinica, a partir
da interlocução constante com seus pares, alunos e usuários.
Link para ler introdução ao livro:
http://www.gruposummus.com.br/detalhes_livro.php?produto_id=1310
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