terça-feira, julho 24, 2012

Psicose e sofrimento



O livro trata de duas distintas clínicas gestálticas: a clínica das psicoses e a clínica do sofrimento ético, político e antropológico. Com base em casos clínicos e na interlocução com a psiquiatria fenomenológica, com a psicanálise lacaniana e com a filosofia política contemporânea, os autores delimitam o estilo gestáltico de compreensão e intervenção nos contextos em que se produzem reações psicóticas e aflitivas.

Distinguir as psicoses das diferentes modalidades do sofrimento ético-político e antropológico – dentre elas o surto. Este é o objetivo dos psicólogos Marcos José Müller-Granzotto e Rosane Lorena Müller-Granzotto. No livro Psicose e sofrimento (456 p., R$ 81,90), lançamento da Summus Editorial, eles abordam duas distintas clínicas gestálticas: a das psicoses e a do sofrimento, de forma que as diferentes leituras teóricas sobre a psicose dialoguem entre si, refletindo melhor sobre os casos clínicos concretos, a partir da realidade dos profissionais de saúde e assistência social que atuam na rede pública e privada. “O livro propõe uma discussão sobre o sentido ético, politico e antropológico de nossas intervenções e o papel da família e das instituições de saúde no acolhimento aos sujeitos das formações psicóticas”, mas também aos sujeitos em sofrimento, afirmam os autores. Para eles, as formações psicóticas (como as alucinações, os delírios e as identificações maníaco-depressivas) não são patologias, mas criações a partir de um contexto de vulnerabilidade ética. As manifestações de sofrimento também são criações, dessa vez, a partir da vulnerabilidade antropológica a que somos remetidos quando nossas identidades (inclusive a psicótica) estão ameaçadas pelo outro social.

Com base nos casos clínicos e na interlocução com a psiquiatria fenomenológica, com a psicanálise lacaniana e com a filosofia política contemporânea de Merleau-Ponty, Michel Foucault e Giorgio Agamben, os autores delimitam o estilo gestáltico de compreensão e intervenção nos contextos em que se produzem reações psicóticas e aflitivas. Dessa forma, ampliam as hipóteses de Perls, Hefferline e Goodman a respeito da psicose e do sofrimento como ajustamentos criadores, refletindo sobre a relação entre as demandas da sociedade de consumo e as reações estranhas e desesperadas produzidas pelos sujeitos excluídos das relações de poder.

Dividida em duas partes, a obra aborda questões relacionadas à saúde mental e à clinica das psicoses, bem como ao sofrimento ético-político e antropológico e à clínica da inclusão. A partir de uma discussão com diferentes tradições de intervenção no campo da psicose e do sofrimento, os autores ampliam as formulações de PHG, visando ensaiar uma compreensão gestáltica sobre a gênese, os diferentes modos de ajustamento e as diversas formas de intervenção nesses campos. “O objetivo é apresentar nossa compreensão sobre os dois empreendimentos clínicos que constituem a faceta mais psicossocial das clinicas gestálticas”, complementam os autores.

A obra está intimamente ligada ao histórico de participação em políticas públicas de inclusão social dos autores. “Mas, em contrapartida, está também ligada à nossa desconfiança com relação à militância, porquanto esta é sempre tributária das promessas ideológicas do estado de direito, as quais são responsáveis pela grande parte das práticas de exclusão social”, revelam os psicólogos. Dessa forma, ela nasceu de uma prática
 – exercida em consultórios particulares, na Atenção Básica e nos Caps – de escuta e acolhimento às psicoses e às diferentes modalidades de sofrimento, mas se articula com base em uma pesquisa acadêmica rigorosa estabelecida dentro de uma universidade e de uma escola de especialização em Psicologia Clinica, a partir da interlocução constante com seus pares, alunos e usuários.

Link para ler introdução ao livro:
http://www.gruposummus.com.br/detalhes_livro.php?produto_id=1310






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