O
lugar da literatura na constituição da clínica psicanalítica em Freud
Leônia Cavalcante Teixeira
Freud e os personagens da clínica
e da literatura
A formação cultural de Freud, baseada
prioritariamente no estudo das humanidades, entrecruzada com a expressividade
de seus dramas individuais – muitas vezes envoltos literariamente por figuras
mitológicas e lendárias –, marca um estilo de escrita que aos poucos vai
constituindo uma característica do escritor Freud.
A partir da consideração do estilo e da
afirmação de Freud – não só como leitor e excelente conhecedor de literatura,
mas como autor –, a escrita firma-se como um meio muito preciso de apresentar
seu percurso, marcado sempre por uma sensibilidade investigativa acolhedora de
suas vicissitudes, desembaraçando, tecendo e retecendo seus fios.
Assoun desenvolve interessantes análises sobre
o estilo de escrita freudiano no que concerne ao lugar do relato da história do
doente e não da doença:
tudo
começa pelo saber do inconsciente, com as histórias (…) de “doentes”. Uma
história é, em seu gênero, uma “ficção”, mas na medida na qual nela se reflete
a tragédia do mal neurótico, ela adquire valor de Dichtung. Além
disso, ela que “dizer verdadeiramente”, ela toca a exigência deWahrheit (1990,
p. 173).
Partindo da consideração de que existem duas
modalidades de construção narrativa em Freud, ele opta por privilegiar uma
leitura do texto psicanalítico, que focaliza a “escrita do sintoma” em
detrimento do esforço de elaboração e explicação metapsicológicos que buscam
acompanhar os postulados da ciência. É o contar…, o contar das histéricas e
sobre as histéricas que marcam a história, também contada por Freud, da psicanálise.
Seria na verdade um romance do sintoma sobre o qual a psicanálise apoia-se e se
funda. Nas elaborações de Assoun, Freud atua como autor, narrador e
pesquisador, construindo, a título fictício, a história da histeria: a
histérica se conta!
O caso em psicanálise é bem discutido por
Chiantaretto, ao conceituá-lo como uma articulação entre os registros da
narrativa do sofrimento por um sujeito que se expressa pelos sintomas que lhe
tomam posse, do narrar da cura propriamente dita e da escrita como “suporte da
teorização exigida pela cura” (1999, p. 10). Claro fica que o fundamento de uma
escrita em psicanálise é a narratividade que é suscitada pelo
processo de cura, suportado somente na radicalidade singular da transferência.
É como o autor escreve: “a singularidade vem na escrita de caso garantir a
possibilidade de fundar a teoria psicanalítica. Isto significa dizer que só se
pode falar de caso freudiano no sentido de um caso escrito” (p. 10). Observando
que seus escritos clínicos se leem como os romances, Freud não se refere à
proximidade de uma forma narrativa, mas à conexão de estrutura entre dois
discursos, na qual a interferência produz ao mesmo tempo o objeto como promessa
de sentido e a falta do objeto como força ativa de sua resistência ao sentido.
O assumir o relato clínico como fundamental e
as proposições metapsicológicas como nele sustentadas marca uma novidade, que é
introduzida por Freud ao se debruçar sobre o sofrimento. Estas considerações
podem ser resumidas pela apreciação de Freud sobre a presença de Charcot em seu
percurso, a partir do caráter revelador da clínica como solo de saber e da
metapsicologia como uma superestrutura: “teoria é bom; mas não impede as coisas
de existirem” (1892, p. 23). O sentido desta frase parece ter perseguido o
fundador da psicanálise durante todo seu percurso teórico, sendo indicada pelo
editor de sua obra como a citação favorita do autor, aparecendo posteriormente
nos textos sobre Fragmentos da análise de um caso de histeria (1905)
e Conferências introdutórias à psicanálise (1917), dentre outros.
De fato, é nesse sentido que a literatura, por
seus meios particulares de apreensão do que escapa à lógica da razão, surge
como o laboratório, juntamente com a clínica, no qual Freud se exercita na
investigação da psique. Com o texto Alguns tipos de caráter encontrados
no trabalho psicanalítico, ao escrever sobre Ricardo III – “As exceções” –,
faz saltar aos olhos o caráter de sapiência da literatura. Sobre o trecho do
monólogo inicial da obra shakespeariana, escreve:
em
pequena escala, realmente já somos como ele. Ricardo é uma enorme ampliação de
algo que encontramos em nós mesmos. Todos nós pensamos que temos motivo para
repreender a Natureza e o nosso destino por desvantagens congênitas e infantis;
todos exigimos reparação por antigos ferimentos ao nosso narcisismo, ao nosso
amor próprio. Por que a Natureza não nos deu os cachos dourados de Balder ou a
força de Siegfried, ou a expressão altaneira do gênio, ou o nobre perfil da
aristocracia? (1916, p. 355).
É esse um reconhecimento freudiano ao
considerar o saber dos poetas, aqui expresso por Shakespeare:
Mas
eu, sem jeito para o jogo erótico,
Nem para cortejar o próprio espelho
Que sou rude, e a quem falta majestade
Do amor para mostrar-me ante uma ninfa
Em que não tenho belas proporções,
Errado de feições pela malícia
Da vida; inacabado, vindo ao mundo
Antes do tempo, quase pelo meio
E tão fora de modo, meio coxo
Que os cães ladram se deles me aproximo.
Já que não sirvo como doce amante
Para entreter esses felizes dias
Determinei tornar-me um malfeitor
E odiar os prazeres destes tempos (apud Freud, 1916, p. 355).
Nem para cortejar o próprio espelho
Que sou rude, e a quem falta majestade
Do amor para mostrar-me ante uma ninfa
Em que não tenho belas proporções,
Errado de feições pela malícia
Da vida; inacabado, vindo ao mundo
Antes do tempo, quase pelo meio
E tão fora de modo, meio coxo
Que os cães ladram se deles me aproximo.
Já que não sirvo como doce amante
Para entreter esses felizes dias
Determinei tornar-me um malfeitor
E odiar os prazeres destes tempos (apud Freud, 1916, p. 355).
Ainda com o mesmo texto, Freud trabalha com
exemplos retirados tanto de sua experiência clínica quanto da literatura,
guiado por Lady Macbeth, tratando-os com o mesmo cuidado e importância,
escrevendo: “após essa longa digressão pela literatura, retornemos à
experiência clínica – mas apenas para estabelecermos em poucas palavras a
inteira concordância entre elas” (p. 374).
A formação humanista de Freud é fundamental na
consideração de como ele constrói seu caminho teórico. Além dos autores já citados
como marcos da relação de Freud com a literatura – anterior à relação
psicanálise e literatura – seu empenho no tratamento dos mitos, lendas, contos
populares e folclore ocupa lugar especial.
Não se reduzindo nem a uma narração literária
nem a uma narração histórica, o mito funciona como lugar estratégico de uma
interrogação sobre as relações entre o simbólico e o social. Sendo uma
narrativa imaginativa, mas não imaginária, o mito reenvia a um tempo originário
anterior ao próprio tempo, a um tempo dos começos. O conhecimento dos mitos não
se dá de forma abstrata, mas por meio de uma matriz efetiva, que pode tomar
sentido na arte, na literatura, por exemplo. Esses espaços substituiriam, na
contemporaneidade, o lugar dos rituais nas sociedades primitivas. Interessante
observar que a literatura, de uma certa maneira, é inseparável do mito, pois
embora este tenha sua origem e sua radicalidade no ato de ser contado,
recitado, foi somente pela via da escrita que pôde manter-se e se enriquecer em
sua estrutura, aberta a novas elaborações.
Há algo na maneira de enfatizar o lugar do
mito nas elaborações teóricas de Freud: embora situe-se na superfície de sua
obra, diz respeito à construção do alicerce de seu texto. Fundando-se no âmago
de sua perspectiva ao considerá-lo um modo privilegiado de acessar o real, o
mito constitui uma dimensão subjetiva que dá conta do que escapa à análise
científica. Como lembra Starobinski: “Freud nos diz que não só a descrição dos
fenômenos, mas sua própria descoberta, eram impossíveis fora da linguagem figurada
– da linguagem mitológica – da qual ele se serve” (1988, p. 276).
Apesar de sua relação amistosa com os mitos,
Freud não compactua com a perspectiva de entendimento da Psicanálise como um
anexo de uma mitologia para usar a expressão de Assoun (1993), tendo
sido esse um dos motivos de censura ao rumo que a teorização junguiana tomou.
Os mitos são chamados a comparecer, em Freud, especialmente por meio de
homologias com relação à natureza e à dinâmica do trabalho onírico – conteúdos
manifesto e latente – e de formação de sintomas – linguagem do mito e do
sintoma –, aparecendo como lembranças infantis da humanidade e matriz da
estruturação e dinâmica familiares. O parentesco entre o sonho, o mito e a
literatura vai aparecendo de forma mais clara em Freud, à proporção que ele vai
elaborando, por exemplo, sua teoria contida em A Interpretação dos
sonhos, sendo mais bem clarificada na terceira edição:
Eu
poderia predizer em que as próximas edições desta obra diferirão do presente
texto. Será a elas necessário, de uma parte, buscar um contato mais próximo com
o vasto material que representa a poesia, o mito, a imagem linguística e o
folclore. De outra parte, será necessário estudar detalhadamente as relações do
sonho, das neuroses e das doenças mentais (1900, p. 40).
No momento em que Freud se propõe a fazer
considerações sobre a sabedoria já pertencente àqueles que são artífices da
palavra – os poetas – no texto Escritores criativos e devaneio, ele
apela para o tesouro popular constituído pelo corpo infindável das lendas,
mitos, contos populares, escrevendo que tudo leva a crer que os mitos, por
exemplo, “são muito provavelmente vestígios deformados dos fantasmas de desejos
comuns a nações inteiras, e representam sonhos seculares da jovem humanidade”
(1908, p. 157). Como nos lembra Bellemin-Noël (1996), Freud escreveu
repetidamente que os psicanalistas deveriam escutar o que as ficções contam,
colocando-se em uma posição de abertura às sugestões de seus inconscientes.
A mitologia seria uma verdadeira fonte do
inconsciente dos povos antigos, na qual apreendiam suas aspirações e seus
terrores. Os personagens mitológicos que passeiam pela obra freudiana são
elevados ao status de figuras do inconsciente, sustentando boa
parte dos argumentos de sua construção metapsicológica, não sendo menos
reveladoras da alma humana que os sonhos e os sintomas, mas abrindo uma visão
em outra realidade e alargando a existência humana e suas possibilidades.
Funcionam assim Édipo e Narciso: verdadeiras figuras-matrizes do inconsciente.
É seguindo, portanto, os rastros deixados por
Freud desde os tempos em que se aventurava nas searas da descoberta do
inconsciente, que podemos puxar um dos fios que dá acesso ao entendimento do
lugar da literatura para ele, já começando a clarear o fato de que a relação de
Freud com os escritores se dá de modo paradoxal, ora funcionando como modelo,
ora como rivais, por já conhecerem aquilo que com muito custo a
teoria psicanalítica apreende.
Partimos do pressuposto de que a consideração
da variedade das produções freudianas é importante para a compreensão das
relações entre Freud e a letra. Aliás, é ele próprio que nos alerta sobre a
importância do destaque a todo e qualquer detalhe: “eu fiz parecer como se o
mais tênue dos sinais tivesse me possibilitado, como a um Sherlock Holmes, adivinhar
a situação” (1917, p. 11).
A arte de reconhecer para além das aparências,
não se contentando com ela, é preconizada por Freud como um recurso não só
importante, como necessário, mesmo para a pesquisa psicanalítica da realidade
psíquica. Não é à toa que ele utiliza a figura do famoso detetive protagonista
das ficções de Arthur Conan Doyle para ilustrar como deve ser conduzida a
empresa psicanalítica. Shepherd compara os procedimentos do personagem de
ficção Holmes com aquelas do legendário Freud, ressaltando o forte interesse
deste pela obra de Giovanni Morelli (pintor e crítico italiano que criou um
método de identificar falsificações de quadros de pintores célebres):
“entretanto não se poderia esperar que muitos médicos soubessem do trabalho de
Morelli, exceto uma exceção eminente” (Shepherd, 1987, p. 67). Após sua
autoconfessa “descoberta da arte”, em 1883, Sigmund Freud ficou sensivelmente
interessado em História da Arte, deixando-se tocar pela
sensibilidade, delicadeza e intuição artísticas, a ponto de ter feito uma
confissão extraordinária em seu ensaio sobre O Moisés de Michelangelo:
muito
antes de ter tido qualquer oportunidade de ouvir falar em psicanálise, soube
que um conhecedor de arte russo, Ivan Lermolieff, provocara uma revolução nas
galerias de arte da Europa, colocando em dúvida a autoria de muitos quadros,
mostrando como distinguir com certeza as cópias dos originais e criando
artistas hipotéticos para obras cuja suposição anterior fora desacreditada.
Conseguiu isso insistindo em que a atenção deveria ser desviada da impressão
geral e das características principais de um quadro, dando-se ênfase à
significação de detalhes de menor importância. (...) Parece-me que seu método
de investigação tem estreita relação com a técnica da psicanálise, que também
está acostumada a adivinhar coisas secretas e ocultas a partir de aspectos
menosprezados ou não observados, do monte de lixo, por assim dizer, de nossas
observações (1914, p. 264-265).
Kofman escreve
que:
Freud
apenas brinca de ser Morelli para melhor denunciar a ideologia na qual este se
enredava; porque considerar como essencial à descoberta do nome do autor é
concebê-lo como pai de suas obras, como um criador. Ora, é precisamente esta
concepção teológica da arte que Freud se propõe a desmascarar. Dizer o nome não
é compreender a obra. Michelangelo, o autor da estátua de Moisés, é conhecido
por todos, e no entanto permanecem para serem compreendidas quais eram as
“intenções” do autor ao esculpi-la, e porque ela nos emociona (1991, p. 44).
Aqui aparece uma temática interessante em
Freud, que é a do mistério envolvendo identidade e nome, isto é, dizendo
respeito à autoria. Tratando de Moisés, Leonardo da Vinci e Hamlet, a questão
do enigma sobre o nome próprio apresenta-se clara a Freud, incitando-o a
empreender uma investigação que tem como objeto a questão do autor mesmo. Como
bem assinala Assoun (1996b), Shakespeare estabelece com muito vigor essa
interrogação no curso da escrita freudiana, apontando para a questão do Nome do
Pai, sempre presente na Psicanálise. Assim fazendo, é como se Freud colocasse
em discussão, por meio da mise en abyme, seu próprio lugar como
autor, ou seja, seu lugar em relação à função-autor.
É interessante entrecruzar essas considerações
com o lugar de Freud como autor-narrador, já que é a partir daí que a palavra
pôde ser dada para as primeiras narradoras e cúmplices de Freud na criação de
sua disciplina, o que implica que as interpretações freudianas constituam como
uma re-escritura sobre os dramas das histéricas: “pacientes histéricas ou
obsessivas (também tão românticas, isto é, tão expostas aos sinais da alma na
superfície do corpo)” (Santos, 1999, p. 22).
A própria regra fundamental da psicanálise faz
apelo para que o narrador fale sem depositar interesse especial em nenhum
aspecto, o que já aponta para a escrita do caso como um segundo momento, um a
posteriori, que reconstrói o já contado, podendo ser esse segundo relato
tratado a partir de uma análise que tente ao máximo satisfazer o desvendamento
detalhado de sinais a serem levados em conta.
Esse modo cuidadoso de Freud lidar com o
material, que procedia tanto da clínica quanto da arte, é interpretado por Gay
como quase um excesso, a que ele denomina de “traço de compulsão”, sugerindo
que dizia respeito à própria personalidade de Freud: “durante toda sua vida,
Freud sentiu uma forte pressão para desvendar segredos” (1989, p. 292). Uma
carta de Freud a Romain Rolland, de 13/05/1926, assume explicitamente essa
temática: “eu não posso contar com a afeição de muita gente. Não lhes tenho
agradado, nem aliviado, nem lhes tenho dito coisas edificantes. Tampouco tive
essa intenção. Eu só queria explorar, resolver incógnitas, descobrir uma parte
da verdade” (Vermorel, 1993, p. 45).
Com os sujeitos da clínica, os personagens da
vida cotidiana, as entidades estéticas, mitológicas ou religiosas, Freud
produziu potentes seres no exercício de sua escrita por meio da observação, da narratividade,
da interpretação, da teorização e da fantasia: Anna O., Emmy von N., o pequeno
Hans, o Homem dos Lobos, o Homem dos Ratos, o presidente Schreber, Moisés –
todas essas narrativas freudianas denotam o espaço singular e subjetivo do
trabalho de criação.
A literatura torna-se imenso reservatório de
material clínico, oferecendo sua matéria-prima – simbolizações, palavras,
formas imaginárias, figuras de linguagem, escansões – às intuições clínicas
ainda errantes em Freud. Assim, as filiações literárias marcam a elaboração da
psicanálise, a ponto de Freud elucidar um ponto-chave de sua teoria, a saber, a
homologia entre o trabalho do sonho e a elaboração da obra de arte, atribuindo
à obra um saber igual, embora elaborado diferentemente, sobre o inconsciente.
Migeot analisa assim essa questão:
se
Freud sempre quis situar sua obra no campo da ciência, ele, para tanto, nunca
deixou de sugerir, mesmo de reivindicar, as filiações literárias na elaboração
da psicanálise. Assim ele se encaminha ao exemplo da regra fundamental (deixar
vir o que for, o que “se passa” no espírito) apreendida nos conselhos e na
prática dos grandes escritores (1996, p. 25).
Uma estranha familiaridade
poética…
Pensando a literatura como um saber que
antecipa o que vai ser possível a Freud inventar em termos de terapêutica das
desordens neuróticas e de método de investigação dos processos mentais, os
laços entre os dois campos se evidenciam como estreitos desde o nascimento da
psicanálise, já estando presentes no espaço literário os temas que serão mais
caros ao campo teórico psicanalítico: desejo, verdade, sonho, censura, estados
mórbidos, segredo, duplo, narcisismo, herói, culpabilidade, motivação, incesto,
laços familiares, estranho, transgressão, prazer... Estimulante é notar que os
textos de Hoffman, de Jensen e o Hamlet shakespeareano são obras literárias nas
quais a hesitação sobre o sentimento de realidade é tematizada em relação ao
duplo e ao fantasma. Essa constatação põe a questão sobre o que pode ser visto
como imposto, mesmo pela literatura, e que age como uma motivação a ser
pensada, sendo no caso dos três textos citados, a questão da dúvida sobre
realidade e ficção que aparece como importante – “finalmente o escritor possui
sobre o psicanalista o infinito de uma intuição antecipada” (Mann, 1986, p.
92): intuição sobre o desejo que se mostra nas palavras de Dostoievski:
Vede,
senhores, a razão é uma coisa excelente; isto é, incontestável. Mas a razão é a
razão e não satisfaz senão a faculdade de raciocínio do homem, como que o
desejo é a expressão da totalidade da vida, isto é, da vida humana inteira,
inclusive a razão e seus escrúpulos; e, se bem que nossa vida, tal como se
exprime assim, se revista frequentemente de um aspecto muito velhaco, nem por
isso é menos vida, e não a extração da raiz quadrada (s/d, p. 42).
Literatura e psicanálise aparecem como saberes
solidários ao afirmarem a potência do inconsciente nas motivações humanas e, consequentemente,
a vida como enigma. Acompanhamos a intensidade do poder da literatura afirmada
por Freud como fonte de saber, a partir da múltipla recorrência que faz ao
trecho de Schiller – a primeira citação é em uma carta à noiva, de 1884, a
outra durante a elaboração da teoria das pulsões de vida e sexuais: “fome e
amor: esta, afinal, é a verdadeira filosofia, como disse nosso Schiller” (Gay,
1989, p. 58). No texto O mal-estar na civilização, Freud faz uma
retomada do sentido desta frase:
De
todas as partes lentamente desenvolvidas da teoria analítica, a teoria das
pulsões foi a que mais penosa e cautelosamente progrediu. Contudo, essa teoria
era tão indispensável a toda a estrutura, que algo tinha que ser colocado em
seu lugar. No que constituía, a princípio, minha completa perplexidade, tomei
como ponto de partida uma expressão do poeta-filósofo Schiller: “são a fome e o
amor que movem o mundo” (1930, p. 139).
A predileção de Freud pela ficção e por um
estilo de escrita que foge dos moldes da arquitetura de uma monografia clássica
delineia-se em vários momentos de sua obra, embora não seja o paradigma de
apresentação formal de suas ideias. A proeza de Freud consiste, talvez e antes
de tudo, na criação, pelo ato da própria escrita de um gênero literário que
passeia entre as searas da ciência e do romance, aproximando-se deste em
relação à questão do estilo. A ficcionalidade surge como uma característica sem
a qual a psicanálise não existiria, pois sem ela como ingrediente primordial na
mudança do olhar Freud não teria ultrapassado os tão rígidos e hegemônicos
limites de seu campo profissional de origem.
Se
Freud tivesse ficado tributário de um modelo neuropsicológico, jamais ele
poderia ter podido atualizar os grandes mitos da literatura para construir uma teoria
dos comportamentos humanos. Dito de outra maneira, sem a reinterpretação
freudiana das narrativas fundadoras, Édipo só seria um personagem de ficção e
não um modelo universal do funcionamento psíquico: não haveria nem complexo de
Édipo, nem organização edipiana da família ocidental (Roudinesco, 1999, p.
154).
Centrados no objetivo de explicar o movimento
de pêndulo pelo qual Freud oscila entre dois paradigmas de compreensão da
literatura, as obras Três ensaios sobre a teoria da sexualidade e Fragmentos
de uma análise de um caso de histeria podem ser entrecruzadas para que
possamos acompanhar alguns desses momentos mais determinantes. No primeiro
trabalho, o modelo de construção da obra acompanha predominantemente o de uma
monografia clássica, sendo composto por três partes: as aberrações sexuais, a
sexualidade infantil e as transformações da puberdade. A preocupação do autor
com o caráter científico de apresentação mostra-se por suas explicações no
prefácio da terceira edição, escrevendo que tanto a escolha do material quanto
sua ordenação são subordinados à experiência psicanalítica; e na tentativa de
resumo: “é chegado o momento de ensaiarmos um resumo. Partimos das aberrações
da pulsão sexual” (Freud, 1905).
Já o texto dedicado a Dora, pautado sobre o
contar de sua história por ela própria, revela um modo diverso de trabalhar
teoricamente:
ante
o caráter incompleto de meus resultados analíticos, não me restou senão seguir
o exemplo daqueles descobridores que têm a felicidade de trazer à luz do dia,
após longo sepultamento, as inestimáveis, embora mutiladas relíquias da Antiguidade.
Restaurar o que faltava segundo os melhores modelos que eram conhecidos de
outras análises, mas, como um arqueólogo consciencioso, não deixei de assinalar
em cada caso o ponto onde minha construção superpõe ao que é autêntico
(1905[1901], p. 10).
O acento na ficção como solo de construção da
teoria exerce forte atração em Freud quando lida com material advindo de seus
passeios pelos campos da antropologia, ficando bem claro ao elaborar uma
antropologia mitológica em Totem e tabu, na qual, pelo ritual de um
banquete totêmico, o sangue derramado em comum cria uma identidade entre os
homens, constituindo-se na origem das instituições, organizações sociais e da
religião. Como observa Wieder, “a Psicanálise freudiana seria uma ciência
poetizada, ou uma nova mitologia científica” (1988, p. 24).
Freud arriscava-se nos campos da clínica e da
escrita, riscos que poderiam ser perigosos, porém que sempre lhe traziam
surpresas construtivas. Ele mesmo se diz “um conquistador, um
aventureiro, com toda a curiosidade, ousadia e tenacidade que são
características de um homem dessa espécie” (Freud-Fliess, 1986, p. 399). Assim,
não deve soar estranho seu grande interesse pela antropologia, especialmente
pela arqueologia, materializado pela representativa e bem cuidada coleção de
peças antigas oriundas das artes egípcia, greco-romana e chinesa, bem como pela
preciosa biblioteca sobre antiguidades.
Como analisa Kofman (1991, 51-52), a admiração
de Freud pelo saber do artista modera-se progressivamente, passando de uma
visão em que a superioridade do poeta é ressaltada a uma em que ele
explicitamente empenhasse em modelá-la cientificamente. Isto se daria
transformando-a em conhecimento metapsicológico: “conhecimento obscuro do
paranóico, o do homem primitivo na fase animista, o do supersticioso e o do
poeta, unidos, apesar de sua diferença, pela mesma estrutura narcísica” (1991,
p. 56). As reservas de Freud com relação à arte acompanham seu percurso, porém
só podem ser vislumbradas em sua complexidade quando iluminadas pelo movimento
de vaivém de seu pensamento.
Freud
restringiu suas observações sobre estética a artigos e monografias. (...) A
ambivalência de Freud com relação aos artistas, como sabemos, era intensa.
“Muitas vezes me perguntei com perplexidade”, escreveu ele a Arthur Schnitzler,
agradecendo os votos pelo seu qüinquagésimo aniversário, “de onde o senhor
poderia ter retirado este ou aquele conhecimento secreto, que eu havia
adquirido através de laboriosas investigações”. A cortesia não podia ser maior,
e nas cartas de agradecimento não se está sob a obrigação de um juramento. Mas,
por muitos anos, a penetração psicanalítica aparentemente espontânea do artista
criativo havia amargurado Freud. Era exatamente o dom intuitivo, desimpedido
para a especulação que Freud considerava tão necessário disciplinar em si mesmo
(Gay, 1989, p. 296).
Foi a partir dessa aventura pelos territórios
da clínica e da arte – especialmente da literatura – que a edificação da
psicanálise tornou-se não só possível, como quase imperativa a Freud, o que
ratifica a tese de que a psicanálise está posta em um campo que é o da ética e
o da estética. Tomando a noção de estética como espaço no qual uma experiência
é possível somente a partir da impossibilidade do encontro consigo e com o
outro em sua completude, a noção do estranhamente familiar, introduzida por
Freud a partir do mergulho na literatura e na vida cotidiana vem possibilitar
um redimensionamento no entendimento da natureza mesma de tal experiência. O
protótipo da estética, a partir de uma óptica freudiana, sustenta-se no unheimlich,
o que indica a ligação próxima entre o belo e a angústia, o belo e a morte.
Essa experiência do estranhamente familiar, antes de ser testemunhada por
Freud, já era narrada pelos escritores, fazendo parte da matéria-prima com a
qual a arte se forja. Os conceitos de angústia, duplo, repetição e inconsciente
são ligados diretamente ao de estranheza familiar, podendo ser vislumbrados no
que se refere ao literário, porém compreendendo um movimento necessário que
forja o psiquismo.
O texto, em sua radical estranheza familiar, é
como um anteparo contra a morte. O autor desorienta-se na busca de novas
significações no árduo contato com o real, deixando entrever algo de verdade. A
literatura dá suporte ao silêncio, fazendo desta expressão escrita, capaz de
obturar a cada momento respostas inconclusas às suas interrogações e àquelas da
própria consistência histórica, podendo o sujeito significar aquilo que remete
à sua carência a partir do permitir ao outro tomar existência: é este movimento
de fundação de si pela alteridade que torna possível qualquer significação. O
momento da criação se constitui pela presença do sujeito com coragem para não
fechar os olhos, enfrentando o estranho que emerge e exige despojamento
subjetivo. É nesse momento que o criador aposta na intuição, ou melhor, no
inconsciente, produzindo o inédito. Mas para isso é preciso que vislumbre o
radical estranhamento que o habita.
Tal perspectiva confraterniza-se com os
saberes contemporâneos não cerceados pelos postulados positivistas da ciência.
A literatura busca encontrar outras faces do deslumbramento iluminista, com os
poderes definitivos e ilimitados da Razão, em uma tentativa de fazer cumprir o
desejo de explorar o caráter insustentável da experiência humana. A experiência
literária da linguagem se expressa pela tragicidade e transgressão que porta em
si, subvertendo, contestando, ameaçando autor, leitor e até mesmo a obra: é
como lugar de apreensão de sentido, de epifanias, do inapreensível, do desejo,
no qual a invenção poética é o exemplo mais representativo.
Os
poetas dão uma voz particularmente eloquente à aventura do desejo, sem, no
entanto, nela explicitar a lei interior: eles oferecem ao “sábio” um material
privilegiado, acentuando tanto o movimento do desejo, como lhe conferindo um
valor exemplar (Starobinski, 1988, p. 267).
O que está implicado na consideração da arte
na psicanálise é seu status de saber que não passa por uma previsibilidade,
sendo uma forma de expressão de intensidades que não se traduzem por outro
meio, nem de uma maneira sempre a mesma, criando um espaço possível para um
território incomunicável do universo humano. Daí o efeito antecipatório que
pode ser propiciado pela literatura ocorrer a partir de uma abertura de
visibilidade que reproduz e cria as formas e os dilemas desse mundo em outras
dimensões. A poesia não recusa palavra alguma – todas as palavras tocam o
poeta. As coisas pedem expressão clamando pelo verbo, invadindo o artista,
agredindo-o com uma violência quase insuportável. O artista ocupa, assim, o
lugar de intermediário, a testemunha que nasce pela afirmação de humanidade e,
por conseguinte, de carência.
Bilan bem resume o poder de sedução de um
poema, trecho ao qual fazemos apelo para ressaltar, mais uma vez, a importância
do assumir a criação como ato que forja possibilidades inusitadas de construção
subjetiva:
o
sentimento de estranheza de um poema que nos seduz é dado, em grande parte, à
diferença que ele sugere entre a condição que nos é comum e habitual e “uma
realidade outra”. Como se, da mesma maneira que uma narrativa mítica, o poema
evocasse a possibilidade de ultrapassagem do mundo dos condicionamentos e o
acesso a uma espécie de permanência e partilha (1989, p. 12).
É por esse caminho que aproveitamos para
deslizar para a prosa, tomando o poeta como paradigma do criador, e guardando
as devidas especificidades entre os dois registros literários, como nos escreve
o poeta e romancista Paulo Leminski: “a atividade poética é uma coisa voltada
para a palavra como materialidade, a palavra como uma coisa do mundo. O poeta
é, na sua óbvia paixão pela linguagem, porque um poema só não tem significado,
ele é o seu próprio significado. Por isso, os poetas são intraduzíveis” (1987,
p. 285). Nossa referência à poesia se faz no sentido de aflorar a força do
termo criação em Freud, já que a etimologia da palavra poiesis indica
o ato de criação, no qual é ressaltado o caráter metafórico presente em toda
criação artística, isto é, a possibilidade de deslizamento de sentido entre as
variadas formas de arte. Embora a prosa possua recursos de defesa para o autor
que não são postos em vigor no momento da criação da poesia, como bem expõe
Leminski, mesmo assim ela pode ser vislumbrada a partir do caráter de
mobilização e construção subjetivas.
A pergunta sobre os mistérios do ato criador
sempre acompanhou Freud, embora de modos diversos, de acordo com o curso de
construção conceitual que suas elaborações seguiam. O Dichter
permeia os interesses freudianos, daí a quase compulsão em seguir seus passos
na aventura da arte. As concepções sobre a criação artística oscilam seguindo o
movimento pendular que marca a obra freudiana em relação à gênese dos
principais conceitos. Flem lembra-se de um momento no texto freudiano em que o
lugar e a importância da arte não são assumidos por seu autor, demonstrando que
esse movimento pendular pode ser tomado como característico de seu processo de
elaboração, que é de uma alusão a Goethe em Estudos sobre a histeria,
sem que seu nome seja reconhecidamente citado. A autora escreve sobre esse fato
pitoresco da seguinte maneira: “anônimo em Freud, é somente sob a pluma de
Josef Breuer, em seu capítulo sobre as considerações teóricas, que o autor de
Fausto reaparece ao grande dia, para sublinhar a continuidade das reações
humanas do homem ordinário às esferas as mais elevadas das realizações humanas”
(Flem, 1991, p. 165-166).
A relação da Psicanálise, especialmente do
processo de sua gestação, com o de criação artística encontra-se presente em
Freud por seu ato de reconstrução do ato de criação literária propriamente
dita. Um dos momentos marcantes é destacado por Kofman a partir do texto Análise
terminável e interminável, no qual a criação artística é
entendida no mesmo sentido da procriação, ambos processos que se sustentam na
construção de enigmas:
enigma
porque toda a vida, desde a sua formação até a morte, está entregue ao acaso,
ao jogo das forças biológicas, ao das forças psíquicas, ao das forças externas,
ao jogo dos encontros de todas as forças psíquicas, ao das forças externas, ao
jogo dos encontros de todas essas forças, e assim o destino do artista não é
mais especial que qualquer outro (Kofman, 1996, p. 194).
A novidade freudiana consistiu na afirmação da
originalidade da realidade psíquica a partir do estatuto da lógica
inconsciente, da pulsão e do desejo, contrariando os postulados iluministas que
sustentavam a afirmação do homem pela confiança na razão. Embora seja essa
experimentação de si como diferença que traduz o sujeito
moderno e possibilita a gênese de um espaço privado no qual o sujeito se
constitui como indivíduo – sendo possível a vivência da interioridade –, não
há, nessa perspectiva de compreensão do homem, espaço para o que escapa de uma
apreensão racional.
A psicanálise usa um caminho que não é menos
misterioso que o da literatura. É assim que, mais do que vir esclarecer a
literatura, a literatura é que vem em socorro da psicanálise no que esta tem de
mais radical, o que a aproxima da estética e da ética, muito mais do que da
ciência compreendida pelos parâmetros positivistas.
No élan da descoberta
psicanalítica, os mitos e a literatura desempenham grande papel para a
comprovação e a justificação da teoria; porém, é essencialmente para sua
construção que ela ocupa lugar essencial, permitindo à psicanálise nascente
descentrar-se do campo estritamente médico, ascendendo ao estatuto de teoria
geral do psiquismo e do devir humanos. Literatura e psicanálise têm como
fundamento o trabalho com a linguagem, constituindo duas formas de
intersubjetividade que inauguram, a cada ato, uma ética do dizer... Portanto, a
descoberta freudiana revela não apenas a existência da realidade psíquica como
diferente da material, mas o caráter fundamentalmente inconsciente daquela.
A escrita de Freud gesta-se, assim, em um
cenário no qual arte e ciência ocupam lugares fundamentais em suas elaborações
teórico-clínicas. A psicanálise inscreve-se na tradição da letra, da escrita
marcada pela presença de um ato criador. É como se Freud fosse tomado por uma febre
de escrita, para usar a espirituosa expressão de Flem (1991, p. 145).
–
A psicanálise diminuiu o campo de ação do escritor?
–
De modo algum! Sem Dostoievski, nada de Freud. A meu ver, Shakespeare é o maior
psicanalista que existiu (Mann, 1986 p. 223).
Como pontos que clamam por considerações em
relação ao estilo em Freud, podemos destacar uma extrema sensibilidade em se
expor como autor, mesmo que o faça, muitas vezes, de modo subliminar. O tempo
inteiro Freud depara-se com questões íntimas da criação em que o escritor está
só e se depara com o silêncio imenso da página que se contrapõe a sede do
dizer, do traduzir em palavras uma experiência pessoal e intransferível que é a
da clínica e a da reflexão sobre si. Anzieu (1981) dedica-se a discutir a
relação dos sonhos de Freud com a elaboração de sua teoria, partindo da
afirmação de que o trabalho criador de Freud pode ser mais bem evidenciado a
partir da consideração de seus sonhos, reconhecidos como caminho fundamental
para a exploração subjetiva à qual se engajava em auto-análise. O autor
ressalta que especialmente os que antecederam e impulsionaram a descoberta do
complexo de Édipo anteciparam o que Freud consolidará com a repercussão que
exerceu sobre si mesmo o trabalho de análise dos textos de Sófocles e de
Shakespeare, respectivamente Édipo-rei e Hamlet.
A relação de Freud com ele mesmo se dá,
privilegiadamente, a partir da mediação da leitura e da escrita, isto é, de um
espaço literário sobre o qual ele constrói toda uma teoria ao assumir o lugar
de narrador. Antes de tudo, são suas as questões problematizadas teoricamente.
Não são poucos os momentos em que Freud parte de experiências próprias –
sonhos, observações esparsas, acontecimentos familiares –, colocando-se na
posição de sujeito que interroga sobre si. Quanto a essa peculiaridade
fundamental para a compreensão de estruturação da obra freudiana, a escrita
concebida como exercício do eu possibilita abordar a posição de Freud como narrador
de dramas cotidianos vislumbrados por um olhar arguto e não conformado com as
evidências que facilmente se apresentavam à vista, ou melhor, não conformado
com o tratamento que era, até então, dado a elas. Essas contradições têm um
lado positivo para o deslanchar da teoria, pois denunciam o quanto Freud é um
pensador, que pode ser considerado coerente com as possibilidades de criação de
seu tempo, e ao mesmo tempo rompendo com postulados fundamentais ao propor um
horizonte teórico-clínico que privilegia o imprevisível em que se constitui o
subjetivo.
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IN: Psyche
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