quarta-feira, julho 27, 2011

Meu irmão Kierkegaard













Texto do professor  Luiz Felipe Pondé para Folha de São Paulo – 13/07/2011



Quando você estiver lendo esta coluna, estarei em Copenhague, Dinamarca, terra do filósofo Soren Kierkegaard (1813-1855), pai do existencialismo. Ao falarmos em existencialismo, pensamos em gente como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus, tomando vinho em Paris, dizendo que a vida não tem sentido, fumando cigarros Gitanes.



O ancestral é Pascal, francês do século 17, para quem a alma vive numa luta entre o "ennui" (angústia, tédio) e o "divertissement" (divertimento, distração, este, um termo kierkegaardiano).


O filósofo dinamarquês afirma que nós somos "feitos de angústia" devido ao nada que nos constitui e à liberdade infinita que nos assusta.



A ideia é que a existência precede a essência, ou seja, tudo o que constitui nossa vida em termos de significado (a essência) é precedido pelo fato que existimos sem nenhum sentido a priori.



Como as pedras, existimos apenas. A diferença é que vivemos essa falta de sentido como "condenação à liberdade", justamente por sabermos que somos um nada que fala. A liberdade está enraizada tanto na indiferença da pedra, que nos banha a todos, quanto no infinito do nosso espírito diante de um Deus que não precisa de nós.



O filósofo alemão Kant (século 18) se encantava com o fato da existência de duas leis. A primeira, da mecânica newtoniana, por manter os corpos celestes em ordem no universo, e a segunda, a lei moral (para Kant, a moral é passível de ser justificada pela razão), por manter a ordem entre os seres humanos.

Eu, que sou uma alma mais sombria e mais cética, me encanto mais com outras duas "leis": o nada que nos constitui (na tradição do filósofo dinamarquês) e o amor de que somos capazes.

Somos um nada que ama.



A filosofia da existência é uma educação pela angústia. Uma vez que paramos de mentir sobre nosso vazio e encontramos nossa "verdade", ainda que dolorosa, nos abrimos para uma existência autêntica.


Deste "solo da existência" (o nada), tal como afirma o dinamarquês em seu livro "A Repetição", é possível brotar o verdadeiro amor, algo diferente da mera banalidade.

É conhecida sua teoria dos três estágios como modos de enfrentamento desta experiência do nada. O primeiro, o estético, é quando fugimos do nada buscando sensações de prazer. Fracassamos. O segundo, o ético, quando fugimos nos alienando na certeza de uma vida "correta" (pura hipocrisia). Fracassamos. O terceiro, o religioso, quando "saltamos na fé", sem garantias de salvação. Mas existe também o "abismo do amor".

Sua filosofia do amor é menos conhecida do que sua filosofia da angústia e do desespero, mas nem por isso é menos contundente.

Seu livro "As Obras do Amor, Algumas Considerações Cristãs em Forma de Discursos" (ed. Vozes), traduzido pelo querido colega Álvaro Valls, maior especialista no filósofo dinamarquês no Brasil, é um dos livros mais belos que conheço.

A ideia que abre o livro é que o amor "só se conhece pelos frutos". Vê-se assim o caráter misterioso do amor, seguido de sua "visibilidade" apenas prática.

Angústia e amor são "virtudes práticas" que demandam coragem.

Kierkegaard desconfia profundamente das pessoas que são dadas à felicidade fácil porque, para ele, toda forma de autoconhecimento começa com um profundo entristecimento consigo mesmo.


Numa tradição que reúne Freud, Nietzsche e Dostoiévski (e que se afasta da banalidade contemporânea que busca a felicidade como "lei da alma"), o dinamarquês acredita que o amor pela vida deita raízes na dor e na tristeza, afetos que marcam o encontro consigo mesmo.




Deixo com você, caro leitor, uma de suas pérolas:




“Não, o amor sabe tanto quanto qualquer um, ciente de tudo aquilo que a desconfiança sabe, mas sem ser desconfiado; ele sabe tudo o que a experiência sabe, mas ele sabe ao mesmo tempo que o que chamamos de experiência é propriamente aquela mistura de desconfiança e amor... Apenas os espíritos muito confusos e com pouca experiência acham que podem julgar outra pessoa graças ao saber.”


quinta-feira, julho 21, 2011

Dicas para apresentação de trabalhos

Caros alunos!

Enquanto vocês se preparam para o início do próximo semestre, aí vão algumas dicas, recolhidas no site da Universidade das Quebradas, que podem ser úteis para que ninguém tenha medo de botar para quebrar nas apresentações de trabalhos.

- É preciso que os apresentadores dominem o assunto que será abordado – quanto mais você souber e tiver pesquisado sobre o tema, mais segura e rica será sua fala! E não se esqueça: se o texto não tiver sido decorado, é claro que a apresentação ficará mais dinâmica e atraente para quem está assistindo.

- Produção de um esquema com informações sucintas, que servirão para nortear o trabalho do apresentador: para melhor entendimento da platéia é válido fazer uma introdução contextualizando o tema, mostrando sua importância e explicando seus objetivos ao escolhê-lo como tema de sua apresentação. Uma curiosidade interessante: as pessoas prestam mais atenção nos cinco minutos iniciais de uma fala, por isso passe seu recado mais importante nesse período e conquiste a platéia!

- Depois desse recado inicial vem o desenvolvimento dos tópicos – é nessa etapa que se deve explicá-los com lógica e coerência.

- Por fim, a conclusão: esse deve ser o momento de reflexão e síntese da sua apresentação, ressaltando os aspectos mais importantes do tema, levantando questionamentos e, – por que não? – discussões com o público. Lembre-se que muitos pontos de vista só enriquecem o debate, e a interação é importante no processo de aprendizagem.

- Elementos visuais ajudam muito para uma complementação e extensão daquilo que você está falando. Por isso, não se acanhe: apresente imagens, vídeos, slides, ou qualquer outra forma de expressão que complemente sua fala – afinal, a interação é sempre muito mais rica do que somente falar e ser ouvido!

- A preparação é a alma do negócio: ensaios prévios, no objetivo de evitar certas falhas que poderão comprometer a qualidade do trabalho apresentado, dão mais segurança ao apresentador e ajudam a aumentar o domínio do tema a ser apresentado. É importante lembrar que para o planejamento devem ser levadas em consideração as características do público para quem se está falando, como faixa etária, tipos de interesse, expectativas e conhecimentos prévios em relação ao tema em questão – é muito importante saber com quem se está falando para se poder pensar em como falar para essas pessoas!

- A postura do apresentador é fator ultra relevante! Por isso, fale com calma. E não se esqueça: você é o responsável por contagiar e envolver quem está assistindo à sua apresentação. A bola está em suas mãos, faça valer sua personalidade e dê o melhor de si!

Abraços!

A CLÍNICA HOJE: OS NOVOS SINTOMAS

  (O) Curso Livre (da) Formação chega ao 23º Módulo abordando o tema   “A clínica hoje: Os novos sintomas” e acontece nos dias 01 e 02 de m...