quinta-feira, fevereiro 17, 2022

 






EMBEBEDEM-SE

 

É preciso estar sempre bêbado. Está tudo aí: essa é a única questão. Para não sentir o fardo terrível do tempo que nos despedaça os ombros e inclina para o chão, é preciso se embriagar sem trégua. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, do que preferirem. Mas embebedem-se. E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma vala, vocês se acordarem com a bebedeira já diminuída ou desaparecida, perguntem ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que foge, a tudo que geme, a tudo que rola, a tudo que canta, a tudo que fala, perguntem-lhes as horas. E o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio vão responder:

– É hora de se embebedar! Para não serem os escravos martirizados do tempo, embebedem-se, embebedem-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, daquilo que preferirem!


 

Charles Baudelaire, O Spleen de Paris, pequenos poemas em prosa.

Tradução de Alessandro Zir

 

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