O OLHAR EM RENÉ MAGRITTE
RENÉ MAGRITTE:
PINTOR-ESCRITOR-CRÍTICO
Ilza Matias de Sousa
Pós-doutoramento – UFRN
Maria Eliane Souza da Silva
Doutoranda - PPGEL/UFRN
R. Magritte - O Libertador
A
história da civilização ocidental poderia ser designada como a história do
olho, entendida como um olhar panóptico, policial, controlador, o olhar da
Instituição. Neste, configurar-se-ia o ideal apolíneo, que dá lugar à busca da
perfeição do ver, através de tecnologias e das artes, encontrando expressão
maior na filosofia como uma espécie de metafísica do olho, dos “olhos” do logos,
ou da razão sempre desperta, cujo poder de visibilidade teria um análogo na
concepção solar, da qual viriam as noções de esclarecimento e iluminismo
modernas, colocando o conhecimento como uma aspiração mais elevada e acima das
necessidades do homem comum. Nesse sentido, podemos estimar um paralelo entre o
ver, o visível com o logos disseminador da luz, de tal forma que se supere o
limite do vislumbre, do alumiar frouxamente, do mero entrever.
A tradição clássica, assim, ocupou-se em
traçar raias no espectro do olhar, do ver, e passou a conceber equivalências
nas estruturas cognitivas da mente, nos fatores de inteligibilidade e
legibilidade. Instaurado o paradigma ótico platônico, a partir da posição da
acrópole grega, este será posto em circulação e incorporado na dimensão da
polis, cujos aspectos legitimadores incluiriam a sacralização sígnica, no
sentido de exercer um ritual regulador dos signos da visão no modelo de cultura
e de artes, atualizado na paideia. Isto promoveria a serenidade e estaticidade
da contemplação, provocando embevecimento e comunhão entre o objeto contemplado
e o contemplante.
A vista se esforça por absorver a paisagem que
se entretece nos tecidos sociais, o que, para nós, suscitaria, na perspectiva
da crítica nietzschiana do século XIX, uma moral de rebanho, revestida na
figura da castração e na cena da transgressão da cegueira de Édipo. Dentro
desse espaço escópico, concebe-se o ato de ver como ato moral, responsável por
significados determinantes do mundo sensível, devendo, assim, se direcionar a
visão para a “boa” conduta, para a vergonha e a justa medida. Nietzsche (2001,
p.47), ao afirmar que “as morais nada mais são que uma linguagem semiológica
dos afetos”, reinterpreta para a modernidade europeia o enfoque platônico de
uma educação dos sentidos, que se fundamenta na conformação e conformidade a um
fim - a sublimação do mundo sensorial.
Observaremos
como a matriz desse paradigma ótico afeta toda a história do ocidente,
efetuando-se nela uma arqueologia da imagem que tem na cena platônica do mito
da caverna o princípio que aciona o próprio “cinema” da humanidade, implicando
afecções, paixões, traições/traduções das imagens que enganariam, criando
ilusões, na aparência de seu desencadeamento e existência autônoma, pondo em
risco a verdade. Em Platão, evidenciam-se simultaneamente o fascínio e o horror
regentes do poder do simulacro.
A
finalidade racional e a destinação moral do olhar tornam-se comuns ao mundo de
representações do cristianismo, até que o niilismo intempestivo e a morte de
Deus dessem lugar ao estremecimento do olhar, diante da vertigem dos estados
dionisíacos do caos. O homem teórico, não mais controlado por sua natureza
contemplativa, desse modo, libertaria os olhos do olhar habitual, adequado ao
objeto, cerceado por uma visibilidade delimitada, para criar o seu próprio
campo do visível, não cessando de interrogar o olhar. Como colocaria
Merleau-Ponty (1979), o olho não se mantém ocupado em ver se vê e a visão nunca
está imóvel. Tem-se todo o tempo metamorfoses do olhar.
Na modernidade construída no séc. XX, dentro
dessa discussão, surge a obra romanesca de George Bataille, História do olho (2003), que produzirá
um evento de linguagem, do qual emerge a contiguidade com o pictórico, introduzindo,
como se refere Schollhammer (1996, p.6), “o ato de tirar o olho da cabeça,
cortando a relação privilegiada da visão com o sentido da razão e do espírito”
- a desocularização da visão. Uma experiência que atinge o abismo do Mal e
imprimirá à figura do olho um tratamento de signo em transe e instrumento
perfurante.
Conforme
a discussão do estudioso mencionado (Ib.), pela violência e intensidade desse
processo batailliano perpassa a “metamorfose – do ‘olho que vê’ para o ‘olho
(desocularizado) visto” (Ib.), por um lado, desconstituindo a noção mimética do
campo do olhar; por outro, remetendo à elipse ou ao ocultamento que sofreu a
cegueira em relação ao domínio da visão, levando a problemáticas trágicas como
a da cegueira sacrificial, ou à crise das construções transcendentais do ocular
na figura do Olho abscôndito de Deus.
Discutindo a questão do olho, proposta por
Derrida, em Memória dos cegos, os autores Luiz Fernando Ferreira de Sá e Miriam
Piedade Mansur (1) mostram que o filósofo procede a
uma operação de memória visual, segundo suas palavras, à qual sucede o
“cancelamento do olho físico e a inserção de um “eu que olha” (eu/olho) numa
“escuridão visível” (p.2), produzindo um oxímoro que põe em confronto
luminoso/obscuro e coloca um paradoxo: obscura claridade. Para finalmente,
chegarem à conclusão, afirmam os dois, de que, em John Milton (Paradise Lost),
ocorrem os dois tipos de cegueira elencados por Derrida – a sacrificial e a
transcendental, promovendo, entretanto, o autor inglês “o estabelecimento do
olho interior” (Ib., p.16) como “uma metonímia do paraíso” (Ib.), deslocando o
transcendental para a imanência da experiência interior.
Em Bataille, confirmaríamos a presença do
outro tipo que seria a cegueira sacrificial, aludindo-se à tipologia
derridiana, pois seu intenso movimento transgressivo atinge em cheio o olho transcendental,
“reintroduzindo-o no corpo duma maneira que provoca uma reação de horror e
êxtase orgiástico” (SCHOLLHAMMER, op. cit., p.6).
Na
pintura O libertador (1947), Magritte
(2) (PAQUET, 2000, p.83) apresenta o corpo de um
homem sentado, segurando uma bengala com uma mala ao lado, como se à espera de
um transporte para viajar, sua parte do tronco até a cabeça coberta por uma
espécie de cartaz que contém elementos enigmáticos, uma chave, um cálice, um
pássaro e um cachimbo. Ao deslocar os olhos para a figura de um candelabro, o
pintor introduz um riso irônico no que seria um espaço cênico da cegueira
transcendental, liberando um trabalho de superfícies estranhadas.
Assim,
a desconstrução do olho castrado no discurso romanesco de Bataille
corresponderá à de Magritte na pintura, ambos, na virada, poderíamos precisar,
da chamada revolução surrealista, na Europa. Na década de 20, o surrealismo de
Magritte surge da explosão do signo pictórico na perspectiva de uma crise
semiótica e semiológica, já que assume conexões imprevisíveis pelas regras da
pintura, permutando, comutando com outros signos e linguagens, para celebrar o
impensado e estabelecer singularidades com os elementos que não entrariam ainda
na experiência assimilável da pintura, até então.
Ele operaria com os elementos pictóricos como
um gramático (ou um linguista) que pusesse em crise a escrita alfabética para
fazer emergir outras possibilidades de escrituras inesperadas, insuspeitas,
correspondendo este ato igualmente a uma desorganização sígnica que estabelece
conflitos e paradoxos entre a palavra e a visão. E esse procedimento em
Magritte o faz desencadear não só a discussão sobre os limites do seu campo
visual, sobre o cogito do olhar, mas também práticas interrogativas de
experiências que colocam em tensão a materialidade da pintura, em face à recusa
da forma transcendente.
R. Magritte - Golconda
Nessa
atividade que reúne as dimensões substantivas do pintor-escritor-crítico,
Magritte situa outros limiares, ultrapassando as relações convencionais entre o
quadro, o pintor e o espectador, encaminhando sua produção na direção de
quase-experiências do fora, que, para Foucault (3),
neste caso, se
apresentariam sob o engendramento de singularidades selvagens, entendendo-se
por isso as singularidades que resistiriam ao institucional e se dariam como
algo que ainda não entrou na experiência.
Dá-se
em meio à instauração dessa experiência do fora(4), que em Magritte traça
possibilidades de sua inscrição como corpo-inscrito e escrito, a configuração
do pintor-escritor-crítico, disseminando-se em várias margens e incluindo-se
num debate filosófico ontológico capaz de, na cena pictória, submeter ao
questionamento a natureza ontológica de uma homogeneidade pressuposta do objeto
pictórico, através das tensões, conjunções e disjunções com a cena linguística,
anexando títulos ou frases nominais e enunciados raros, no meio pictórico, para
propiciar a sensação do abismo. Magritte acaba por elaborar uma espécie de
gramatologia do mal linguístico e do mal pictórico(5), que trará para a letra e a pintura
uma combinação inusitada de montagem e colagem, dentro dos princípios cubistas.
Os
elementos pictóricos vão concorrer com enunciados lingüísticos, diante do que
se formularia uma problemática do salto de uma superfície à outra,
deleuzianamente falando, precipitando os corpos e os signos, destruindo
significações normatizadoras. Além de enervar os tecidos da co-presença
sígnica, ainda recorrendo a Deleuze (6) , o pintor-escritor-crítico produz
deslizamentos “do senso e do não senso” (Ib., 1974, p.143), o que faz
proliferar o humor e as singularidades de superfícies nômades, dando lugar à
pintura como acontecimento do novo e não como reprodução de códigos estáticos.
Essa
experiência imprime uma opacidade conceitual, desarmando os olhares prévios,
indicadores de consensos sociais e culturais. Não se pode articular, aí, um
olhar do logos, quando, por exemplo, deparamo-nos, entre outros quadros, com Golconda (1953) em que homens pairam no
ar, quebrando a lei da gravidade, abrindo a possibilidade de “caminhar pelo céu
na terra”, qual assinala a proposição do insólito e do anômalo na legenda
aposta ao quadro (PAQET, op. cit., p.84). Corpos que flutuam em Golconda, olhos que se erotizam como
seios, em Violação (1934), compõem
um rosto de mulher com uma sintaxe de órgãos do prazer e do desejo, mas, antes,
para destruir, pelo humor, qualquer redução à unidade e à identidade, mediante
uma estética da violação do corpóreo e do espaço-tempo que desordena as regras
pictóricas e a metafísica da pintura (Ib., p.29). O olhar do espectador entra
no regime do mise en abîme.
R. Magritte - Violação
O
desequilíbrio do olhar “naturalizado” dos espectadores arrasta-os para
inquietações diante do que veem na superfície da tela/texto, desestabilizando a
representação da imagem dogmática do pensamento, destituindo a imagem das
amarras da perspectiva mimética e realista, desvirtuando-a, desnaturalizando-a.
Se levarmos em conta as considerações críticas de Gilles Deleuze sobre a
construção da imagem do pensamento e os processos cristalizadores de
similitude, em Diferença e repetição (1988), diríamos que Magritte concebe um
pensamento da diferença e da multiplicidade.
A provocação do olho, da desocularização, a
problemática da cegueira sacrificial e da transcendental, da luz e do resto
escuro confrontam-nos com a questão da memória do objeto, intensificam a
obscenidade da atuação das polaridades legibilidade/ ilegibilidade, da
visibilidade/invisibilidade na cena pictórica ou na cena linguística. Em
Magritte, nada pode se constituir em ancoragem, seja no âmbito do plano
temático, do plano ótico, seja no âmbito do linguístico. O visto e o não visto
e o dito e o não dito subvertem a ordem empírica, superando a dicotomia entre o
empírico e o não-empírico.
R. Magritte - Os Amantes
Criam-se
corpos que escapam todo tempo. Em Os
amantes (1928), as cabeças encapuzadas confundem o plano ótico, no limiar
entre o visível e o invisível, acentuando os pontos cegos da
incognoscibilidade, dando lugar ao processo de perda parcial do figurativo,
enquanto roupas se insinuam no sombreamento da paisagem, tornando o Eros,
intratável, na iminência de uma decapitação (PAQUET, op. cit., p.64).
Esse
procedimento magrittiano transmuta o corpo sígnico tomado como orgânico,
passando a relacionar imagem e palavra, letra e traço, pensamento e pintura,
num turbilhamento tal, que os extrai de sua organicidade, na busca de construir
para si outras corporeidades, corpos sem órgãos, no sentido que é atribuído por
Deleuze (7) a essa expressão.
R.Magritte - O Prazer
Tanto
Deleuze como Magritte desarticulam o regime orgânico do pensamento, do signo,
da imagem, da pintura e da linguagem. Desorganização que transforma corpos
“plenos” em corpos esvaziados, como o corpo policial do social, num tratamento
que densifica e intensifica o prazer e a perversão do pictórico, qual se mostra
em Prazer (1927), em que Magritte é
implacável, mostrando uma menina dando dentadas num pássaro vivo, do qual
escorre sangue. Segundo Paquet (Op. cit., p.75), nesse quadro o pintor
“intensifica o seu prazer pictórico”, dizendo ainda que “não é tanto o elemento
cruel das crianças, mas mais o desejo do que é inacreditável, que o interessa.
Nesse aspecto, Magritte traria para a tela a fórmula de Klee, citada por
Deleuze (2007): “não apresentar o visível, mas tornar visível”. Acrescenta
Deleuze: “A tarefa da pintura é definida como a tentativa de tornar visíveis
forças não visíveis” (Ib., p. 62).
R. Magritte - A Máscara Vazia
Magritte
insufla energias vitais e um humor incomum na seriedade e estaticidade da – se
assim podemos nomear – Grande Pintura, fazendo emergir o poder criador da
desordem, da incongruência, poder esse recuperador de uma ludicidade anárquica
que associa a sua pintura ao devir, ao reino da criança heraclitiana, jogando
ao gamão o reino do tempo e da criação. A
máscara vazia (1928) traz esse jogo, essa anarquia da superfície, realiza o
fort-da freudiano do olhar (PAQUET,
op. cit., p.70). O jogo de ausência/presença da criança heraclitiana, em que
produzir uma imagem é também destruir a imagem. Ou, considerando-se a discussão
de Didi-Huberman (1998), nesse quadro podemos surpreender no exercício de olhar
magrittiano, a relação entre o que olha e o olhado. E, mesmo que se dê nisso um
gozo perverso e cruel, o pintor enuncia a respeito dessa obra: “As palavras que
servem para caracterizar dois objetos diferentes não revelam por si o que
distingue um objeto do outro”: ciel,
rideau, corps humain (ou forêt),
façade de Maison (Op.cit., p.70). O vazio da máscara depõe qualquer
hermenêutica.
R. Magritte - Isto não é uma maçã
R. Magritte - A Traição das Imagens
Os
quadros Isto não é uma maçã (1964) e
A traição das imagens (1928-29), no
qual apõe a legenda “Isto não é um cachimbo” (Op. cit., p.9), são atravessados
por golpes contra o sempre idêntico, contra o realismo mimético, demovendo
palavras, coisas e imagens de uma pretensa clarividência e da verificação da
verdade. A legenda para o segundo quadro põe em foco a dimensão da potência do
falso: “O famoso capricho? Já fui o suficientemente censurado por causa dele! E
afinal... conseguem enchê-lo? Não é apenas um desenho, não é? Se tivesse
escrito por baixo do meu quadro ‘isto é um cachimbo’ estaria a mentir”.
R. Magritte - Os dois Mistérios
Em
Os dois mistérios (1966), trata-se
da mesma “desocularização” do objeto cachimbo e do enunciado linguístico que
corta a tela (Op. cit., p.68). Seja na instância da letra, seja na instância da
imagem, abre-se o dissenso, o desacordo, a diáfora, onde antes havia o
arbitrário das linguagens, a convenção, o consensual. A letra interroga-se e
interroga a imagem, mas ambas são capturadas no instante do seu lapso, na queda
da verdade que pretenderiam instaurar. Precipita-se o abalo do estatuto
ontológico. A relação entre a escritura verbal e a escritura pictórica
desestabiliza, por sua vez, a relação de representação, desconstrói o valor
representativo da linguagem.
O pintor indaga o significante despótico da
língua. Seria pertinente atribuir à escritura/pintura magrittiana “a decepção
infinita” (BARTHES, 1982, p.33) que deporá o poder do modelo ótico. Tais
posicionamentos não se referem a uma metalinguagem, uma metacrítica, sim, a uma
confusão ilegível que tornam letra e imagem instáveis, impelidas pela
destruição de certezas e expostas a uma dispersão do signo. Ainda citando
Barthes (2007), poderíamos pensar nesse processo magrittiano num fazer disparar
os signos em múltiplas direções, sem ordenamento, para que, no traçado da
escritura, olho e mão, desinstrumentalizados, deixem o sentido à mercê do próprio
arrombamento e arranquem o pintor, a pintura e o espectador do conforto da
memória visual.
R. Magritte - Memória
Em Memória
(1945), conforme Paquet (Op. cit., p.30), obra que foi “diretamente inspirada
por Giorgio de Chirico e tem em conta a vida silenciosa que a vida ainda nega”,
vê-se o trabalho da memória deixando o rastro de seu próprio vazio. Um rosto de
uma jovem mulher esculpido em pedra, de olhos fechados, com uma mancha de
sangue na têmpora, como saísse de uma parede/caverna do tempo, na superfície
frontal, um copo com água e uma maçã verde compõem a cena visual
desconcentrando a atenção do espectador e desconcertando-o diante da falta de
similitude entre os elementos, sem nenhuma ligação “narrativa”. Os olhos
cerrados da Memória vivem sua própria escuridão, alheia à visibilidade
exterior, que, desse modo faz parte de um fora inacessível.
Magritte cava o lugar da memória visual e
escavando-a transforma-a num não-lugar que não retém recordação, lembranças ou
reminiscências. Na superfície de suas telas, a desocularização e o caráter
inorgânico da pintura apontarão a experiência visual já não mais enclausurada
na ótica.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BARTHES, Roland. Crítica e verdade. Tradução
de Geraldo Gerson de Souza. São Paulo: Editora Perspectiva, 1982.
___________. O império dos signos. Tradução de
Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: WMF Martins fontes, 2007.
DELEUZE,
Gilles. Diferença e repetição. Tradução de Luiz Orlandi e Roberto Machado. Rio
de Janeiro: Graal, 1988.
____________.
Lógica do sentido. Tradução de Luiz Roberto Salinas Fortes. São Paulo:
Perspectiva, 1974
____________
. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Aurélio Guerra Neto et
al. Rio de Janeiro: Editora 34, 1996,v.3.
______________.
O pensamento do fora. Apud BADIOU, Alain. Deleuze: o clamor do ser. Tradução de
Lucy Magalhães. Jorge Zahar Ed., 1997.
DERRIDA,
Jacques. Gramatologia. Tradução de Miriam Schnaiderman e Renato Janine Ribeiro.
São Paulo: Perspectiva, Ed. Universidade de São Paulo, 1973.
DIDI-HUBERMAN,
Georges. O que vemos, o que nos olha. Tradução de Paulo neves. São Paulo:
Editora 34, 1998.
FOUCAULT,
Michel. A ordem do discurso. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São
Paulo: Edições Loyola, 1999.
MERLEAU-PONTY,
Maurice. L’oeil et l’esprit. Paris: Gallimard, 1979.
PAQUET,
Marcel. Magritte: o pensamento tornado visível. Tradução de Lucília Filipe.
Germany: Benedict Taschen Verlag GmbH, 2000.
SÁ,
Luiz Fernando Ferreira e MANSUR, Miriam Piedade. As cegueiras de John Milton e
Jacques Derrida. CASA. Cadernos de Semiótica Aplicada. São Paulo: UNESP, v.07,
n.1, julho de 2009. Disponível em http://www.fclar.unesp.br/seer/index.php?journal=casa.
Acesso em 16/03/2012.
SCHOLLHAMMER,
Karl Erik. Imagem & Literatura no pensamento de George Bataille. Seminário
Permanente de Literatura Comparada. Rio de Janeiro: Departamento de Ciência da
Literatura/ Faculdade de Letras/UFRJ, 1996, n.3.
NOTAS
1. SÁ
e MANSUR. A análise dos autores consiste no artigo intitulado “As cegueiras de
John Milton e Jacques Derrida”. CASA. Cadernos de Semiótica Aplicada, vol.
7.n.1, julho de 2009.
2. Utilizamos
o livro MAGRITTE (2000), de Marcel Paquet para situar as pinturas e localizar
as legendas do próprio pintor/escritor/crítico. Por dificuldades de download
das imagens da obra pictórica deste, optamos por citar, relacionar e instaurar
um processo de remissão a essas obras, indicando-as dentro do texto.
3. FOUCAULT,
1999
4. A
experiência do fora traz uma discussão que Deleuze desenvolve a partir das
espacialidades vistas por Foucault, articuladas às singularidades “que permanecem
suspensas fora, sem entrar em relações nem deixar-se integrar” (DELEUZE apud
BADIOU,1997, p. 150). Singularidades que são nomeadas foucaultianamente por
“selvagens” e invocadoras de uma exterioridade, de um pensamento do fora,
afirma Deleuze, atingindo o “mais longínquo do que todo mundo exterior, logo
mais próximo que qualquer mundo interior” (Ib.)
5. Magritte entra nessa cena da escritura de modo
a fragmentar a visão linear e nos permitir conjugar essas operações à
gramatologia, a qual remete ao pensamento da desconstrução, em Derrida (1973),
não mais como projeto de uma gramática, vinculada a hierarquizações
discursivas, que encarcera os signos como internos a sistemas lógicos. Mas de
uma gramatologia que difere no espaçar o dentro e o fora, provocar o espaçamento,
o heterogêneo, retirar-se da oposição entre o sensível e o inteligível.
6. A
questão magrittianna do trabalho das superfícies encontra paralelo ou
aproximações com a perspectiva deleuziana da lógica do sentido (1974)
7. Para
Deleuze (1996, p.27), na constituição dos corpos sem órgãos só passam
intensidades, “num spatium ele mesmo intensivo, não extenso”.
FONTE: Revista FronteiraZ, São Paulo, n. 8, julho de 2012.
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