segunda-feira, março 27, 2023

JACQUES LACAN - SEMINÁRIO 1976-1977


 O In-sabido que sabe d-um tropeço se joga no amorte



       Seminário de 1976-1977

 



Jacques Lacan

 


Aula 6

08 de Fevereiro de 1977



Ah! Eu quebro minha cabeça contra o que eu chamaria - na ocasião - um muro. Um muro, claro, de minha invenção,é bem isso que me entedia. Não se inventa não importa o quê. E o que eu inventei é feito, em suma, para explicar - eu digo explicar, eu não sei muito bem o que isso quer  dizer - Freud. O que é impressionante, é que em Freud não há vestígio desse tédio ou mais exatamente desses tédios, desses tédios que tenho e que vos comunico desta forma: eu quebro a cabeça contra os muros.

Isso não quer dizer que Freud não se incomodou muito, mas o que ele deu ao público foi aparentemente da ordem, eu disse da ordem de uma filosofia, quer dizer que não havia... eu ia dizer que não havia osso, mas justamente, havia ossos e o que é necessário para marchar totalmente só, quer dizer, um esqueleto, aí está.

Eu penso que aí vocês reconhecem a figura - se, todavia, eu a desenhei corretamente - a figura que de uma só vez figurei o engendramento do Real, e que este Real se prolonga em suma pelo Imaginário, pois é bem disso que se trata, sem saber muito bem onde se detêm o Real e o Imaginário.

Aí está, esta figura, que se transforma nesta figura:



Eu só o estou dando a vocês porque é o primeiro desenho em que não me embaralho, o que é notável, porque sempre me embaralho, claro.

Bem, gostaria ainda de passar a palavra a alguém a quem pedi para fazer a gentileza de vir aqui para expor um certo número de coisas que me pareceram dignas - bastante dignas - de serem enunciadas.

Em outras termos, eu não acho o nomeado Alain Didier-Weil mal engajado nesse seu caso.

O que posso lhes dizer é que, para mim, eu estava muito apegado em planificar algo. A planificação sempre participa do sistema, ela participa somente, o que não quer dizer muito. Uma planificação, por exemplo o que fiz para vocês com o nó borromeano, é um sistema.

Eu tento, é claro,  esmagar esse nó borromeano, e é bem isso o que vocês vem nessas duas imagens.

O ideal, o Ideal do Eu, em suma, isso seria acabar com o Simbólico, dito de outra maneira, não dizer nada. O que é essa força demoníaca que empurra para dizer algo, dito de outra maneira, para ensinar, é isso que venho dizer a mim mesmo, que isso é o Supereu. Isso é o que Freud designou por Supereu que, claro, nada tem a ver com nenhuma condição que possa ser designada como natural.

A propósito desta naturalidade, devo, no entanto, assinalar a vocês uma coisa, é que me esforcei para ler algo que apareceu na Société Royale de Londres e que é um Ensaio sobre o orvalho. Tinha a grande estima de um certo Herschel que escreveu algo intitulado Discours préliminaire sur l’étude de la philosophie naturelle (Discurso Preliminar sobre o Estudo da Filosofia Natural).

O que mais me choca neste Ensaio sobre o orvalho é que ele não tem nenhum interesse...Eu o consegui, é claro, na Biblioteca Nacional, onde de de tempos em tempos uma pessoa faz um esforço por mim, uma pessoa que é basicamente musicóloga e que, em suma, não está muito mal colocada para me conseguir coisas. Na ocasião, como eu não tinha meios de ter o texto original que eu pudesse ler, foi uma tradução que eu pedi a ele.… de fato foi traduzido, este Ensaio sobre o Orvalho foi traduzido …de seu autor William Charles Wells …foi traduzido pelo nomeado Tordeux, mestre em farmácia e ele realmente tem que se esforçar muito para encontrar algum interesse neste ensaio.

Isso prova que nem todos os fenômenos naturais nos interessam tanto assim, e o orvalho bem especialmente, isso nos escorrega pela superfície. Não deixa de ser assaz curioso que o orvalho, por exemplo, não tenha o interesse que Descartes conseguiu dar ao arco-íris.

O orvalho é um fenômeno tão natural quanto o arco-íris. Por que será que para nós isso não fede nem cheira? É muito estranho, e certamente é em razão de sua relação com o corpo o porque de não estarmos tão vivamente interessados ​​no orvalho quanto no arco-íris, porque o arco-íris, temos a sensação de que ele leva à teoria da luz, pelo menos temos esse sentimento desde que Descartes o demonstrou. Sim. Enfim, estou perplexo com esse pouco interesse que temos pelo orvalho. Certamente há algo centrado nas funções do corpo, que é o que nos faz dar um sentido a certas coisas. Ao orvalho falta um pouco de sentido.

Aí está, pelo menos é o que eu testemunho depois de uma leitura o mais atenta possível que fiz deste Ensaio sobre o orvalho.

E agora vou passar a palavra para Alain Didier-Weill, pedindo desculpas por tê-lo retardado um pouco. Ele não terá  senão uma hora e quinze para falar com vocês, em vez do que eu acreditei que poderia garantir a ele, quer dizer, uma hora e meia.

Alain Didier-Weill vai lhes falar sobre algo que tem relação com o Saber, à saber, o eu sei ou o ele sabe. É essa relação entre o eu sei e o ele sabe que ele vai jogar.

 

Alain Didier-Weill:

- Podemos dizer que vou falar sobre o Passe?

Lacan:

- Você pode falar igualmente sobre o Passe.

 

Alain Didier-Weill


O ponto de onde parti para propor ao Dr. Lacan as elucubrações que vou lhes apresentar, me vem do que representa para mim o que se chama na Escola Freudiana, de o Passe. De fato, há algum tempo circula na Escola um rumor, é que os resultados do Passe que teriam funcionado por um certo número de anos não corresponderiam às esperanças ali depositadas. Esta ideia de que haveria um fracasso do Passe é algo que pessoalmente acho difícil de aceitar, logo no Passe que me parece garantir o que se pode preservar de essencial e de vívido para o futuro da psicanálise.

Eu pensei um pouquinho sobre a questão, e parece-me que eventualmente encontrei o que poderia explicar uma montagem topológica que não existe e que levaria em conta o fato de que o júri de aprovação possa não chegar a utilizar e a usar o que lhe é transmitido para avançar os problemas cruciais da psicanálise.

O circuito que vou montar diante de vocês pretende metaforizar, por um longo circuito, em que os movimentos fundamentais seriam representáveis...vocês verão que eu designo precisamente três…ao fim do qual um sujeito e seu Outro podem chegar a um ponto preciso, muito identificável…que chamarei de B4-R4 vocês verão por quê ... e a partir do qual vou articular o que isso me parece ser, e o problema do Passe, e o da - pode ser - natureza do curto-circuito, do que poderia curto-circuitar topologicamente o que passaria ao nível do júri de aprovação.

Bom, estou começando.

Os sujeitos que escolhi para lhes apresentar os nossos dois parceiros analíticos, podem se tornar familiares para vocês na medida em que corresponderiam de certa forma aos dois protagonistas mais ausentes da história de A carta roubada, que vocês conhecem, aqueles que, do começo ao fim, não há dúvida, à saber, o emissário...aquele que seria o emissário da carta que é tão excluído que nem mesmo Poe, creio eu, o nomeia...e, à saber, o destinatário da carta, que - sabemos, Lacan nos mostrou - é o rei.

Se vocês permitirem, batizarei, para a comodidade de minha exposição, o sujeito de nome de Bozef e manterei para o destinatário seu nome, o do rei. Toda a minha montagem consistirá em substituir o curto-circuito...pelo qual o conto de Poe mantém esses dois sujeitos fora do caminho da carta …por um longo circuito de chicana pelo qual a carta que parte da posição Btermina na posição B4. A numeração de 1 e 4 que lhes indico, já lhes indica que serei levado a distinguir 4 lugares que diferenciarão 4 posições sucessivas do sujeito e do Outro. Então eu começo com B1.

Vocês veem que B, a série de B, corresponde ao sujeito Bozef, a série de R, R2, Rcorresponde à progressão dos saberes do Rei: R1, R2, R3. Por B1, se quiserem, qualifico o estado, diria de inocência do sujeito, até de estupidez do sujeito, quando ele se sustenta unicamente nessa posição subjetiva que é: o Outro não sabe, o rei não sabe.

Não sabe o quê? Bem, muito simplesmente…pouco importa o conteúdo da carta … muito simplesmente não sabe que o sujeito sabe algo em seu lugar.

R1 representa, portanto, a ignorância radical do Rei. Então poderíamos dizer que na posição B1, seria a posição boba do cogito que se poderia escrever: Ele não sabe, logo existo.

A história, se quiserem, esta posição lhes é familiar, na medida em que sabemos que é uma posição que conhecemos pela análise: o analisante muitas vezes - sabemos - escolhe seu analista dizendo inconscientemente a si mesmo, dizendo a si mesmo: escolho este porque vou enrolá-lo, e sabemos que o que ele mais teme ao mesmo tempo, é alcançar isso.

Assim, a partir dessa montagem elementar, continuo. Antes de localizar o gráfico de Lacan, é assim que as coisas se passam.

Estou fazendo agora - começa a história - agora estou fazendo intervir alguém a quem que chamo - vocês vem o que eu nomeei de M - M, vou chamá-lo de o mensageiro.

Quer dizer, em B1 um dia, Bozef que está em B1, vai confiar ao mensageiro, na posição de M1, a mensagem que eu chamei de m1, e em m1 ele lhe diz: o Outro não sabe, o rei não sabe.

O mensageiro é feito para isso, é claro que é um traidor, ele transmite ao rei a mensagem m1 que se transforma em m'1, quer dizer que o rei passa da posição de ignorância de R1, para a posição R2 de um saber elementar que é: o outro sabe - quer dizer, o sujeito sabe - algo sobre meu lugar.

A partir daí, a mensagem retornará a Bozef, nosso sujeito, de forma invertida. Ela retornará de duas maneiras, digamos, ela retornará porque haverá um movimento de ida e volta, o mensageiro lhe dirá, virá encontrá-lo, se vocês quiserem, e vai dizer a ele: Eu disse ao rei o que você me disse. Chamei esta mensagem de m''1, é um retorno no plano do eixo - no grafo - no eixo i(a): se quiserem, é a relação especular.

Uma outra mensagem chega a Bozef que se colocará na trajetória da subjetivação - que desenhei em verde - que chegaria, portanto, diretamente pelo plano simbólico.


Então vocês veem que o ponto importante aqui é o fato de que Bozef... que estava na posição de uma idiotice, da idiotice em B1, por causa da inversão da mensagem que lhe retorna, quer dizer, desta vez: o Outro sabe …é deslocado.

Ele não pode mais ficar em B1, ele se encontra em B2. E em B2, eu diria que está lá na posição do semblante, ele ainda pode se sustentar na posição que eu diria que é a da duplicidade, já que em B2 ele ainda pode dizer a si mesmo:

Sim, ele sabe, mas ele não sabe que eu sei que ele sabe.

Assim, escreverei agora, antes de ir mais longe, o primeiro episódio sobre o gráfico de Lacan:



Ali, na posição do Outro, a mensagem parte do Outro. Lá, é a posição egóica de Bozef que escrevo B1. A mensagem parte de Bozef que confia ao mensageiro - que seria o pequeno i'(a) - a mensagem que chamei de m1, quer dizer, que esse circuito diz: ele não sabe.

O mensageiro faz o seu trabalho, transmite esta mensagem por esta via que faz o rei passar de R1 para R2.

O efeito a partir daí, a partir da nova posição do Outro vai carregar Bozef que estava lá em B1... aqui um efeito sujeito elementar onde se produzirá, o que Lacan chamaria de significado do Outro … ao nível B2, quer dizer, também podemos desenhar esta flecha.

Bozef recebe igualmente uma mensagem, pode-se dizer, ao nível, no eixo pequeno a – pequeno a’ do mensageiro. Então vocês veem que nosso sujeito Bozef está em B2.

Introduzo agora um outro grafo de Lacan. E então continuo.

Larguei - vejam bem - Bozef em B2, sustentando-se da posição de duplicidade que lhes descrevi, pois ele está em condições de manter a ideia de ignorância do Outro. Agora as coisas… é aqui que as coisas começam a ficar verdadeiramente interessantes para nós e, definitivamente, mais complicadas.



A partir desta posição B2 de Bozef, eis o que vai se passar: Bozef continua o jogo da transmissão de seu saber, quer dizer, para o mensageiro que desenho na posição M2, ele vai transmitir uma segunda mensagem que chamo de m2 e nesta mensagem ele lhe diz: Sim, ele sabe, mas ele não sabe que eu sei.

O mensageiro em M2 faz o mesmo trabalho, retransmite esta mensagem para o rei, o rei então passa a um novo saber, passa de R2 para R3, o saber do rei neste ponto é: Ele sabe que eu sei que 'ele sabe que eu sei'. Mas Bozef ainda não sabe disso, só saberá quando o mensageiro fizer um último transporte e voltando a Bozef lhe confidenciar: Eu disse ao rei que você sabe que ele sabe que você sabe que ele sabe, que é dizer que, neste ponto Bozef, que havíamos deixado em B2, é impulsionado para uma nova posição que chamo de B3, à partir da qual vamos interrogar o grafo de Lacan - o segundo - de uma maneira bastante particular e da qual vamos começar a poder introduzir o que ocorre no Passe.

Vou, portanto, terminar o esquema antes de continuar. Aqui está M2, m'1, m"1. Bozef que eu tinha deixado em B2 aqui:



Coloquei ele de volta aqui em B2:




Quer dizer que aqui ele transmite para M2, ele lhe transmite m2, ele lhes diz: Ele sabe, mas ele não sabe que eu sei que ele sabe. Como antes, esta mensagem também chega ao Outro igualmente assim:

 


E o retorno dessa mensagem a Bozef o coloca nessa posição muito particular de estar confrontado a um Outro de quem não pode mais esconder nada: O Rei.

Bem, espero que me sigam, seja lá onde quer que nos leve essa chicana.

Então, o que acontece quando o rei está em R3, quer dizer, quando ele está na posição do saber que eu indiquei para vocês, e que esse saber é conhecido pelo retorno do mensageiro à Bozef, quer dizer, que Bozef pode pensar: O rei sabe que eu sei que ele sabe que eu sei.

O que se produzirá então e o que se nos introduzirá ao que vem a seguir é que:

– enquanto em B2 Bozef, no semblante, ainda poderia reivindicar um pouco de ser dizendo para si mesmo: Ele sabe, mas ele não sabe e eu mesmo ainda posso ser,

– em B3, pelo fato do saber, que se poderia dizer, entre aspas, absoluto do Outro, Bozef, a posição do cogito de Bozef seria a de ser completamente despossuída de seu pensamento.

Nesse nível, se o Outro sabe tudo... não é que o Outro saiba tudo, é que ele não pode mais esconder nada do Outro, mas o problema é esconder o quê? Pois, o que se revela ao Outro naquele momento, não é tanto a mentira em que Bozef o prendeu, é que emerge para Bozef, naquele momento, o fato de sua mentira revelar que de fato, por trás dessa mentira, estava escondida uma mentira de uma natureza completamente diferente e de uma dimensão completamente diferente.

Se o rei está em uma posição – nesta posição R3 – onde ele saberia tudo, esse tudo, quer dizer que é a incógnita mais radical de Bozef, que desaparece, Bozef está em uma posição, a posição em que ele se encontra e o que eu vou demonstrar para vocês, corresponde ao que Lacan chama de posição de eclipse do sujeito, de fading diante do significante da demanda, é o que está escrito no grafo – isso também designa a pulsão, mas não vou falar sobre isso agora – S barrado punção da demanda, $ ◊ D.

Antes que eu continue, gostaria que sentissem bem, já que em R3 nada mais pode ser escondido, então o último esconderijo se abre para o sujeito em B3, quer dizer, aquele que ele não pode não saber escondido. E o que descobre é que, escondendo-se voluntariamente, tendo uma mentira que pudesse designar, estava de fato fugindo de uma mentira da qual nada sabia, que o habitava e que o constituía como sujeito.

Assim, esse saber do qual ele nada sabia vai surgir em R3 ao olhar do Outro que de agora em diante sabe tudo.

Quando digo surgir ao olhar do Outro, é verdadeiramente no sentido literal que esta expressão deve ser entendida, porque o que surge através do olhar desse Outro é precisamente o que foi subtraído durante a criação originária do Sujeito, o que foi subtraído do sujeito, o significante S2, e que o constituiu como tal, como sujeito que suporta a palavra, como sujeito que acede à palavra na demanda, pelo fato da subtração desse significante S2.

Ora, o que está acontecendo aqui? O que está acontecendo aqui é que esse significante S2 reaparece no Real, porque é isso que deve ser dito.

Efetivamente o problema do recalque original, não se pode dizer que o retorno do recalcado original se produza no seio do Simbólico como ocorreria com o recalque secundário, já que é ele próprio o autor. Se reveem, isso só poderia surgir no Real e é como tal que se manifesta, eu diria, por um olhar, um olhar do Real, diante do qual o Sujeito está absolutamente sem recurso.

Não vou me alongar sobre isso, mas se vocês refletirem sobre isso, verão que a posição de saber implicada por R3, pelo Outro em R3, poderia corresponder ao que que se passa, se vocês quiserem, no que seria o Juízo Final, neste ponto em que o sujeito não seria tanto acusado em última instância de mentir no presente, pois justamente no ponto B3 - R3 ele não está mais mentindo, pois se revela em seu não-ser, mas se ele é revelado no só-depois é porque no imperfeito ele nunca cessou de mentir, mesmo quando ele disse uma palavra.

Essa posição também pode indicar para vocês, o Saber em R3 também pode abrir perspectivas, se vocês quiserem refletir, sobre o que seria um saber racista ou segregacionista, mas essa seria uma posição de saber que o sujeito gozaria, de ser, de encarnar este S2 no Real.

Vejam bem, são pistas que lanço aí, já que não é nosso assunto e não voltarei a ele. Seria preciso igualmente articular o retorno desse S2 no Real com o que está envolvido no delírio, articular seriamente a afânise com a posição delirante na medida em que nos dois casos o significante retorna do Real, mas, no entanto, poder-se-ia dizer que no caso do não psicótico que perde a palavra como o psicótico, no entanto, pode-se comparar sua posição com a daqueles povos invadidos por estrangeiros que seguem uma política de terra arrasada, que queimam tudo, queimam tudo para manter algo, quer dizer, para que a invasão não seja total.

É o que se mantém efetivamente, o que resta uma vez que o sujeito desaparece.

Porque, se vocês forem refletir, o que acontece em R3 é que o significante da Urverdrängung retornando ao Real, que é nada menos que o recalque original, é o sujeito do inconsciente, que desaparece: se quiserem, a barra do inconsciente, essa barra que separa (a) e S2, barrando-se faz o S2 aparecer no Real e o (a) no Real, e é isso o que resta, e essa é uma posição de total dessubjetivação.

Chego agora ao ponto mais enigmático do caso, é o dessa posição onde o sujeito se encontra siderado sob o olhar do S2 no Real, posição de sideração, sem palavra diante desse olhar monstruoso. A palavra monstruoso não vem aí por acaso, pois trata-se de fato do que se mostra - que se monstra - que é precisamente a incógnita mais radical e que se esse Sse mostra, que sustenta a palavra ele mesmo, quer dizer seu apagamento, não pode mais advir, e se um monstro é monstruoso isso não é outra coisa senão o corte da palavra.

O ponto do enigma a que chegamos é tentar interpretar de que maneira Bozef estando em B3, se postularmos que ele não permanecerá lá toda a vida, na eternidade como o sujeito medusado,  congelado em pedra sob o olhar da Medusa, o que fará com que o sujeito em B3consiga sair, e como ele vai sair desse lugar?

Então o primeiro passo que eu dou é este de que vocês vejam que naquele momento ele não tem mais o apoio do mensageiro.

O mensageiro estava no fim de seu curso, e no fim do recurso de Bozef e pela primeira vez Bozef se confronta diretamente com o Outro e ele nada pode fazer, esse Outro... quer dizer, aquele a quem a carta se destinava verdadeiramente e a quem ele evitou encontrar tanto quanto possível, nesse momento ele está diante da face desse Outro ... e ele não pode fazer nada além de dizer uma palavra enquanto reconhece esse Outro, uma palavra e apenas uma. O importante é ver a ligação que existe entre o fato de que ele só pode dizer uma palavra, com o fato, com o momento em que ele renuncia ao mensageiro, quer dizer, o momento em que eles dois não se unem para transmitir a mensagem ao Outro.

É igualmente o momento em que o Outro receberá uma mensagem que não virá de dois, não será mais a duplicidade, podemos dizer que a posição da duplicidade naquele momento, interiorizada por Bozef, a metamorfose dividindo-a, que isso é a divisão e o preço de uma palavra.

Vocês veem aí, aliás, que a duplicidade é sem dúvida a melhor defesa contra a divisão. O fato de haver uma ligação entre uma só palavra possível, Bozef vai ser confrontado ao Rei em R3, ele tem apenas uma palavra possível à qual voltarei mais tarde, qual é a única coisa que ele pode dizer? Ele dirá: És tu. Um és tu que se prolonga além do mais, voltarei a isso mais tarde – em um é nós.

E essa única palavra que ele pode lhe dizer, ele lhe diz ao mesmo tempo: Há apenas um a quem eu posso dizer isso e já é da topologia ver que uma palavra só pode ir a um lugar, e a própria língua demonstra a vocês que conhece essa topologia, pois ela lhe diz que alguém que é de palavra tem apenas uma e não pode ter senão uma.

Alguém que não é de palavra, que não tem a palavra, justamente tem mais de uma ou não tem nenhuma, e ao mesmo tempo há a noção da língua do destino, já que, para dar a palavra, só é concebível se puder mantê-la, quer dizer, de fato, estar vinculado a ela.

Então, o ponto ao qual estou chegando é o que indica que a mensagem entregue é “És tu”, e vou escrever para vocês de uma maneira que a leve ao nível... vou escrever uma carta que vai de B3 para R3, B3 e R3 vão se encontrar no nível desta mensagem que vou explicar mais adiante como sendo este enigmático S de A barrado, S(Ⱥ).

Vou lhes dar uma primeira escrita.




O que desenhei no esquema da esquerda é que, desta vez, quando Bozef está de costas contra a parede, ele só pode dizer uma palavra ao rei, pelo próprio fato de estar endereçando essa palavra ao rei, o rei uma última vez se desloca, emigraEmigra do lugar onde estava, quer dizer do Real, emigra novamente no lugar simbólico e se encontra na posição R4, Bozef dizendo “És tu” está na posição B4, o S(Ⱥ) que eu escrevo do encontro, da comunhão entre Be R4, todos os dois com sua barra em comum naquele momento, e por isso eu escrevi na lúnula S2 e S(Ⱥ), espero poder explicitar isso mais rigorosamente no que se segue.

O ponto do enigma sobre o qual gostaria que se detivessem é que, na mensagem entregue em S(Ⱥ), no “És tu”, é que o sujeito que mantém sua palavra - como vimos - está ali em posição, muito mais do que mantê-la, mas de sustentá-la, o que é em tudo e de fato outra coisa.

O que é isso de sustentar uma palavra? É muito mais fácil antes de tudo dizer o que não é, por exemplo, alguém que lhes diz: Penso que quando Lacan diz que o inconsciente é estruturado como uma linguagem, eu penso que ele tem razão, estou de acordo com eleMesmo que o sujeito possa se assegurar de seu pensamento de boa-fé pensando que pensa que o inconsciente é estruturado como uma linguagem, eu lhe pergunto: o que é que isso que prova? Nada mesmo!

Dito de outra forma: é porque um sujeito pensa pensar algo que ele realmente pensa, quer dizer, é porque ele pensa o pensar que a enunciação – o sujeito do inconsciente que está nele – responde pelo que ele diz, ou ainda: ele é responsável pelo que diz? É isso que sustenta sua palavra, entre outras. Esta é uma primeira abordagem.

Dito isso, que nossa enunciação responde, sustenta nosso enunciado, eu ia dizer, Deus seja louvado, disso não há provas. Não há provas, mas o que há eventualmente é um teste, é assim acho que podemos compreender o Passe: o Passe como uma montagem topológica que permitiria fazer contas se efetivamente, quando um sujeito enuncia algo, se ele é capaz de testemunhar, quer dizer, transmitir a articulação de sua enunciação ao seu enunciado. Dito de outra forma, não se trata de dizer, mas de mostrar como é possível não recuar.

A questão, portanto, que que quero fazer avançar um pouco, é que se esse S(Ⱥ) a que Bozef ascende em R4, se ele acessa de acordo com o que mostro, é que é de um certo lugar...não importa a palavra que ele empregue, é banal: És tu, é besteira, não é nada …o peso da verdade nesta mensagem está no fato de que é um lugar.

A questão que agora vou colocar e desenvolver é: esse lugar de onde fala o sujeito é transmissível? Pode acontecer – por exemplo no caso do Passe – pode acontecer com o júri de aprovação? Bem.

O enigma do momento em que um sujeito é capaz, mais do que de manter sua palavra, de sustentá-la, quer dizer, de estar em um ponto em que ascende a algo que deve ser reconhecido como da ordem de uma certeza e de um certo desejo, vamos tentar dar conta disso, não é fácil. Não é fácil porque precisamente em S(Ⱥ) o objeto de desejo ou o objeto de certeza, é algo onde nada pode se dizer. 

Mas, notem isso - finalmente para definir melhor o que quero dizer - é que em geral as pessoas que na vida inspiram confiança em vocês, como se costuma dizer, são precisamente as pessoas que vocês sentem que são desejantes, mas de um desejo que para elas permanece, eu diria, enigmático, velado, e vocês sentem que o objeto de seu desejo é enigmático para elas mesmas.

E ao contrário, aquelas que vão te inspirar, eu diria, um julgamento ético eventualmente de desconfiança, que vai lhes fazer dizer: ele é um hipócrita, ele é um falso ídolo ou ele é ambicioso. , enfim, termos deste gênero , isso não tem importância, são precisamente as pessoas cujo objeto de desejo, vocês sentem, não é desconhecido para elas, que elas podem designá-lo com muita precisão, diria mesmo que o que os preocupa talvez neles é que a voz do fantasma é neles tão forte que não haveria esperança para a voz de S(Ⱥ).

Como estou falando de confiança, vocês podem ver claramente que isso coloca o problema das condições pelas quais um analista deve ser digno de confiança. Como é isso?

Resumidamente, eu diria, neste instante, precisamente que seu desejo não deve ser colocado como aquele que acabo de descrever, mas que seu desejo não deve ter por voz a de colmatar a barra fazendo emergir o objeto, mas que seu desejo é de manter - esta barra - e trazê-la à incandescência como o que se passa no ponto B– R4 onde a barra é levada a este ponto de extrema incandescência, eu diria resumidamente.

Tudo isso ainda não dá conta de por que em S(Ⱥ), quando o sujeito não tem garantias, o que o faz acessar o fato de poder sustentar o que diz? 

E como é preciso dar conta do fato de que, se ele chega lá, é pelo caminho em B– R3 , - vocês lembram - quando o Outro está em posição de Saber absoluto, o sujeito pode chegar em S(Ⱥ) depois de ter experimentado a despossessão de seu pensamento, a despossessão total de seu pensamento.

Suponham, se vocês quiserem ir um pouco mais longe, um analista que não tenha passado por essa despossessão do pensamento e que mantenha com a teoria psicanalítica relações de posse, relações de posse comparáveis, se vocês quiserem, às do Avarento e seu caixão. Um tal analista, em sua relação com a teoria, naturalmente só pode ver o ganho da operação. O ganho da operação é evidente, a coisa está tão a mão e por definição que aquilo que ele não vê é o que ele perde na operação.

O que é que ele perde? Precisamente o que ele perde é a dimensão da topologia que há nele, quer dizer, a dimensão do lugar da enunciação, a dimensão da presença que nele pode responder, presente!,  responder ao que ele enuncia.

O que eu diria então é que, nessa posição, é que o sujeito, o analista em questão, não está em uma posição que corresponda psicanaliticamente ao desmentido, quer dizer, é possível, por um lado, dizer sim ao saber, e, por outro, dizer não ao lugar de onde esse saber é emitido.

Se essa clivagem foi operada, se pode pensar que a verdade que está no sujeito foi que operou essa clivagem, por ter permanecido fora do circuito da palavra, em curto do circuito da palavra, vai como, se vocês quiserem, lhe evocar uma nostalgia absolutamente dolorosa que jamais será revelada.

E é por isso que eu diria, se um falaser começa a trazer de volta este momento e a se fazer ouvir num outro diapasão - Lacan por exemplo - como nos tempos heroicos, o analista em questão...pensem na I.P A. ou mesmo, sem ir tão longe, no que estava acontecendo em nossa casa ...literalmente não pode suportar, pelo eco que lhe reenvia.

Essa clivagem de que lhes falo, que é tentador operar, pois evita a divisão, ela implica efetivamente para o analista, se ele está clivado, implica que seu Outro também esteja clivado e seu Outro está clivado, eu diria, entre um Outro que nunca mentiria e um Outro que mentiria sempre, se vocês quiserem: o Maligno, aquele que engana, e de quem basta desconfiar, para não errar, é suficiente não ser tolo.

Vocês sabem muito bem que Os Não-Tolos Erram, e vocês veem que é a partir da renúncia dessa duplicidade do Outro que o sujeito está necessariamente na posição de passante, quer dizer, de herege. E lhes faço observar que Lacan, mais de uma vez, se designou como herege e nomeadamente como passante.

Minha hipótese transitória, é dizer que na flecha vermelha que vagueia para B–R4, que fazem comunhão S2 e S(Ⱥ), flecha que escrevi na parte superior em roxo, que faz passar do fading $ ◊ D para S(Ⱥ)...



... está aí, o Passe, o movimento pelo qual algo do Passe pode ser dito.

Agora vamos nos aprofundar mais, se quiserem, no caráter escandaloso – essa é a palavra – da mensagem transmitida em S(Ⱥ), a mensagem do herege. Eu lhes disse primeiro, não existem mais essas duas divindades, então não há mais a garantia de um caixão cheio de ouro. O sujeito fala com ele como respondente do que ele diz.

É muito interessante, quando lemos – estou fazendo um rápido parêntese – O Manual dos Inquisidores... e são interessantes porque correspondem letra à letra com o que aconteceu conosco no passado recente ...é que o Inquisidor identifica perfeitamente bem o que está em questão neste S(Ⱥ), identifica-o na sua forma de definir o herege: o herege não é aquele que erra, que está em erro, errare humanum est , é aquele que persevera, quer dizer, aquele que se desvia, quer dizer, aquele que repete, quer dizer, aquele que diz  Eu digo e repito, quer dizer, aquele que postula um Eu para o qual há um outro eu diabólico – errare diabolicum – resposta diabólica, e efetivamente esse eu da enunciação, ele é diabólico porque, como o diabo, é diabolicamente esquivo: o diabo nem sempre mente. Se ele mentisse sempre, isso equivaleria a dizer a verdade.

Vocês veem que o Inquisidor, ele identifica bem o do que se trata, quer dizer, uma articulação entre os dois Eus, no nível deste S(Ⱥ). E é por isso que, diga o que for, ele não pede ao herege a sua confissão, mas o seu desmentido. Vocês sentem a nuance que existe entre os dois, desde que falei com vocês antes, do desmentido no seio mesmo do Inquisidor e desta clivagem dos dois Outros. Além disso, esse desmentido - observem que não estou culpando ninguém - esse desmentido nos espera a todo instante.

Não é totalmente raro ver, por exemplo, um analista em supervisão que, em determinado momento de seu percurso, prefere se deitar no divã ao invés de continuar a supervisão, e o que muitas vezes vemos é que, se ele prefere se deitar, é como se deleitasse - a regra é poder dizer não importa o quê - como se, naquele  momento, ele estivesse liberado do fato de ter que responder pelo que disse, de poder falar sem responsabilidade.

Esse analisante pode crer nisso por um certo tempo até o dia em que descobrir - deitado - que esses significantes pelos quais ele achava não ter que responder - no sentido de responsabilidade - ele terá que responder por eles e, talvez nesse dia, para este analisante, o passe se perfile, porque neste momento, pode-se dizer, ele não é mais discípulo só de Lacan ou de Freud, mas que ele se torna discípulo de seu sintoma, quer dizer, que ele se deixe ensinar e que, se por exemplo, o analisante em questão fosse Bozef, por mais complicada que seja a trajetória de Bozef, ele só poderia descobrir que escrevendo esse traço, que esse traço de certa forma já havia sido traçado, antes mesmo de ele saber ler, nos grafos de um certo doutor Lacan.

Podemos dizer neste momento que o analisante não precisa mais ser o porta-voz do mestre, porque ele não precisa mais ser isso, não precisa mais ser, eu diria, carregado pelo saber do mestre, pois ele se torna seu portador, e é isso que ele entrega em S(Ⱥ).

Eu giro em círculos para me aproximar pouco a pouco, cada vez mais perto, do vivo desse S(Ⱥ). Quer dizer, no ponto em que nós estamos, eu poderia dizer que Bozef seria no final deste percurso, que ele seria responsável pelos grafos que ele escreve e somente naquele momento.

Agora o problema é dar conta efetivamente da natureza dessa certeza e deste gozo do Outro de que Lacan nos fala. Eu tenho que me obrigar a ir rápido porque o tempo efetivamente passa. Em S(Ⱥ), se passa um fenômeno contraditório, que é o de uma comunhão...a palavra é de Lacan em As Formações do Inconsciente, vocês a encontrarão… que é a de uma comunhão que coincide com uma separação entre o sujeito e o Outro.

O paradoxo é entender por que é no momento da dissolução da transferência ao A, que uma certeza pode surgir para o sujeito e, talvezunicamente nesse momento. Para isso, me obrigo a dar um passo atrás, um rápido retorno ao ponto em que estávamos no B– R3: ponto do des-ser.

Nesse ponto eu diria... eu sou obrigado porque para compreender qual é a natureza da emergência do sujeito em estado puro ... em B– R3, rapidamente, o sujeito estava numa posição em que o recalque originário teria desaparecido, fixado pelo olhar do Real.

O que vai permitir que o sujeito se desprenda…lembrem-se, aliás, que ao sujeito da fixação Freud articula o recalque originário ...o que vai permitir ao sujeito se desprender, o que permitirá ao Outro, que está no Real, reintegrar seu lugar simbólico? É aí, aliás, que a arte do analista deverá saber se fazer ouvir.

Um exemplo: um analisante nesta posição, onde para ele o saber do Outro passeia dessa forma no Real, pressiona seu analista - para ver de que maneira o analista vai se manifestar, de onde lhe falará - lhe telefona um dia para apressar um encontro para ver a reação.

O analista responde: Se for necessário, nós nos vemos. A mensagem - o significado - não tem nada de muito original, mas esta mensagem tem o efeito de uma interpretação radical para o analisante, o efeito é conseguir reconduzir o Outro a seu lugar simbólico, muito simplesmente pela articulação sintática que fez o analista ao encontrar a fórmula “Se for necessário”, pela introdução do “for”, assujeitando-se como o analisante à dominância, à predominância do significante.

No ponto B– R3 onde o sujeito está sem recurso, ele é sem recurso: para entender a noção desse sem recurso, evoquem os terrores noturnos da infância. Por que a criança está efetivamente no escuro nesta posição? Eu diria que precisamente no escuro o que se passa com a criança é que ela não tem como achar um canto que não seja o de estar sob o olhar do Outro, porque no escuro não há recanto.

E é precisamente em resposta ao fato de que, sob o olhar do Real, não há, para o sujeito, em B– R, recurso ao menor canto. A ajuda que apela ao significante do Nome do Pai vai criar um recanto, quer dizer, um recanto que vai subtraí-lo ao Outro, mas que também vai subtraí-lo de si mesmo constituindo-o como ignorante, pois é justamente esse canto de si mesmo, canto em que ele tem mais de si próprio, onde ele é mais simbólico de si mesmo, que ele será evaporado.

Eu diria que naquela época – as Escrituras nos dizem: Faça-se a luz – o  que se trata mesmo naquela época é de Fiat furo, que é uma expressão de Lacan. E, pode ser que tenha sido isso que se passou na fórmula sintática que mencionei anteriormente. Dito isto, é o que faz com que o sujeito – eu circulo em torno dele o tempo todo, vocês veem – que perdeu a fala, a reencontre e possa dizer esse És tu?

Bem, eu diria que por causa da operação da intervenção do significante do Nome do Pai...que recriou o recalque original, que fez o S2 desaparecer e recolocou o objeto (a) em seu lugar ...por causa da operação desse significante do Nome do Pai, o Sujeito acede a outro ponto de vista, um ponto de vista onde não faz a equivalência entre o saber do Outro e a chave que – nele – falta. Ele descobre que não é porque o Outro reconhece que lhe falta, que não há nele a chave, que lhe falta a chave essencial do seu ser, não é porque o Outro a reconhece, que ele a conhece.

Diria mesmo que quando ele descobre que o Outro pode reconhecer a existência desta chave, sem a conhecer, quer dizer, por não poder restituí-la a ele, se num primeiro tempo ele pode cair em desespero, na verdade é esperar que isso possa apresenta-lo, porque se o Outro está em condições de reconhecer isso que ele não conhece, isso o introduz à dimensão do fato de que o próprio Outro perdeu essa mesma chave, que ele sabe muito bem  de qual falta se trata, e a esperança que então se abre é apresentar a ausência dessa coisa perdida, o inscritível, e a esperança é precisamente que o inscritível possa cessar de não se escrever. E é isso o que é entregue em S(Ⱥ).

O paradoxo implausível a que chegamos, se assim podemos dizer, é como um significante – esse significante do S(Ⱥ) – pode assumir essa contradição impensável, de ser ao mesmo tempo o que mantém aberta a hiância do que não cessa de não se escrever... quando vocês leem, quando vocês ouvem uma música que lhes aborrece ou um poema que lhes aborrece, a palavra que bate em vocês, podemos dizer que ela reabre ao máximo essa dimensão do recalque original …como então esse significante pode assumir essa contradição de manter essa hiância e ao mesmo tempo ser o que não cessa de não se escrever, por exemplo uma nota muito banal da escala diacrônica, um lá bem besta?

Vocês veem que esse desafio, portanto, é o que se alcança em nosso terceiro tempo do S(Ⱥ), do qual se poderia dizer que a produção desse S(Ⱥ), é o resultado de uma dialética última entre o sujeito e o Outro através do qual um e outro, juntando-se a dois, se assim posso dizer, ressuscitam literalmente num movimento de reencontro...pelo qual, repito, Lacan não hesitou em empregar a palavra comunhão na produção do dito espirituoso …esta mesma barra, esta mesma barra cujo paradoxo é associar e dissociar ao mesmo tempo.

A partir disso... se vocês quiserem - desse encontro entre o sujeito e o Outro, algumas precisões, três precisões:


– Trata-se de uma comunhão, não se trata de uma colaboração. Sabemos do que o sujeito é capaz quando se faz colaborador.

– Outro ponto: este modo de comunhão que ocorre em S(Ⱥ) é um modo em que – naquele momento – o sujeito não recebe sua mensagem de forma invertida, pois seria o único tempo improvável, fora do tempo, verdadeiramente fora do tempo, em que o sujeito e o Outro se comunicariam no mesmo saber ao mesmo tempo.

– Quando ouço saber, é precisamente o saber dessa barra, desse não-ser.

 

Vocês veem que a experiência dessa falta a ser em S(Ⱥ)...é preciso justamente saber distingui-la da aphanisis que - ela - é, poder-se-ia dizer, uma excomunhão do sujeito - ali não se trata de ser, ali se pode dizer que se trata efetivamente de uma comunhão em não-ser ...que é nessa comum união do significante S2 e do significante que falta ao Outro que esse significante é entregue que eu articulo, que agora vou articular mais de perto no Passe.

Pode-se dizer, se quiserem, que a barra do sujeito e o Outro, comungando juntos, carrega o sujeito... na incandescência desta falta compartilhada …para as próprias fontes da existência, muito além do objeto, muito além do fantasma. O próprio fato de que por essa via o sujeito renunciar ao fantasma, curto-circuitá-lo, demonstra, naquele momento, que o que ele acentua é a busca dessa experiência da falta em seu estado puro. Enfim vocês veem que o próprio desta resposta…o És tu, tal como eu a defino no momento…que a essência desta resposta é que é uma metáfora em estado puro.

Se você quiserem, se o sujeito tivesse respondido: És tu, para o Outro que lhe teria perguntado: Então, sim ou não, sou eu? e que então ele lhe teria respondido, sua palavra, seu enunciado, teria sido o mesmo, mas não teria esse efeito de mensagem de S(Ⱥ), de estar situada em um contexto, eu diria, puramente metonímico, como este afásico descrito por Jakobson que, por meio de afasia metafórica, não conseguia pronunciar o advérbio não (n, a, o, ~) salvo que lhe dissessem: Diga não.  Ponto em que ele poderia responder: Não, já que eu lhe digo que não posso dizer..., demonstrando, se quiserem, que a própria palavra, se for despojada de seu lugar de enunciação, ela mesma cai como um simples resto metonímico e perde seu valor de mensagem metafórica, tanto que vocês podem ver que - voltarei a isso - este S(Ⱥ) só tem sentido articulado a seu lugar de emissão.

Bom ! Como já é tarde, terminarei com o problema do Passe, saltando um certo número de coisas.

Vamos voltar à nossa história de Bozef. Podemos dizer que Bozef, tal como as coisas se passaram, passou o Passe?

Quer dizer, vemos que Bozef - chegou entregando sua mensagem, És tu - corresponde ao que identifiquei, quer dizer, ter conseguido passar sem um intermediário - não se é mais dois, se é apenas um - para se endereçar a um lugar. Bozef, portanto, chegou ao ponto, o ponto topológico da enunciação articulada à sua mensagem enunciada. Mas estando Bozef neste ponto, é que por tudo isso - se ele está, como se diria, passando - é que por tudo isso ele é capaz de testemunhar, de prestar contas de que ele está no Passe de onde ele fala? Ele é capaz disso?

O próprio rei - que estaria - em R4 - na posição de analista - é capaz de reconhecer o lugar de onde fala Bozef. Ele ouve. Mas o rei... não é por acaso que o rei é o analista - o rei não é o júri de aprovação.

Retorno à minha pergunta: se todo o valor da mensagem S(Ⱥ) é a de que ela é emitida de um determinado lugar, como esse lugar pode ser transmitido e chegar ao júri? Porque, em S(Ⱥ) Bozef pode sustentar o que diz, mas em nome de uma verdade que ele se encontra experimentando, mas da qual nada sabe: ele nada sabe deste lugar. Dito de outra maneira: se Bozef está, de certa forma, no Passe, eu não diria que ele ocupa a posição de passante, na medida em que está colocado no lugar da verdade, naquele momento, ele não está em posição de dizer qualquer coisa. Podemos ao mesmo tempo falar deste lugar: B– R4, e dizer este lugar?

Já o dissemos: se o que é próprio deste S(Ⱥ) é o fato de não poder ser escondido em nenhum caixão... para retornar à nossa metáfora do analista possessivo ... agora estamos dando um passo adiante e agora estamos dizendo que - que enquanto lugar, este lugar não pode ser dito tal qual, não pode chegar tal qual ao júri.

Bem, vou ilustrar isso da seguinte maneira: quando vocês ouvem um analista lacaniano, um discípulo lacaniano, falar do passante Lacan – já que Lacan se definiu como não cessando de passar o Passe – quando vocês ouvem esse passador, vocês podem dizer que ouvindo este passador vocês ouvem de onde Lacan fala?

Vocês não podem dizer isso! De onde Lacan fala, o S(Ⱥ) de Lacan, vocês podem eventualmente localizá-lo ao ouvi-lo ou ao lê-lo. Mas, quando vocês o ouvem, vou apontar isso para vocês – e estou dando um passo a mais aqui – é sempre suportado por um escrito.

Outro exemplo: vocês acham que o que aconteceu com a psicanálise, antes de Lacan colocar as mãos nela, seja atribuível unicamente ao fato de que os analistas da época eram pobres passadores, ou que o júri de aprovação que eles representavam, lhe agradava de uma tal forma que não era bem isso. Ambas as hipóteses podem ser verdadeiras, mas não suficientes.

Se Lacan, em determinado momento, lembrou aos analistas que eles fariam melhor em ler Freud do que ler Fenichel, o que ele disse a eles ao lembra-los disso, , exceto se eles realmente quisessem concordar com Freud, que eles precisavam de um passador, eu ia dizer digno desta definição, quer dizer, o dispositivo topológico.  A escrita de Freud que testemunha que Freud não separa o que ele diz do lugar de onde ele diz, e que se queremos operar... como em certas sociedades de psicanálise …um nivelamento na obra de Freud… vocês ouvem que no nivelamento a palavra vel é barrada, quer dizer, não ouvimos mais a dimensão do falaser Freud … o que acabamos fazendo é efetivamente nos tornarmos presas da possessão da teoria para guardá-la no caixão.

O que é que se passa: não há perigo se o analista não se tornar um passante?

Quer dizer que se - eu poderia dizer - a própria leitura de Freud...do passador Freud, ao manifestar sua decisão, ... não opera em si mesmo um efeito de divisão, quer dizer, esta exigência de S(Ⱥ) faz sentir que Freud, em si [S(Ⱥ)], testemunha esse lugar indivisível do que diz e que o torna o respondente herético de sua palavra.

Porque o que é próprio do escrito, não é... vou dar-lhes este último exemplo antes de concluir... a característica de um escrito, seja ele qual for, é que em um escrito o sujeito do enunciado e o sujeito da enunciação podem estar presentes, mas isso não significa que o escrito será passador, o escrito será apenas um passador se os dois eus forem, de forma transmissível, articulados.

Tome-se o exemplo um tanto característico do intérprete, do ator: um intérprete dilacerado, quando interpreta um texto, um pedaço de escrito, ele rasgado por um júri que é o espectador, suas lágrimas vão fazer com que escorram as suas e o que quer que ele diga, porque está atuando, terá efeito. Podemos dizer que se ele chorar, se estiver chateado, algo parte, é a sua enunciação que é posta em movimento pelos significantes do autor. Então, o que estou lhes dizendo é que não é o intérprete que é o passador do texto, é o texto que é o passador da enunciação do ator.

Eu mesmo ouvi dizer na Escola Freudiana – são coisas que se dizem – que alguns dos passantes que teriam sido aprovados pelo júri, se o passante for aprovado, é porque ele teria podido suscitar em seu passador uma enunciação do passador que, ele por sua vez, passa pelo júri e que, passando, faz passar o resto, quer dizer, o passante. 

Volto ao meu ponto de partida para mostrar que é ainda mais complicado do que isso.

Se o próprio autor – de quem estou falando – desempenhou seu próprio papel na ficção de que lhes falei, isso não prova... se ele interpretou seu próprio personagem, se ele o interpretou com perfeição, clamando pela verdade, como se diz, - aconteceu com grandes autores como Moliére … isso não prova… se o acaso aceitasse essa ficção, se o acaso da vida o fizesse encontrar a mesma situação que havia descrito para seu personagem ...isso não prova que, naquele momento, ele não seria desajeitado, que ele não ficaria embaraçado.

E, no entanto, os significantes em questão não são, quanto ao ator, significantes emprestados, seriam em princípio seus próprios. Então chego à ideia de que o autor não é de modo algum sobreponível ao que ele encena e volto para Bozef. E eu termino com isso.

Bozef, portanto, em S(Ⱥ) está na posição de ser passante, mas não está na posição de testemunhar de onde está passando. O que pode dar conta da posição – eu lhes pergunto – da qual ele fala, senão esse encadeamento de grafos que desenhei para vocês – infelizmente não os terminei – que desenhei para vocês no quadro.

Se essa hipótese for verdadeira... quer dizer, se o passador, essa escrita, esses grafos funcionarem como passadores na medida em que testemunham o lugar da enunciação estritamente articulada ao enunciado. …quem é o passador, já que não é Bozef? Vou responder de forma bem simplesmente e direi que, basicamente, o passador é o escritor que colocou em ordem, que escreveu, que escreveu esse escrito, esses grafos. Eu diria mesmo que, por exemplo, se Lacan diz que não cessa de passar o Passe, talvez seja por essa razão.

Ele não cessa - e podemos pensar que não cessará jamais - ele não cessa porque, seminário após seminário, ele cria, ele ressuscita o passador, que é sua escrita, quer dizer, ele cria as condições para sua divisão. Ele criou…como Bozef em dado momento de seu percurso, encostado no muro, ele se coloca no lugar do transmissor para se tornar ao mesmo tempo emissor e transmissor, na flecha roxa, quando renuncia ao intermediário ... Lacan, seminário após seminário, criando e recriando seu passador, não pode efetivamente cessar de passar o Passe, sobretudo porque o Outro a quem se endereça certamente não é um júri do qual espera um amém qualquer.

Se... posso imaginar as reações - não é! - negativas que me retorquirão por dizer que um texto poderia servir de passador para um júri. Aliás, aprendi incidentemente com Jean Clavreul, com uma proposição que ele fez há alguns anos, de pensar essa noção de uma escrita como um passador. A objeção que me será feita imediatamente é dizer: fazer de um escrito um passador, efetivamente então se trata de fazer um relatório, um relatório e - por que não? - um diploma universitário? Naturalmente, a resposta que darei de imediato a este contraditor será dizer:

 

– Se a pessoa que escreve, se o Outro a quem se endereça é identificável por um júri, efetivamente o que produzirá acabará por ser eventual e efetivamente um relatório, talvez excelente, mas efetivamente universitário.

– Mas se neste escrito ele testemunha, como penso que tentei fazer, do lugar, do modo como um enunciado e uma enunciação se articulam topologicamente de forma fundamentada e articulável, e que - além do que é articulado nas entrelinhas - passa a presença que responde à escrita, a presença respondente, herética, que - ela - é a garantia de que não se trata de uma escrita universitária, mas sim de uma escrita que cria as disposições topológicas onde ao mesmo tempo um falaser assume, enfim... vive ao mesmo tempo sua divisão de passador-passante.

Bem, para concluir, o que lhes direi é que não é por outra coisa senão as consequências mesmas desta hipótese de trabalho que não me autorizou a fazer o Passe como topologicamente ele funciona neste momento na Escola Freudiana, que me fez produzir o que me parece ser este passador que é esta escrita, que pelo seu dispositivo topológico colocado em ordem, me permitiu dar conta de uma possível articulação transmissível entre os dois eus.

Para quem esta escrita era destinada quando eu a fiz, eu não tinha estritamente nenhuma ideia antes do Dr. Lacan me pedir para falar, a vocês, sobre isso.

 

 

TEXTO EM FRANCÊS


L’insu que sait de l’une-bévue s’aile à mourre

Séminaire de 1976-1977

Jacques Lacan

 

Leçon 6

08 Février 1977


Ah ! Je me casse la tête contre ce que j’appellerais – à l’occasion – um mur. Un mur bien sûr, de mon invention, c’est bien ce qui m’ennuie. On n’in­vente pas n’importe quoi. Et ce que j’ai inventé est fait um somme pour expliquer – je dis expliquer je ne sais pas très bien ce que ça veut dire – expliquer Freud. Ce qu’il y a de frappant, c’est que dans Freud, il n’y a pas trace de cet ennui ou plus exactement de ces ennuis, de ces ennuis que j’ai et que je vous communique sous cette forme : je me casse la tête contre les murs. 

Ça ne veut pas dire que Freud ne se tra­cassait pas beaucoup, mais ce qu’il um donnait au public c’était apparem­ment de l’ordre, j’ai dit de l’ordre d’une philosophie, c’est-à-dire qu’il n’y avait pas… j’allais dire qu’il n’y avait pas d’os, mais justement, il y avait des os et ce qui est nécessaire pour marcher tout seul, c’est-à-dire um squelette, voilà. 

Je pense que là vous reconnaissez la figure – si toutefois je l’ai bien dessinée – la figure où j’ai, d’um seul trait, figuré l’engen­drement du Réel, et que ce Réel se prolonge um somme par l’Imaginaire puisque c’est bien de ça qu’il s’agit, sans qu’on sache très bien où s’arrê­tent le Réel et l’Imaginaire. 

Voilà, c’est cette figure-là, qui se transforme um cette figure-là: 



Je ne vous le donne que parce qu’um somme c’est le premier dessin où je ne m’embrouille pas, ce qui est remarquable, parce que je m’embrouille toujours, bien sûr.

Um, je voudrais quand même passer la parole à quelqu’um à qui j’ai demandé de bien vouloir ici venir émettre um certain nombre de choses qui m’ont paru dignes – tout à fait dignes – d’être énoncées. 

En d’autres termes, je ne trouve pas le nommé Alain Didier-Weil mal engagé dans son affaire. 

Ce que je peux vous dire, c’est que pour moi je me suis beaucoup attaché à mettre à plat quelque chose. La mise à plat participe toujours du système, elle en participe seulement, ce qui n’est pas beau­coup dire. Une mise à plat, par exemple celle que je vous ai faite avec le nœud borroméen, c’est un système. 

J’essaye, bien sûr de le concasser, ce nœud borroméen, et c’est bien ce que vous voyez dans ces deux images.

L’idéal, l’Idéal du Moi, en somme, ça serait d’en finir avec le Symbolique, autrement dit de ne rien dire. Quelle est cette force démo­niaque qui pousse à dire quelque chose, autrement dit à enseigner, c’est ce sur quoi j’en arrive à me dire que c’est ça, le Surmoi. C’est ce que Freud a désigné par le Surmoi qui, bien sûr, n’a rien à faire avec aucune condition qu’on puisse désigner du naturel. 

Sur le sujet de ce naturel, je dois quand même vous signaler quelque chose, c’est que je me suis atta­ché à lire quelque chose qui est paru à la Société Royale de Londres et qui est um Essai sur la rosée. Ça avait la grande estime d’um nommé Herschel qui a fait quelque chose qui s’intitule Discours préliminaire sur l’étude de la philosophie naturelle

Ce qui me frappe le plus dans cet Essai sur la rosée, c’est que ça n’a aucun intérêt… Je me le suis procuré, bien entendu, à la Bibliothèque Nationale où j’ai comme ça de temps um temps quelque personne qui fait um effort pour moi, une personne qui est là-bas musicologue et qui est um somme pas trop mal placée pour me procurer. Dans l’occasion, comme je n’avais aucun moyen d’avoir le texte original qu’à la rigueur j’aurais pu arriver à lire, c’est une traduc­tion que je lui ai réclamé…il a été traduit um effet, cet Essai sur la rosée  a été traduit…de son auteur William Charles Wells …il a été traduit par le nommé Tordeux, maître um pharmacie et il faut vraiment énormément se forcer pour y trouver le moindre intérêt.

Ça prou­ve que tous les phénomènes naturels ne nous intéressent pas autant, et la rosée tout spécialement, ça nous glisse à la surface. C’est tout de même assez curieux que la rosée, par exemple, n’a pas l’intérêt que Descartes a réussi à donner à l’arc-um-ciel. 

La rosée est um phénomène aussi naturel que l’arc-um-ciel. Pourquoi est-ce que ça ne nous fait ni chaud ni froid? C’est très étrange, et c’est bien certain que c’est um raison de son rapport avec le corps que nous ne nous intéressons pas aussi vivement à la rosée qu’à l’arc-um-ciel, parce que l’arc-um-ciel, nous avons le sentiment que ça débouche sur la théorie de la lumière, tout au moins nous avons ce sentiment depuis que Descartes l’a démontré. Oui. Enfin, je suis per­plexe sur ce peu d’intérêt que nous avons pour la rosée. Il est certain qu’il y a quelque chose de centré sur les fonctions du corps, qui est ce qui fait que nous donnons à certaines choses um sens. La rosée manque um peu de sens. 

Voilà tout au moins ce dont je témoigne après une lec­ture que j’ai faite aussi attentive que je pouvais de cet Essai sur la rosée

Et maintenant je vais donner la parole à Alain Didier-Weill, en m’excu­sant de l’avoir un petit peu retardé. Il n’aura plus qu’une heure um quart pour vous parler, au lieu de ce que je croyais avoir pu lui garantir, c’est-­à-dire une heure et demie.

Alain Didier-Weill va vous parler de quelque chose qui a um rapport avec le Savoir, à savoir le je sais ou le il sait. C’est ce rapport entre le je sais et le il sait sur lequel il va jouer.

 

Alain Didier-Weill:

- On peut dire que je vais parler de la Passe?  

 

Lacan:

- Vous pouvez parler de la Passe également.

 

 

Alain Didier-Weill

Le point d’où j’étais arrivé à proposer au Dr Lacan les élucubrations que je vais vous soumettre, me vient de ce que représente pour moi ce qu’on nomme dans l’École freudienne, la Passe. Effectivement une rumeur circule depuis quelque temps dans l’École, c’est que les résultats de la Passe qui fonctionnerait depuis um certain nombre d’années ne répondraient pas aux espoirs qui y avaient été mis. Étant donné que cette idée comme ça qu’il y aurait l’idée d’um échec de la Passe, c’est quelque chose que personnellement je supporte mal, dans la Passe où pour moi elle semble garantir ce qui peut préserver d’essen­tiel et de vivant pour l’avenir de la psychanalyse. 

J’ai cogité um petit peu la question, et il me semble avoir trouvé éventuellement ce qui pourrait rendre compte d’um montage topologique qui n’existe pas et qui rendrait compte du fait que le jury d’agrément n’arrive peut-être pas à utiliser, et à utiliser ce qui lui est transmis pour faire avancer les problèmes cruciaux de la psychanalyse. 

Le circuit que je vais mettre um place devant vous prétend métaphoriser par um long circuit dans lequel seraient représen­tables les mouvements fondamentaux…vous verrez que j’um désigne trois très précisément …à l’issue desquels um sujet et son Autre peuvent arriver à um point précis, très repérable…que j’appellerai B4-R4 – vous verrez pourquoi …et à partir duquel j’articulerai ce qui me semble pou­voir être, et le problème de la Passe, et celui de – peut-être – la nature du court-circuit, de ce qui pourrait court-circuiter topologiquement ce qui se passerait au niveau du jury d’agrément. 

Um, je commence donc.

 Les sujets que j’ai choisis pour vous présentifier nos deux partenaires analytiques, peuvent vous être rendus familiers um ce qu’ils correspon­draient d’une certaine façon aux deux protagonistes les plus absentifiés de l’histoire de La lettre volée que vous connaissez, ceux-là même dont du début à la fin il n’est pas question, à savoir l’émissaire…celui qui serait ’émissaire de la lettre qui est tellement exclu que Poe même, je crois, ne le nomme même pas …et à savoir le récepteur de la lettre, qui – nous le savons, Lacan nous l’a montré – est le roi. 

Si vous le permettez, je bap­tiserai pour la commodité de mon exposé, le sujet du nom de Bozef et je garderai au destinataire son nom, celui du roi. Tout mon montage va consister à substituer au court-circuit…par lequel le conte de Poe tient ses deux sujets hors du cheminement de la lettre …à um long circuit um chicane par lequel la lettre partant de la position B1 finira par aboutir à la posi­tion B4. Les numérotations 1 et 4 que je vous indique, vous indiquent déjà que je serai amené à distinguer 4 places qui différencieront 4 posi­tions successives du sujet et de l’Autre. Je commence donc par B1.

Vous voyez que B, la série des B, correspond au sujet Bozef, la série des R1, R2, R3correspond à la progression des savoirs du Roi : R1, R2, R3. Par B1, si vous voulez, je qualifie l’état, je dirais d’innocence du sujet, voire de niaiserie du sujet, quand il se soutient uniquement de cette position subjective qui est celle : l’Autre ne sait pas, le roi ne sait pas. 

Ne sait pas quoi ? Eh bien tout simplement…peu importe le contenu de la lettre …tout simplement ne sait pas que le sujet sait quelque chose à son endroit. 

R1 représente donc l’ignorance radicale du Roi.  Donc on pour­rait dire que dans la position B1, ce serait la position niaise du cogito qui pourrait sécrire : Il ne sait pas, donc je suis. 

Lhistoire, si vous voulez, cette position vous est familière dans la mesure où nous savons que c’est une position que nous connaissons par l’analyse : l’analysant bien souvent – nous le savons – choisit son analyste um se disant inconsciemment, um se disant :  Je le choisis celui-là, parce que lui je vais le rou­ler, et nous savons que ce qu’il craint le plus um même temps, c’est d’y arriver.

Alors à partir de ce montage élémentaire, je continue. Avant de mettre en place le graphe de Lacan,  voilà comment les choses se passent. 

Je fais maintenant – l’histoire commence -  je fais maintenant intervenir quelqu’un que j’appelle – vous voyez ce que j’ai nommé M – M, j’appellerai ça le messager. 

C’est-à-dire que en B1 un jour, Bozef qui est en B1, va confier au messager dans la position de M1, le message que j’ai appelé m1, et en m1 il lui dit : l’Autre ne sait pas, le roi ne sait pas. 

Le messager est fait pour ça, cest bien sur um traître,  il transmet au roi le message mlqui se transforme um m’1, c’est-à-dire que le roi passe de la position de lignorance du R1, à la position R2 dum savoir élémentai­re qui est : l’autre sait – c’est-à-dire le sujet sait – quelque chose à mon endroit. 

À partir de là, le message va revenir à Bozef, notre sujet, sous forme inversée. Il va revenir de deux façons disons, il va revenir parce qu’il y aura um mouvement d’aller et retour, le messager va lui dire, va venir le retrouver, si on veut, et va lui dire : J’ai dit au roi ce que tu mavais dit. J’ai appelé ce message m’’1, c’est un retour sur le plan de l’axe – sur le graphe – sur l’axe i(a) : si vous voulez, c’est la relation spéculaire. 

Un autre message arrive à Bozef qui se placera, lui, sur la trajectoire de la subjectivation – que j’ai dessiné en vert – qui arriverait directement donc sur le plan, par le plan symbolique. 



Vous voyez donc que le point impor­tant là, est le fait que Bozef… qui était dans la position d’une niaiserie, de la niaiserie um B1, du fait de l’inversion du message qui lui revient, c’est-­à-dire cette fois : l’Autre sait …est déplacé. 

Il ne peut plus rester um B1, il se retrouve um B2.  Et um B2, je dirai qu’il est là dans la position du sem­blant, il peut encore se soutenir de la position que je dirai être celle de la duplicité puisqu’um B2 il peut encore se dire: 

 

                    Oui, il sait, mais il ne sait pas que je sais qu’il sait.

 

Alors je vais maintenant écrire, avant d’aller plus loin, le premier épisode sur le graphe de Lacan:

 


Là, la position de l’Autre, le message part de l’Autre. Là, c’est la posi­tion moïque de Bozef que j’écris B1. Le message part de Bozef qui confie au messager – qui serait le petit i’(a) – le message que j’ai appelé m1, c’est­-à-dire que ce circuit dit : il ne sait pas. 

Le messager fait son office, trans­met ce message par cette voie qui fait passer le roi de R1 um R2. L’effet à partir de là, à partir de la nouvelle position de l’Autre va porter Bozef qui était là B1…ici um effet sujet élémentaire où il se produira, ce que Lacan appellerait le signifié de l’Autre …au niveau B2, c’est-à-dire qu’on peut aussi dessiner cette flèche.

Bozef reçoit également un message, on pourrait dire, au niveau, dans l’axe petit a – petit a’ du messager. Vous voyez donc que notre sujet Bozef est en B2

Je vais maintenant introduire un autre graphe de Lacan. Je continue donc. 

J’ai laissé – vous le voyez – Bozef um B2, se soutenant de la position de duplicité que je vous ai décrite, puisqu’il est um position de maintenir l’idée de l’ignorance de l’Autre. Maintenant les choses… c’est là que les choses commencent à devenir vraiment intéressantes pour nous et nettement plus compliquées. 



À partir de cette position B2 de Bozef, voilà ce qui va se passer:  Bozef continue le jeu de la transmission de son savoir, c’est-à-dire qu’au messager que je dessine um position M2, il va trans­mettre um deuxième message que j’appelle m2 et dans ce message il lui dit : Oui, il sait, mais il ne sait pas que je sais. 

Le messager um M2 fait le même travail, retransmet ce message au roi, le roi passe donc à um nou­veau savoir, passe de R2 um R3, le savoir du roi à ce point-là est : Il sait que je sais qu’il sait que je sais. Mais ça, Bozef ne le sait pas encore, il ne le saura que quand le messager fait une dernière navette, revient vers Bozef et lui confie :  J’ai dit au roi que tu sais qu’il sait que tu sais qu’il sait, c’est-à-dire que, um ce point Bozef que nous avions laissé um B2  est propulsé à une nouvelle position que j’appelle B3, à partir de laquelle nous allons interroger le graphe de Lacan – le deuxième – d’une façon toute particulière et à partir de laquelle nous allons commencer à pou­voir introduire ce qu’il um est de la Passe.

Je vais donc terminer le schéma avant de continuer. Voici M2, m’1, m”1. Bozef que j’avais laissé um B2 ici:



Je le remets ici um B2:



C’est-à­-dire qu’ici il transmet à M2, il lui transmet m2, il lui dit : Il sait, mais il ne sait pas que je sais qu’il sait. Comme tout à l’heure ce message par­vient à l’Autre également comme ceci: 



Et le retour de ce message à Bozef le met dans cette position très particulière d’être confronté à um Autre auquel il ne peut plus rien cacher : Le Roi.

Um, j’espère que vous me suivez, quoi que ce soit um peu um chicane. 

Qu’est-ce qui se passe donc esign esign est um R3, c’est-à-dire esign il est dans la position du savoir que je vous ai esigne, et que ce savoir est connu par le retour du messager à Bozef, c’est-à-dire que Bozef peut penser: Le roi sait que je sais qu’il sait que je sais. 

Ce qui va se produire à ce moment-là et ce qui va nous introduire à la esig, c’est que:

 

      alors qu’en B2 Bozef, dans le semblant, pouvait encore prétendre à un petit peu d’être en se disant : Il sait, mais il ne sait pas et je peux quand même en être encore, 

      en B3, du fait du savoir, qu’on pourrait dire entre guillemets absolu de l’Autre, Bozef, 

la position du cogito de Bozef serait d’être complètement dépossédé de sa pensée. 

 

À ce niveau-là, si l’Autre sait tout… c’est pas que l’Autre sait tout, c’est qu’il ne pourrait plus rien cacher à l’Autre, mais le problème c’est cacher quoi ? Parce que, ce qui se révèle à l’Autre à ce moment-là, c’est pas tellement le mensonge dans lequel le tenait Bozef, c’est qu’émerge pour Bozef à ce moment-­là le fait que son mensonge lui révèle qu’um fait, derrière ce mensonge, était caché um mensonge d’une tout autre nature et d’une toute autre dimension. 

Si esign est dans une position – dans cette position R3 – où il saurait tout, ce tout, c’est-à-dire l’incognito le plus radical de Bozef, qui disparaît, Bozef est um position, la position dans laquelle il se trouve et ce que je vais vous démontrer, correspond à ce que Lacan esi la position d’éclipse du sujet, de fading devant le signifiant de la demande, ce qui s’écrit sur le esig – cela designe aussi la pulsion, mais je ne vais pas parler de ça maintenant – S barré poinçon de la demande, $  D

Il faut avant que je continue, je voudrais que vous sentiez bien que, puisqu’um R3 plus rien ne peut être caché, alors s’ouvre pour le sujet B3 la dernière cachette, c’est-à-dire celle qu’il ne savait pas cachée. Et ce qu’il découvre, c’est qu’um cachant volontairement, um ayant um men­songe qu’il pouvait désigner, il éludait um fait um mensonge dont il ne savait rien, qui l’habitait  et qui le constituait comme sujet. 

Donc, ce savoir dont il ne savait rien va surgir um R3 au regard de l’Autre qui désormais sait tout. 

Quand je dis surgir au regard de l’Autre, c’est véritablement au sens propre qu’il faut entendre cette expression, car ce qui surgit par le regard de cet Autre, c’est précisément ce qui avait été soustrait lors de la création originaire du Sujet, ce qui avait été soustrait du sujet, le signifiant S2, et qui l’avait constitué comme tel, comme sujet supportant la parole, comme sujet accédant à la parole dans la demande,  du fait de la soustraction de ce signifiant S2

Or, que se passe-t-il ?  Voici que ce signifiant S2 réapparaît dans le Réel, car c’est ça qu’il faut dire.

Effectivement le problème du refoulement originaire, on ne peut pas dire que le retour du refoulé originaire se produit au sein du Symbolique comme le ferait le refoulement secondaire, puisqu’il um est lui-même l’auteur.  S’il revient, ça ne saurait être que dans le Réel et c’est um tant que tel qu’il se manifeste, je dirais, par um regard, um regard du Réel, devant lequel le Sujet est absolument sans recours.

Je ne vais pas épiloguer là-dessus, mais si vous y réfléchissez, vous ver­rez que la position de savoir impliquée par R3, par l’Autre um R3, pour­rait correspondre à ce qui se passe, si vous voulez, dans ce que serait le Jugement Dernier, dans ce point où le sujet ne serait pas tant accusé fina­lement de mentir dans le présent, puisque justement au point B3-R3il ne ment plus, puisqu’il est révélé dans son non-être, mais par l’après-coup ce qui lui est révélé, c’est qu’à l’imparfait il ne cessait de mentir, alors même qu’il disait um mot. 

Cette position pourrait aussi vous indiquer, le Savoir um R3 peut aussi ouvrir des perspectives, si vous voulez réfléchir, sur ce que serait le savoir raciste ou ségrégationniste, mais ça serait une position de savoir dont jouirait le sujet, d’être, d’incarner ce S2 dans le Réel.

Vous voyez, c’est des pistes que je lance là, puisque c’est pas notre sujet et j’y reviens pas.  Il faudrait également articuler le retour de ce S2 dans le Réel avec ce qu’il um est du délire, articuler sérieusement l’apha­nisis avec la position délirante dans la mesure où dans les deux cas le signifiant revient dans le Réel, mais cependant on pourrait dire que dans le cas du non-psychotique qui perd la parole comme le psychotique, néanmoins on pourrait comparer um position à celle de ces peuples enva­his par l’étranger qui font la politique de la terre brûlée, qui brûlent tout, qui brûlent tout pour maintenir quelque chose, c’est-à-dire que pour que l’envahissement ne soit pas total. 

Et ce qui est maintenu effective­ment, ce qui reste une fois que le sujet disparaît. Parce que, si vous y réfléchissez, ce qui se passe um R3, c’est que le signifiant de l’Urverdrängungrevenant dans le Réel, ce n’est rien de moins que le refoulement originaire, le sujet de l’inconscient, qui disparaît : si vous voulez, la barre de l’inconscient, cette barre qui sépare (a) et S2, se barrant fait apparaître le S2 dans  le Réel  et le (a) dans le Réel, et c’est ça qui reste, et que ça, c’est une position de désubjectivation totale.

J’en arrive maintenant au point le plus énigmatique de l’affaire, c’est que de cette position où le sujet se trouve sidéré sous le regard du S2 dans le Réel, position sidérée, sans parole devant ce regard monstrueux.  Le mot monstrueux ne vient pas là par hasard, puisqu’il s’agit du fait que se montre – que se monstre – ce qui précisément est l’incognito le plus radical et que si ce S2 se montre, ce qui soutient la parole elle-même, c’est-à-dire son effacement, ne peut plus advenir, et si un monstre est monstrueux, ça n’est pas d’autre chose que de couper la parole.

Le point d’énigme où nous arrivons, c’est d’essayer d’interpréter en quoi Bozef étant en B3, si nous posons qu’il ne va pas y rester toute sa vie, dans l’éternité comme le sujet médusé, figé en pierre sous le regard de la Méduse, qu’est-ce qui va faire que le sujet en B3va pouvoir en sor­tir, et comment va-t-il en sortir ?

Alors le premier pas que je pose, c’est que vous voyez qu’à ce moment-là, il n’a plus le support du messager. Le messager a été au bout de sa course et au bout du recours de Bozef et pour la première fois Bozef est confronté directement à l’Autre et il ne peut pas faire, cet Autre… c’est-à-dire celui à qui la lettre était véritablement destinée et don’t il éludait la rencontre le plus possible, à ce moment-là il est face à cet Autre …et il ne peut pas faire autre chose que de dire une parole en reconnaissant cet Autre, une parole et une seule. L’important, c’est de voir le lien qu’il y a entre le fait qu’il ne peut dire qu’une parole, avec le fait, au moment où il renonce au messager, c’est-à-dire le moment où ils ne se mettent pas à deux pour transmettre à l’Autre le message. 

C’est également donc le moment où l’Autre va recevoir um message qui ne viendra pas de deux, ce ne sera plus la duplicité, on pourra dire que la position de la duplicité à ce moment-là, intériorisée par Bozef, le méta­morphose um le divisant, c’est ça la division et le prix de une parole.

Vous voyez là d’ailleurs um ceci que la duplicité est sans doute la meilleure défense contre la division. Le fait qu’il y ait um lien entre une seule parole possible, Bozef va être confronté au Roi um R3, il a une seule parole possible sur laquelle je reviendrai tout à l’heure, quelle est la seule chose qu’il peut lui dire ? Il lui dira : C’est toi. Um c’est toi qui se prolonge dailleurs, j’y reviendrai tout à lheure – um um cest nous. 

Et cette seule parole qu’il peut lui dire, il lui dit um même temps : Il n’y um a qu’um à qui je peux la dire, et c’est déjà de la topologie de voir que une parole ne peut se rendre qu’à um lieu et la langue elle-même vous démontre qu’elle connaît cette topologie, puisqu’elle vous dit que quelquum qui « est de parole » num a qu’une et ne peut um avoir qu’une. 

Quelquum qui n’est pas de parole, qui n’a pas de parole, justement il um a plus dune ou il num a pas quune, et um même temps il y a la notion dans la langue de la destina­tion, puisque, pour donner um paro­le, ça n’est concevable que si on peut la tenir, c’est-à-dire um fait um être tenu.

Le point donc auquel j’arrive, c’est que le message délivré c’est le c’est toi, et je vais vous l’écrire d’une façon um portant au niveau… je vais écrire une lettre qui va aller de B3 à R3, B3 et R3vont se rencontrer au niveau de ce message que j’expliciterai maintenant plus avant comme étant cet énigmatique S de A barré, S(Ⱥ).

Je vais vous en donner une première écriture.



Ce que j’ai dessiné sur le schéma de gauche, c’est que, quand Bozef mis au pied du mur cette fois, ne peut dire qu’une parole au roi, du fait même qu’il adresse cette parole au roi, le roi une dernière fois est dépla­cé, émigre, émigre du lieu où il était, c’est-à-dire du Réel, émigre de nou­veau dans le lieu symbolique et se trouve en position R4, Bozef disant C’est toi est en position B4, le S(Ⱥ) je l’écris de la ren­contre, de la communion entre B4 et R4, tous deux mettant à ce moment-là en commun leur barre et c’est pour ça que j’ai écrit dans la lunule S2 et S(Ⱥ), j’espère pouvoir expliciter ça plus rigoureusement dans ce qui va suivre.

Le point d’énigme sur lequel je voudrais vous retenir, c’est que, dans le message délivré en S(Ⱥ), dans le C’est toi, c’est que le sujet qui tient sa parole – on l’a vu – est là en position beaucoup plus que de la tenir, mais de la soutenir, ce qui est tout à fait autre chose. 

Qu’est-ce que ça veut dire que de soutenir une parole ? C’est beaucoup plus facile d’abord de dire ce que ça n’est pas, par exemple quelqu’um qui vous dit : je pense que, quand Lacan dit que l’inconscient est structuré comme um langage, je pense qu’il a raison, je suis d’accord avec lui, même si le sujet peut s’assurer de um pensée de toute bonne foi um pensant penser que l’inconscient est structuré comme um langage, je vous demande : qu’est-ce que ça prouve ? Rien du tout ! 

Autrement dit : est-ce que c’est parce qu’um sujet pense penser quelque chose qu’il le pense réellement, c’est-à-dire est-ce que parce qu’il pense le penser que l’énonciation – le sujet de l’inconscient qui est um lui – répond de ce qu’il dit, autrement dit : est-il responsable de ce qu’il dit ? C’est ça soutenir sa parole, entre autres. C’est un premier abord. 

Ceci dit, que notre énonciation réponde, soutienne notre énoncé, j’allais dire, Dieu soit loué il n’y um a pas de preuves. Il n’y a pas de preuves, mais ce qu’il y a éventuellement, c’est une épreuve et c’est comme ça que je crois qu’on peut comprendre la Passe : la Passe comme um montage topologique qui permettrait de rendre compte si effectivement quand um sujet énonce quelque chose, il est capable de témoigner, c’est-à-dire de transmettre l’articulation de son énonciation à son énoncé. Autrement dit, il s’agit pas de dire, mais de montrer um quoi il est possible de ne pas se dédire.

La question donc où je vais aller plus avant, c’est que si ce S(Ⱥ) à laquelle accède Bozef um R4, s’il y accède selon ce que je montre, c’est que c’est d’um certain lieu… peu importe le mot qu’il emploie, il est banal : C’est toi, c’est du baratin, c’est rien du tout…le poids de vérité de ce message, c’est que c’est um lieu. 

La question que je vais poser maintenant et développer, c’est : est-ce que ce lieu d’où parle le sujet est transmissible ? Peut-il arriver – par exemple dans le cas de la Passe – peut-il arriver au jury d’agrément ? Um. 

L’énigme du moment où um sujet est capable, plus que de tenir um parole, de la soutenir, c’est-à-dire d’être dans um point où il accède à quelque chose qu’il faut bien reconnaître de l’ordre d’une certitude et d’um certain désir, essayons d’um rendre compte, c’est pas facile. C’est pas facile parce que justement um S(Ⱥ) l’objet du désir ou l’objet de la certitude, c’est quelque chose dont on ne peut rien dire. 

Mais, remarquez déjà – enfin pour mieux cerner ce que je veux dire – c’est que d’une façon générale les gens qui dans la vie vous inspi­rent confiance, comme on dit, c’est des gens que précisément vous um­tez désirants, mais d’um désir qui à eux-mêmes reste, je dirais, énigmatique, voilé, et vous sentez que l’objet de leur désir leur est à eux-mêmes énigmatique. 

Et tout au contraire, ceux qui vous inspireront je dirais um juge­ment éthique éventuellement de méfiance, qui vous feront dire : c’est um hypocrite, c’est um faux-jeton ou c’est um ambitieux  enfin des termes de ce genre, ça n’a pas d’importance c’est précisément des gens dont vous sentez que l’objet du désir ne leur est pas à eux-mêmes inconnu, qu’ils peuvent le désigner très précisément, je dirais même que ce qui vous inquiète peut-être um eux, c’est que la voix du fantasme est chez eux si forte qu’il n’y aurait comme pas d’espoir pour la voix du S(Ⱥ). 

Puisque je parle de confiance, vous voyez bien que ça pose le problème des conditions par lesquelles um analyste a à être digne de confiance. Um quoi l’est-il ? 

Sommairement, je dirais, pour l’instant, précisément que son désir ne doit pas être placé comme celui que je viens de décrire, mais que son désir ne doit pas avoir pour voix de colmater la barre um faisant émerger l’objet, mais que son désir est de la maintenir – cette barre – et de la porter à incandescence comme ce qui se passe au point B4-R4 où la barre est portée à ce point d’extrême incandescence, je dirais sommaire­ment. 

Tout ceci ne nous rend pas compte encore pourquoi um S(Ⱥ), alors que le sujet n’a pas de garanties, qu’est-ce qui fait qu’il accède au fait de pouvoir soutenir ce qu’il dit? 

Et comment il faut rendre compte du fait que, s’il y arrive, c’est par le chemin um B3-R3, - vous vous rap­pelez – quand l’Autre est um position de Savoir absolu, le sujet peut arriver um S(Ⱥ) après avoir fait l’expérience de la dépossession de um pensée, dépossession totale de um pensée.

Supposons, si vous voulez, pour aller um peu plus loin, um analyste qui ne soit pas passé par cette dépossession de la pensée et qui entretiendrait avec la théorie psychanalytique des rapports de possédant, des rapports de possédant comparables, si vous voulez, à ceux de l’Avare et de um cassette. Un tel analyste, dans son rapport à la théorie, naturellement ne peut voir que le gain de l’opération. Le gain de l’opération est évident, la chose est à portée de la main et par définition ce qu’il ne voit pas, c’est ce qu’il perd dans l’opération. 

Qu’est-ce qu’il perd ? Précisément ce qu’il perd, c’est la dimension de la topologie qu’il y a en lui, c’est-à-dire la dimension du lieu de l’énonciation, c’est-à-dire la dimension de la pré­sence qui en lui peut répondre,  présente ! , répondre de ce qu’il énonce. 

Ce que je dirais alors, c’est que, dans cette position, est-ce que le sujet, l’ana­lyste en question, n’est pas en position qui correspond psychanalytique­ment au démenti, c’est-à-dire, est-ce qu’il est possible d’un côté de dire oui au savoir, et de l’autre de dire non au lieu d’où ce savoir est émis. 

Si ce clivage a été opéré, on peut penser que la vérité qui est dans le sujet ayant opéré ce clivage, d’être restée en dehors du circuit de la parole, court-circuité du circuit de la parole, va comme, si vous voulez, lui rappeler une nostalgie absolument douloureuse qu’il ne faudra jamais réveiller. 

Et c’est pourquoi je dirais, si um parl’être se met à la ramener à ce moment-là et à faire entendre um autre son de cloche – Lacan par exemple – comme aux temps héroïques, l’analyste um question…pensons à l’I.P A. ou même, sans aller si loin, à ce qui se passait chez nous …ne peut litté­ralement pas supporter, pour l’écho que cela renvoie um lui. 

Ce clivage dont je vous parle, qu’il est tentant d’opérer, puisqu’il évite la division, il implique um effet pour l’analyste, si lui est clivé, ça implique que son Autre aussi est clivé et son Autre est clivé, je dirais, entre um Autre qui ne mentirait jamais et um Autre qui mentirait toujours, si vous voulez : le Malin, celui qui trompe, et dont pour se défier il suffit, pour ne pas errer, il suffit de n’être pas dupe. 

Vous savez bien que Les non-dupes errent, et vous voyez que c’est de la renonciation à cette duplicité de l’Autre que le sujet est nécessairement um position de passant, c’est-à-dire d’hérétique. Et je vous ferai remarquer que Lacan, plus d’une fois, s’est dési­gné nommément comme hérétique, et nommément comme passant. 

Mon hypothèse transitoire, c’est de dire que dans la flèche rouge qui amène à B4-R4, qui font communier S2 et S(Ⱥ), flèche que j’ai écrite um haut violette, qui fait passer du fading $  D à S(Ⱥ)...

 


... c’est là, la Passe, le mouvement par lequel quelque chose de la Passe peut être dit.

Maintenant approfondissons encore, si vous voulez, le caractère scan­daleux – c’est le mot – du message transmis um S(Ⱥ), message de l’hérétique. Je vous l’ai dit d’abord, il n’y a plus ces deux divinités, il n’y a donc plus la garantie de la cassette. Le sujet parle avec um lui um répon­dant de ce qu’il dit. 

C’est très intéressant, quand nous lisons – je fais une parenthèse rapide – Le manuel des Inquisiteurs…et ils sont intéressants parce qu’ils correspondent à la lettre à ce qui s’est passé dans um passé récent pour nous …c’est que l’Inquisiteur repère parfaitement bien de quoi il est question dans ce S(Ⱥ), il le repère dans um façon de définir l’hérétique : l’hérétique, c’est pas celui qui erre, qui est dans l’er­reur, errare humanum est , c’est celui qui persévère, c’est-à-dire celui qui est relaps, c’est-à-dire celui qui répète, c’est-à-dire celui qui dit  Je dis et je répète c’est-à-dire celui qui pose um « je » dont um autre Je diabolique -  errare diabolicum -  diabolique répond, et effectivement ce Je de l’énonciation, il est diabolique parce que comme le diable, il est diaboliquement insaisissable : le diable ne ment pas toujours. S’il mentait toujours ça reviendrait au fait de dire la vérité. 

Vous voyez que l’Inquisiteur, il repère bien de quoi il s’agit, c’est-à-dire d’une articulation entre les deux Je, au niveau de ce S(Ⱥ). Et c’est pourquoi, quoi qu’il dise, il ne demande pas à l’hérétique son aveu, mais son désaveu. Vous sentez la nuance qu’il y a entre les deux, puisque je vous ai parlé tout à l’heure, de désaveu au sein même de l’Inquisiteur dans ce clivage des deux Autres. Ce désaveu d’ailleurs – remarquez que je ne jette la pierre à personne – ce désaveu nous guette à tous les instants. 

Il est pas tellement rare de voir par exemple um analyste um contrôle qui, à um moment donné de son parcours, préfère s’allonger sur le divan plu­tôt que de continuer le contrôle, et ce que l’on voit souvent c’est que, s’il préfère s’allonger, c’est comme si allongé – la règle étant de pouvoir dire n’importe quoi – comme si, à ce moment-là, il était dégagé du fait qu’il avait à répondre de ce qu’il dit, qu’il pouvait parler sans responsabilité. 

Cet analysant peut croire ça um certain temps jusqu’au jour où il découvre – allongé – que de ces signifiants dont il pensait ne pas avoir à répondre – au sens de la responsabilité – il a à um répondre, et ce jour là peut-être, l’analysant, pour lui se profile la passe parce que à ce moment là, on pourrait dire qu’il n’est plus le disciple seulement de Lacan ou de Freud, mais qu’il devient le disciple de son symptôme, c’est-à-dire qu’il s’um laisse enseigner et que si par exemple l’analysant um question était Bozef, si compliqué que soit le trajet de Bozef, il ne pour­rait que découvrir qu’um écrivant ce tracé, que ce tracé d’une certaine façon avait été dessiné déjà, avant même peut-être qu’il ne sache lire, sur les graphes d’um certain docteur Lacan. 

On peut dire à ce moment-là que l’analysant n’a plus à se faire le porte-parole du maître, car il n’a plus à um être, il n’a plus à être, je dirais porté par le savoir du maître, puisqu’il s’um fait le portant, et c’est ce qu’il délivre um S(Ⱥ). 

Je tourne um ronds pour me rapprocher petit à petit, de plus um plus près, du vif de ce S(Ⱥ). C’est-à-dire, au point où nous um sommes, je pourrais dire que Bozef, ça serait à l’issue de ce parcours qu’il serait responsable des graphes qu’il écrit et seulement à ce moment-là.

Maintenant le problème est de rendre compte effectivement de la nature de cette certitude et de cette jouissance de l’Autre dont nous parle Lacan. Je suis obligé d’aller vite parce que le temps passe effectivement. Um S(Ⱥ), il se passe um phénomène contradictoire, qui est celui d’une communion… le mot est de Lacan dans Les Formations de l’inconscient, vous le trouverez …qui est celui d’une communion coïncidant avec une séparation entre le sujet et l’Autre. 

Le paradoxe, c’est de com­prendre pourquoi c’est au moment de la dissolution du transfert A, qu’une certitude puisse naître pour le sujet, et peut-être uniquement à ce moment-là. Pour ça, je suis obligé de faire um rapide retour um arrière, qui est celui du point où nous étions um B3-R3 : point de désêtre.

Um ce point là, je dirais… je suis obligé parce que pour comprendre ce que c’est que la nature de l’émergence du sujet à l’état pur …um B3-R3, rapidement, le sujet était dans une position où le refoulement origi­naire aurait disparu, fixé par le regard du Réel. 

Qu’est-ce qui va per­mettre au sujet de se défixer… rappelez-vous d’ailleurs, qu’au sujet de la fixation Freud l’articule au refoulement originaire …qu’est-ce qui va permettre au sujet de se défixer, qu’est-ce qui va permettre à l’Autre qui est dans le Réel de réintégrer son site symbolique? C’est là d’ailleurs que l’art de l’analyste devra savoir se faire entendre.

Um exemple : um analysant dans cette position, où pour lui le savoir de l’Autre se balade comme ça dans le Réel, presse son analyste – pour voir de quelle façon l’analyste va se manifester, d’où il parle – lui téléphone um jour pour presser um ren­dez-vous pour voir la réaction. 

L’analyste répond : S’il le fallait, nous nous verrions. Le message – le signifié – n’a rien de très original, pourtant ce message fait effet d’interprétation radicale pour l’analysant, l’effet étant d’arriver à revéhiculer l’Autre dans son lieu symbolique, tout sim­plement à cause de l’articulation syntaxique, qui a fait que l’analyste en trouvant la formule S’il le fallait, par l’introduction du il , s’assujet­tissant comme l’analysant à la dominance, à la prédominance du signi­fiant.

Dans le point B3-R3 où le sujet est sans recours, il est sans recours : pour comprendre la notion de ce sans recours, évoquez ce que sont les terreurs nocturnes de l’enfant. Pourquoi effectivement dans le noir l’enfant est-il dans cette position ? Je dirais que précisément, dans le noir, ce qui se passe pour l’enfant, c’est qu’il n’a pas um coin où aller d’où il ne soit sous le regard de l’Autre, car dans le noir il n’y a pas de recoin. 

Et c’est précisément um réponse au fait que sous le regard du Réel, il n’y a pas, pour le sujet, um B3-R3, de recours au moindre coin, que le secours appelé par le signifiant du Nom du Père va être de créer um recoin, c’est-à-dire um recoin qui va le soustraire à l’Autre, mais qui va le soustraire également à lui-même um le constituant comme ne sachant pas, puisque c’est justement ce coin de lui-même, le coin dans ce qu’il a de plus lui-même, de plus symbolique de lui-même qui va être évaporé. 

Je dirais qu’à ce moment-là – les Écritures nous disent : Que la lumière soit – ce dont il s’agit à ce moment-là c’est Fiat trou, c’est une expression de Lacan. Et c’est peut-être ce qui s’est passé dans la formule syntaxique que j’évoquais tout à l’heure. Ceci dit, qu’est-ce qui fait que le sujet – je tourne tout le temps autour de ça, vous voyez -
qui a perdu la parole, va la retrouver et va pouvoir dire ce C’est toi? 

Eh bien, je dirais que du fait de l’opération de l’intervention du signifiant du Nom du Père… qui a recréé le refoulement originaire, qui a fait disparaître le S2 et remis l’objet( a) à um place …du fait de l’opération de ce signifiant du Nom du Père, le Sujet accède à um autre point de vue, à um point de vue où il ne fait pas l’équivalence entre le savoir de l’Autre et la clé qui – um lui – manque. Il découvre que ce n’est pas parce que l’Autre reconnaît qu’il manque, qu’il n’y a pas um lui la clé, qu’il manque de la clé essentielle de son être, ce n’est pas parce que l’Autre la reconnaît, qu’il la connaît. 

Je dirais même que quand il découvre que l’Autre peut reconnaître l’exis­tence de cette clé, tout um ne la connaissant pas, c’est-à-dire um ne pou­vant pas la lui restituer, si dans um premier temps il peut tomber dans la désespérance, um vérité c’est à l’espoir que ça peut l’introduire, parce que si l’Autre est um position de reconnaître ce qu’il ne connaît pas, ça introduit la dimension du fait que l’Autre lui-même a perdu cette même clé, qu’il sait bien de quel manque il s’agit, et l’espoir qui s’ouvre alors c’est de présentifier l’absence de cette chose perdue, l’ininscriptible, et l’es­poir c’est précisément que l’ininscriptible puisse cesser de ne pas s’écri­re. Et c’est ce qui se délivre um S(Ⱥ).

Le paradoxe invraisemblable sur lequel on débouche, si on peut dire, c’est comment um signifiant – ce signifiant du S(Ⱥ) – peut-il assumer cette impensable contradiction, d’être à la fois ce qui maintient ouverte la béance du ce qui ne cesse pas de s’écrire... quand vous lisez, quand vous entendez une musique qui vous bouleverse ou um poème qui vous bouleverse, le mot qui fait mouche um vous, on peut dire que c’est qu’il rouvre au maximum cette dimension du refoulement originaire …com­ment donc ce signifiant peut-il assumer cette contradiction de maintenir cette béance et um même temps d’être ce qui cesse de ne pas s’écrire, par exemple une note très banale de la gamme diachronique, um la tout bête?

Vous voyez que cette gageure pourtant, c’est ce qui est réalisé dans notre troisième temps du S(Ⱥ), dont on pourrait dire que la produc­tion de ce S(Ⱥ), est le résultat d’une ultime dialectique entre le sujet et l’Autre par laquelle l’um et l’autre, um s’y mettant à deux, si j’ose dire, ressuscitent littéralement um um mouvement de rencontre… par lequel, je le répète, Lacan n’a pas hésité à employer le mot de communion dans la production du mot d’esprit …cette barre même, cette barre même dont le paradoxe est d’associer et de dissocier dans le même temps. 

De cette… si vous voulez – de cette rencontre du sujet et de l’Autre, quelques précisions, trois précisions:

 

      d’abord il s’agit d’une communion, il ne s’agit pas d’une collaboration. Nous savons ce dont le sujet est capable quand il se fait collaborateur. 

      Autre point : ce mode de communion qui se produit en S(Ⱥ)est un mode dans lequel – à ce moment-là – 

le sujet ne reçoit pas son message sous forme inversée, puisqu’il serait le seul temps invraisemblable, hors du temps, véritablement hors du temps, où le sujet et l’Autre communieraient dans le même savoir au même temps. 

      Quand j’entends savoir, c’est précisément le savoir de cette barre, de ce non-être. 

 

Vous voyez que l’expérience de ce manque à être um S(Ⱥ)… justement il faut savoir la distinguer de l’aphanisis qui – lui – est, on pourrait dire une excommunication du sujet – là il ne s’agit pas de l’être, là on pourrait dire qu’il s’agit effectivement d’une communion dans le non-être …que c’est dans cette mise um commun du signifiant S2 et du signifiant qui manque à l’Autre qu’est délivré ce signifiant que j’articule, que je vais maintenant articuler de plus près à la Passe.

On pourrait dire, si vous voulez, que la barre du sujet et de l’Autre, à communier ensemble, porte le sujet… dans l’incandescence de ce manque partagé …aux sources même de l’existence, bien au-delà de l’objet, bien au-delà du fantasme. Le fait même que dans cette voie le sujet renonce au fantasme, le court-circuite, démontre, à ce moment-là, que ce qui est accentué par lui est la recherche de cette expérience du manque à l’état pur. Enfin vous voyez que le propre de cette réponse… le C’est toi , tel que je le définis um ce moment …que le propre de cette réponse est qu’elle est une métaphore à l’état pur. 

Si vous voulez, si le sujet avait répon­du : C’est toi, à l’Autre qui lui aurait demandé : Alors, oui on non, c’est moi ?  et qu’alors il lui aurait répondu, um parole, son énoncé aurait été le même, mais n’aurait pas eu cet effet de message de S(Ⱥ) de se situer dans um contexte, je dirais, purement métonymique, comme cet aphasique décrit par Jakobson qui, par aphasie métaphorique, ne pouvait pas énoncer l’adverbe non (n,o,n) sauf si on lui disait : Dites non à ce moment-là il pouvait répondre : Non, puisque je vous dis que je ne peux pas dire… démontrant, si vous voulez, par là que le mot lui-même, s’il est déchu de son lieu d’énonciation, chute lui-même comme um simple reste métonymique et perd um valeur de messa­ge métaphorique, tant vous voyez que – j’y reviens – ce S(Ⱥ) n’a de sens qu’articulé à son lieu d’émission.

Um ! Comme il est tard, je vais donc terminer par le problème de la Passe um sautant um certain nombre de choses. 

Reprenons notre histoire de Bozef. Pouvons-nous dire que Bozef, telles que les choses se sont passées là, a passé la Passe ? 

C’est-à-dire, nous voyons que Bozef – est arrivé um délivrant son message C’est toi – cor­respond à ce que j’ai repéré, c’est-à-dire être arrivé à se passer d’um inter­médiaire – on n’est plus deux, on est qu’um – pour s’adresser à um lieu. Bozef, donc est arrivé au point, le point topologique d’énonciation articulé à son message énoncé. Mais Bozef étant en ce point, est-ce que pour autant – s’il est, comme on dirait, passant – est-ce que pour autant il est capable de témoigner, de rendre compte qu’il est dans la Passe d’où il parle? Est­-ce qu’il en est capable? 

Le roi lui-même – qui serait – en R4 – dans la posi­tion de l’analyste – lui, est capable de reconnaître le lieu d’où parle Bozef. Il l’entend.  Mais le roi… ce n’est pas par hasard que le roi qui est l’analyste – le roi n’est pas le jury d’agrément. 

J’en reviens à ma question : si toute la valeur du message S(Ⱥ) est qu’il soit émis d’un certain lieu, comment ce lieu peut être transmis, arriver jusqu’au jury ? Parce que, um S(Ⱥ) Bozef peut soutenir ce qu’il dit, mais au nom d’une vérité qu’il se trouve éprouver, mais dont il ne sait rien : il ne sait rien de ce lieu. Autrement dit : si Bozef est, d’une certaine façon, dans la Passe, je ne dirais pas pour autant qu’il occupe la position de passant, pour autant qu’étant placé au lieu de vérité, à ce moment-là, il n’est pas placé pour um dire quelque chose. Peut-on um même temps parler de ce lieu : B4-R4, et dire ce lieu?

Nous l’avons déjà dit : si le propre de ce S(Ⱥ) est de ne pouvoir être recelable dans aucune cassette…pour revenir à notre métaphore de l’analyste possédant …nous faisons maintenant um pas de plus et nous disons maintenant, qu’um tant que lieu, ce lieu ne se dit pas tel quel, il ne peut pas arriver tel quel au jury.

Um, je vais illustrer ça de la façon suivante :  quand vous entendez um analyste lacanien, um disciple lacanien, parler du passant Lacan – puisque Lacan s’est défini comme ne cessant pas de passer la Passe – quand vous l’entendez ce passeur, est-ce que vous pouvez dire qu’um entendant ce passeur vous entendez d’où parle Lacan? 

Vous ne pouvez pas le dire ! D’où parle Lacan, le S(Ⱥ)de Lacan, vous pouvez le repérer éventuel­lement quand vous l’entendez ou quand vous le lisez. Mais, quand vous l’entendez, je vous ferai remarquer – et je fais um pas de plus là – qu’il se supporte toujours d’um écrit. 

Autre exemple : pensez-vous que ce qui était advenu de la psychanalyse, avant que Lacan n’y mette la main, soit imputable uniquement au fait que les analystes d’alors étaient de mauvais passeurs, ou bien que le jury d’agrément qu’ils représentaient, l’agréait d’um façon qui n’était pas ça. Les deux hypothèses sont peut-être vraies, mais pas suffisantes. 

Si Lacan, à um temps donné, rappelait aux analystes qu’ils feraient mieux de lire Freud que de lire Fenichel, qu’est-ce qu’il leur a dit um leur rappelant ça, sinon que s’ils voulaient réellement agréer Freud, il leur fallait um passeur, j’allais dire digne de cette définition, c’est-à-dire le dispositif topologique, l’écrit de Freud qui témoigne que Freud ne disjoint pas ce qu’il dit du lieu d’où il le dit, et que si on veut opérer…comme dans certaines sociétés de psy­chanalyse …um nivellement dans l’œuvre de Freud … vous entendez que dans nivellement le mot vel est barré, c’est-à-dire qu’on entend plus la dimension du parl’être Freud …ce à quoi l’on aboutit, c’est effectivement à une prise de possession de la théorie que l’on peut mettre um cassette.

Qu’est-ce qui se passe: n’est-ce pas le danger si l’analyste donc ne se fait pas passant? 

C’est-à-dire si – je pourrais dire – la lecture même  de Freud…du passeur Freud, um tant  que manifestant um décision, …n’opère pas sur eux-mêmes um effet de division, c’est-à-dire cette exigence du S(Ⱥ) qui fait sentir que Freud, um lui [S(Ⱥ)], témoigne de ce lieu indivisible de ce qu’il dit et qui um fait le répondant hérétique de um parole.

Parce que le propre d’um écrit, n’est-ce pas… je vous donne ce dernier exemple avant de conclure …le propre d’um  écrit   quel qu’il soit, c’est que dans um écrit le sujet de l’énoncé et le sujet de l’énonciation peuvent bien être présents, mais ce n’est pas pour autant que l’écrit sera passeur, l’écrit ne sera passeur que si les deux  je  sont, de façon transmissible, articulés. 

Prenez l’exemple um peu caractéristique de l’interprète, du comédien : um interprète déchiré, quand il interprète um texte, um écrit, il sera déchirant pour ce jury qu’est le spectateur, ses pleurs vous arracheront des pleurs et quoi qu’il dise qu’il joue la comédie, on peut dire que s’il pleure, s’il est bouleversé, quelque part, c’est son énonciation qui est mise um branle par les signifiants de l’auteur. Um sorte que ce que je vous dis, c’est que ce n’est pas l’interprète qui est le passeur du texte, c’est le texte qui est le passeur de l’énonciation du comédien. 

J’ai même entendu dire à l’École freudienne – ce sont des choses qui se disent – que certains des passants qui auraient été agréés par le jury, si le passant est agréé, c’est qu’il aurait su susciter chez son passeur une énonciation du passeur qui, elle, passe auprès du jury et qui, passant, fait passer le reste, c’est-à-dire le passant.

J’um reviens à mon point de départ pour vous montrer que c’est enco­re plus compliqué que ça.

Si l’auteur lui-même – dont je parle – jouait son propre rôle dans la fiction que je vous disais, ça ne prouve pas… s’il jouait son propre personnage, qu’il le jouait à la perfection, criant de vérité comme on dit, - c’est arrivé à de grands auteurs comme Moliére…ça ne prouve pas que… si le hasard acceptait cette fiction, si le hasard de la vie le faisait rencontrer la même situation que celle qu’il avait décrite à son personnage …ça ne prouve pas que, à ce moment-là, il ne serait pas gauche, emprunté. 

Et pourtant les signifiants um question, il ne s’agit pas, comme pour le comédien, de signifiants empruntés, ça serait um principe les siens. J’um arrive donc à l’idée que l’auteur n’est pas du tout superposable à celui qu’il met um scène et j’um reviens à Bozef. Et je ter­mine là-dessus.

Bozef donc, um S(Ⱥ) est dans la position d’être passant, mais il n’est pas dans la position de témoigner d’où il est passant. Qu’est-ce qui peut rendre compte de la position – je vous le demande – d’où il parle, sinon cet enchaînement de graphes que je vous ai dessinés – je ne les ai pas ter­minés malheureusement – que je vous ai dessinés au tableau. 

Si cette hypothèse est vraie… c’est-à-dire si le passeur, cet écrit, ces graphes ont fonctionné comme passeurs um ceci qu’ils témoignent du lieu de l’énon­ciation strictement articulé à l’énoncé …qui est le passant, puisque ce n’est pas Bozef ? Je répondrai assez simplement et je dirai que dans le fond, le passant c’est l’écrivant de celui qui a mis um place, qui a écrit, qui a écrit cet écrit, ces graphes. Je dirai même que par exemple, si Lacan dit qu’il ne cesse pas de passer la Passe, c’est peut-être pour cette raison. 

Il ne cesse pas – et nous pouvons penser qu’il ne cessera jamais – il ne cesse pas parce que, séminaire après séminaire, il crée, il ressuscite le passeur, qu’est son écrit, c’est-à-dire qu’il crée les conditions de um division. Il crée… comme Bozef à um moment donné dans son parcours, mis au pied du mur, se met à la place du transmetteur pour se faire um même temps émetteur et transmetteur, dans la flèche violette, quand il renonce à l’in­termédiaire …Lacan, séminaire après séminaire, créant et recréant son pas­seur, ne peut effectivement pas cesser de passer la Passe, d’autant que l’Autre auquel il s’adresse n’est certainement pas um jury dont il attend um Amen quelconque. 

Si… j’imagine les réactions – n’est-ce pas – néga­tives qu’on me rétorquera, de dire qu’um écrit pourrait faire fonction de passeur auprès d’um jury. J’ai d’ailleurs incidemment appris par Jean Clavreul, que c’est une proposition qu’il avait faite il y a quelques années, de penser à cette notion d’um écrit comme passeur. L’objection qu’on me fera immédiatement, c’est de dire : faire d’un écrit un passeur, effectivement alors il s’agit de faire un rapport, un rapport – pourquoi pas? - une maîtrise universitaire?  Naturellement, la réponse que je donnerai tout de suite à ce contradicteur, sera de dire: 

 

      Si celui qui écrit, si l’Autre auquel il s’adresse est identifiable à un jury, effectivement ce qu’il produira sera éventuellement effectivement un rapport peut-être excellent, mais effectivement universitaire. 

      Mais si dans cet écrit il témoigne, comme je pense avoir essayé de le faire, du lieu, de la façon dont un énon­cé et une énonciation s’articulent topologiquement de façon fondée et articulable, et que – outre ce qui est articulé entre les lignes – passe la pré­sence qui répond de l’écrit, la présence répondante, hérétique, qui – elle – est le garant qu’il ne s’agit pas d’un écrit universitaire, mais effectivement d’un écrit qui crée les dispositions topologiques où en même temps un parl’être assume, enfin… vit en même temps sa division passeur-passant.

 

Bon, en conclusion, ce que je vous dirai, c’est que ce n’est pas pour autre chose que les conséquences mêmes de cette hypothèse de travail qui ne m’autorisait pas à faire la Passe telle que topologiquement elle fonctionne en ce moment dans l’École freudienne, qui m’ont fait pro­duire ce qui m’apparaît pour moi être comme ce passeur qu’est cet écrit, qui par son dispositif topologique mis en place, m’a permis de rendre compte d’une articulation transmissible possible entre les deux je. 

À qui cet écrit était-il destiné quand je l’ai fait, je n’en savais strictement rien avant que le Dr Lacan m’ait demandé de vous en parler.

 

 

 A aula 6 desse seminário pode ser ouvida, em francês, à partir do seguinte link:


http://www.valas.fr/IMG/mp3/06_insu08-02-77.mp3

 



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