quinta-feira, maio 25, 2023

CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE




A repetição em Freud e Lacan


Professor Convidado: Gustavo Capobianco Volaco

Data: 16 E 17 DE JUNHO 2023

Plataforma Zoom on-line

Ementa:

Desenvolver o conceito psicanalítico de repetição, tanto em sua dimensão teórica, quanto clínica. Freud relacionou o conceito de repetição aos conceitos de recordação, resistência, transferência e atuação. Lacan, no Seminário XI, indica o caráter fundamental deste conceito na prática clínica, e sua relação com os conceitos de TiquêAutômaton, objeto a e cadeia significante.

Bibliografia:

FREUD, Sigmund, Recordar, Repetir e Elaborar - Novas recomendações sobre a técnica psicanalítica, 1914, Obras Completas, V. XII, Rio de Janeiro: Imago, 1980.

LACAN, Jacques, Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, Seminário - livro XI, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.

Maiores Informações: USINA DIZER

www.usinadizer.com.br

Fone: (48) 3030-7474


quinta-feira, maio 11, 2023

CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE


 

O 15º Módulo d'(O) Curso (da) Formação abordará o tema "Angústia e Desejo: 

travessia da fantasia na clínica lacaniana".


Dia: 19 e 20 de Maio de 2023

Local: Usina Dizer - Plataforma Zoom

Ementa:

Para o psicanalista Jacques Lacan, a angústia é um afeto. O afeto de base, o afeto por excelência, ou como ele mesmo diz: o afeto que não engana. A angústia não engana porque ela não se desloca na cadeia significante, é amarrada ao objeto. Todos os outro afetos se deslocam ao longo das cadeias discursivas. Por esse motivo, a vivência da angústia acarreta a falta de palavras, a radical falta de possibilidade de simbolização e consequentemente a necessidade imperiosa de falar. 

Esta necessidade imperiosa, é muito bem representada no conto “Angústia”, de Tchekhov, como nos lembra Marco Antonio Coutinho Jorge. O personagem ilustra com agudeza a necessidade de falar do sujeito que, tendo perdido o próprio filho, não encontra ninguém que possa ouvi-lo narrar a sua perda e o seu sofrimento dilacerante. E, ao final do conto (spoiler), depois de muitas tentativas frustrada de falar da sua dor, acaba narrando a dor da perda do filho ao seu cavalo.


Se você se interessa por psicanálise, inscreva-se e participe. 

Acesse: https://usinadizer.com.br/evento/o-curso-livre-da-formacao-discursos-e-dizeres-da-clinica-psicanalitica-modulo-15/

Se tiver alguma dúvida, entre em contato conosco pelo telefone 

(48) 3030-7474.

 



domingo, maio 07, 2023

JACQUES LACAN - SEMINÁRIO 1976-1977

 

O In-sabido que sabe d-um tropeço se joga no amorte


Seminário de 1976-1977

Jacques Lacan

 

 

Aula 12

17 de Maio de 1977

 

As pessoas não podiam ouvir ali no meio. Eu gostaria que alguém me dissesse desta vez se eles podem me ouvir. Não é que o que eu tenho a dizer seja de extrema importância... Vocês podem me ouvir? Alguém se importaria em dizer se eles não podem me ouvir, por acaso?

Bom. Então, para dizer as coisas em ordem crescente de importância, tive o prazer de perceber que meu ensino chegou a L’Écho des Savanes! (Risos). Vou citar apenas duas linhas:

 

Não fica mais complicado do que isso, a psicanálise. Enfim, essa é a teoria de Lacan.

 

Aí está!

L’Écho des Savanes n°30, eis onde vocês podem ler este texto, que é um pouco pornográfico (risos). Que eu tenha conseguido - enfim consegui ... não o fiz expressamente - que eu tenha conseguidoi levar isso até a pornografia, ainda é, ainda é o que se pode chamar de sucesso! Bom. Aí está ! Eu recolho sempre  atentamente L’Écho des Savanes, como se estivesse apenas esperando por isso, mas evidentemente não é o caso.

Então, por ordem crescente de importância, vou lhes assinalar a publicação em Le Seuilde um texto nomeado Polylogue, que é de Julia Kristeva. Eu amo muito este texto. É uma coleção de vários artigos. Isso não é menos precioso. Amaria, de qualquer forma, de me informar, com a própria Julia Kristeva, já que ela fez o esforço de se deslocar esta manhã até aqui, para que ela gentilmente se incomode um pouco e nos diga como ela concebeu este Polylogue.

Eu amaria que ela me dissesse se este Polylogue, como pode ser enfim, pareceu-me até onde eu pude lê-lo ... porque há muito tempo não o recebo ...se esse Polylogue é uma polilinguisteria, quero dizer: se a linguística está de alguma forma ali - o que eu acredito que esteja, no que me diz respeito - mais do que dispersa. Será que é isso que ela quis dizer com Polylogue? Ela balança a cabeça para cima e para baixo de um jeito que parece aprovar o que digo, mas se ela ainda tivesse um filete de voz para me ganir algo, eu não ficaria descontente. Isto é… 

Julia Kristeva:

- É outra coisa que a linguística. Isso passa pela linguística, mas não é isso. 

Lacan:

- Sim. Só que o chato é que não fazemos outra coisa a não ser passar pela linguística. Quero dizer que passamos, e se enunciei alguma coisa de válido, só me resta lamentar que não possa se apoiar nela. Para falar a verdade, não sei... eu tinha ouvido dizer, de alguém que veio me puxar, assim, pela manga, que Jakobson desejava que eu participasse de uma entrevista. Estou muito aborrecido, sinto-me completamente incapaz disso.

Não é isso... e no entanto eu - como Julia Kristeva acaba de dizer - eu passei por lá. Aí está! Passei por lá, mas não fiquei.

Ainda continuo a interrogar a psicanálise pela forma como ela funciona. Como é que ela se sustenta, que constitui uma prática que às vezes é até mesmo eficaz? Naturalmente, ainda é preciso passar por uma série de interrogações: a psicanálise opera - já que de tempos em tempos ela opera - ela opera através do que se chama um efeito de sugestão? Para que o efeito de sugestão se mantenha, isso supõe que a linguagem - aqui estou me repetindo - que a linguagem esteja ligada ao que se chama homem.

Não é à toa que, em seu tempo, manifestei uma certa - assim - preferência por um certo livro de Bentham que fala da utilidade das ficções. As ficções são orientadas para o serviço, que...  que ele justifica, em suma. Mas, por outro lado, há uma hiância aí.

Que tenha a ver com o homem, isso pressupõe que saibamos bem, que saibamos suficientemente o que é o homem. Tudo o que sabemos do homem é que ele tem uma estrutura, mas não é fácil para nós dizer essa estrutura. A psicanálise emitiu alguns vagidos sobre esse assunto, a saber, que o homem se inclina para o seu prazer, o que tem um sentido bem claro: o que a psicanálise chama de prazer é padecer, sofrer, o mínimo possível. Aí ainda é necessário lembrar como defini o possível, isso tem um curioso efeito de reversão, pois digo que: o possível é o que cessa de se escrever.

Pelo menos assim o articulei com alguma clareza, no tempo em que falei do possível, do contingente, do necessário e do impossível. Então, se transportarmos as palavras o menos, assim, meio desajeitadamente, meio brutalmente, bem, isso dá:

 

O que cessa o menos de se escrever.

 

Com efeito, isso não cessa um instante.

É bem aqui que eu gostaria de recolocar uma questão para esta cara Julia Kristeva: o que é que ela chama... isso, isso vai forçá-la a soltar um pouco mais que um filete de voz como agora há pouco … o que ela chama a metalíngua? O que que isso quer dizer, a metalíngua, senão a tradução? Não se pode falar de uma língua senão em uma outra língua - me parece - se é realmente o que eu disse antes, a saber: que não existe metalinguagem.

Existe um embrião de metalinguagem, mas sempre derrapamos aí, por uma simples razão, é que não conheço da linguagem senão uma série de línguas incorporadas. Nós nos esforçamos para alcançar a linguagem através da escritura. E a escritura, isso só dá em alguma coisa nas matemáticas,  à saber, ali onde operamos pela lógica formal, à saber,  por extração de um certo número de coisas que definimos principalmente como axiomas, e só operamos brutalmente para extrair essas letras, porque são letras.

Sim... Isso não é razão para crer que a psicanálise leva a escrever suas memórias. É justamente porque não existe memória de uma psicanálise que me embaraço tanto.

Não existe memória, isso não quer dizer que não exista memória interessada neste caso. Mas escrever suas memórias é outro caso. Tudo repousa sobre uma metáfora, à saber, que se imagina que a memória é alguma coisa que se imprime, mas nada diz que essa metáfora seja válida.

Em seu ProjetoEntwurf, Freud articula muito precisamente, a impressão do que resta na memória. Não é porque sabemos que os animais lembram, não é por essa razão, que o mesmo acontece com o homem.

O que estou enunciando em todo caso é que a invenção de um significante é algo diferente da memória. Não é que a criança invente esse significante: ela o recebe. E é nisso mesmo  que valeria a pena que se fizesse mais. Por que não inventamos um novo significante? Nossos significantes são sempre recebidos. Um significante, por exemplo, que não teria – como o Real – nenhuma espécie de sentido... Não se sabe, isso poderia talvez ser fecundo.

Isso poderia ser fecundo, isso poderia ser ser um meio, um meio de sideração em qualquer caso. Não é que não tentamos. É nisso mesmo que consiste o dito espirituoso: consiste em se servir de uma palavra para um uso diferente daquele para o qual foi ela feita. No caso de familionário dobramos um pouco essa palavra, mas é bem nessa dobradura que reside o seu efeito operatório.

Em todo caso, há uma coisa em que me aventurei a operar na direção da metalíngua…a metaliníngua sobre a qual, há pouco, interroguei Julia Kristeva ...a metalíngua em questão consiste em traduzir Unbewußt, por um-ropeço.

Isso absolutamente não tem o mesmo sentido, mas é um fato, desde que o homem dorme, ele tropeça com todas as suas forças, e sem qualquer inconveniente, exceto no caso do sonambulismo. O sonambulismo tem um inconveniente, é que quando acordamos o sonâmbulo, enquanto ele anda pelos telhados, pode acontecer dele ter vertigem.

Mas, na verdade, a doença mental que é o inconsciente, não se desperta dela. O que Freud enunciou e o que quero dizer é o seguinte: que não há de modo algum um despertar. A ciência - ela - é apenas indiretamente evocável nesta ocasião: é um despertar, mas um despertar difícil e suspeito. Só é certo que se está acordado se o que se apresenta e representa é - como disse - sem nenhuma espécie de sentido. Ora, tudo o que foi enunciado até o presente como ciência depende da ideia de Deus. A ciência e a religião andam muito bem juntas. É um Deus-lírio! Mas isso não presume nenhum despertar.

Felizmente, existe um furo. Entre o delírio social e a ideia de Deus, não há medida comum. O sujeito se toma por Deus, mas é impotente para justificar que ele se produz do significante, do significante S índice 1, e ainda mais impotente para justificar que esse S índice 1 o representa ao lado de outro significante, e que seja por aí que todos os efeitos de sentido passam, que se fecham rapidamente, ficam em impasse. Aí está !

A astúcia do homem é encher tudo isso - eu lhes disse - com a poesia que é efeito de sentido, mas também efeito de furo. É só a poesia - como já disse - que permite a interpretação e é isso que não alcanço mais, na minha técnica, ao que ela sustenta: não sou um assaz poeta, não sou poueta assaz. Aí está !

Isso é para introduzir isto: a propósito do que se colocam questões como a definição de neurose. É preciso mesmo assim ser sensato e perceber que a neurose, isso tem a ver com as relações sociais. Sacudimos um pouco a neurose, e não é certo que assim a curaremos. A neurose obsessiva, por exemplo, é o princípio da consciência.

E também há coisas bizarras. Há um homem chamado Clérambault que percebeu um dia - Deus sabe como encontrou isso - que havia em algum lugar automatismo mental. Não existe nada de mais natural do que o automatismo mental.

Que existam vozes...vozes, de onde elas vêm? Elas forçosamente vêm do próprio sujeito …que existam vozes dizendo: Ela está prestes a limpar o cú… estupefacia-nos que esta derrisão, porque - ao que parece - existe derrisão …não aconteça com mais frequência.

Eu, recentemente vi, na minha apresentação de doentes, como dizem - se é que são doentes - eu vi um homem japonês que tinha algo que ele mesmo chamava de eco do pensamento. O que  seria o eco do pensamento se Clérambault não o tivesse apontado? Um processo serpiginoso, como ele chama isso! Não é nem mesmo certo que haja um processo serpiginoso lá onde se atribui ser o centro da linguagem.

Eu, eu disse mesmo assim que esse japonês tinha um gosto muito vivo pela metalíngua, à saber, que ele gozava de ter aprendido inglês e depois o francês.

Não é aí que é feito o deslizamento? Ele deslizou no automatismo mental devido ao fato de que, em todas essas metalínguas - que por acaso eram manuseadas com assaz facilidade - bem, ele não conseguia se orientar. Eu aconselhei, eu, que lhe permitissem participar do campo de manobra e que não nos detivéssemos nisso que  Clérambault inventou um dia e que se chama de automatismo mental. É normal o automatismo mental.

Acontece que se eu não o tenho, é por acaso. Ainda existe, mesmo assim, algo que pode ser chamado de maus hábitos. Se alguém começa a dizer coisas para si mesmo... como ele se exprimia, o dito japonês, textualmente, … se alguém começa a dizer coisas para si  mesmo, por que isso não deslizaria para o automatismo mental, porque é tudo a mesma coisa,  certo de que … de acordo com o que Edgar Morin diz em um livro que foi recentemente publicado onde ele se interroga sobre A natureza da natureza ... é bem claro que a natureza não é tão natural, é mesmo nisso que consiste essa podridão que é o que geralmente se chama cultura, a cultura fervilha como eu fiz observar incidentalmente. Sim!

Os tipos, modelados pelas relações sociais, consistem num jogo de palavras. Aristóteles imputa - não se sabe por quê - à mulher ser histérica: é um jogo de palavras com στερον(hysteron).

Apontei uma coisa para vocês concernente ao parentesco: O parentesco em questão, é um livro produzido por Needham, Rodney Needham,  que não é bom...

 

– Por que tudo é engolido no parentesco mais raso?

– Por que as pessoas que vêm falar conosco sobre psicanálise só nos falam sobre isso?

– Por que não diríamos que estamos totalmente relacionados com um poueta por exemplo… no sentido que eu articulei anteriormente: o não poueta assaz …um poueta, já que temos tanto parentesco com ele.

– Por que a psicanálise orienta as pessoas que se submetem a ela, as orienta – em nome de quê – para suas memórias de infância?

– Por que  não se se as orienta aparentemente para um poueta, um poueta entre outros, não importa qual! Mesmo um poueta, é muito comumente o que se chama de um débil mental, não vemos por que um poueta seria uma exceção.

 

Um significante novo, que não teria nenhuma espécie de sentido, talvez fosse o que nos abriria ao que - com meus passos trôpegos - chamo de Real. Por que não tentaríamos formular um significante que tivesse, contrariamente ao uso que habitualmente se faz dele, que tivesse um efeito?

É certo que tudo isso tem um caráter extremo. Não foi sem intenção que fui introduzido nisso pela psicanálise. Intenção quer dizer sentido... isso não tem exatamente nenhuma outra incidência... intenção quer dizer sentido e permanecemos sempre colados ao sentido.

Como ainda não se forçaram bem as coisas para provar o que aconteceria se se forjasse um significante que seria outro? Bem, paro por aqui hoje.

Se eu jamais lhes convocar a propósito desse significante, vocês o verão afixado e ainda assim será um bom signo. Como não sou débil mental senão relativamente - quero dizer que sou como todo mundo - como não sou  débil mental senão relativamente,  é talvez porque uma pequena luz me terá ocorrido.


TEXTO EM FRANCÊS


L’insu que sait de l’une-bévue s’aile à mourre

Séminaire de 1976-1977

Jacques Lacan

 

 

Leçon 12

17 Mai 1977

 

 

Des gens n’entendaient pas au milieu. J’aimerais qu’on me dise cette fois-ci si on m’entend. Ce n’est pas que ce que j’ai à dire ait une extrême importance… Est-ce qu’on m’entend ? Est-ce que quelqu’un veut bien dire si on ne m’entend pas, par hasard ?

 

 

Bon. Alors pour dire les choses par ordre d’importance croissante, j’ai eu le plaisir de m’apercevoir que mon enseignement a atteint L’Écho des Savanes ! [Rires]. Je ne vous en citerai que deux lignes:

 

Ça n’est pas plus compliqué que cela, la psychanalyse. Enfin ça, c’est la théorie de Lacan.

 

Voilà !

L’Écho des Savanes n°30, où vous pourrez lire ce texte, est quand même un peu porno [Rires]. Que j’aie réussi - enfin j’ai réussi… je l’ai pas fait exprès ! - que j’aie réussi à pousser jusqu’au porno, c’est quand même, c’est quand même ce qu’on appelle un succès ! Bon. Voilà ! Je recueille toujours soigneusement L’Écho des Savanes, comme si je n’avais attendu que ça, mais ce n’est évidemment pas le cas. 

Alors par ordre d’importance croissante, je vais quand même vous signaler la paru­tion au Seuil d’un texte nommé Polylogue, qui est de Julia Kristeva. J’aime beaucoup ce texte. C’est un recueil d’un certain nombre d’ar­ticles. Ça n’en est pas moins précieux. J’aimerais quand même m’infor­mer, auprès de Julia Kristeva, puisqu’elle a fait l’effort ce matin, de bien vouloir se déranger, comment elle conçoit ce Polylogue

J’aimerais bien qu’elle me dise si ce Polylogue, comme peut-être enfin il m’apparaît pour autant que j’ai pu le lire… car je ne l’ai pas reçu il y a longtemps …si ce Polylogue est une polylinguisterie, je veux dire : si la linguistique y est en quelque sorte - ce que je crois qu’elle est, quant à moi - plus qu’épar­se. Est-ce que c’est ça que par Polylogue elle a voulu dire ? Elle agite la tête de haut en bas d’une façon qui paraît m’approuver, mais si elle avait encore un petit filet de voix pour me le glapir, je ne serais pas fâché quand même. C’est…

 

Julia Kristeva:

         - C’est autre chose que de la linguistique. Ça passe par la linguistique, mais c’est pas ça.

 

Lacan:

- Oui. Seulement ce qui est embêtant c’est qu’on ne passe jamais que par la linguistique. Je veux dire qu’on y passe,  et si j’ai énon­cé quelque chose de valable, je regrette qu’on ne puisse pas dessus prendre appui. Pour dire la vérité, je sais pas… J’avais entendu dire, par quelqu’un qui était venu me tirer comme ça, par la manche, que Jakobson désirait que je participe à une interview. Je suis bien embêté, je m’en sens tout à fait incapable. 

C’est pas que… et pourtant je suis - comme vient de dire Julia Kristeva - je suis passé par là. Voilà ! Je suis passé par là, mais je n’y suis pas resté.

J’en suis encore à inter­roger la psychanalyse sur la façon dont elle fonctionne. Comment se fait-il qu’elle tienne, qu’elle constitue une pratique qui est même quel­quefois efficace ? Naturellement là, il faut quand même passer par une série d’interrogations : est-ce que la psychanalyse opère - puisque de temps en temps elle opère - est-ce qu’elle opère par ce qu’on appelle un effet de suggestion? Pour que l’effet de suggestion tienne, ça suppose que le langage - là je me répète - que le langage tienne à ce qu’on appel­le l’homme. 

Ce n’est pas pour rien que dans son temps, j’ai manifesté une certaine - comme ça - préférence pour un certain livre de Bentham qui parle de l’utilité des fictions. Les fictions sont orientées vers le service, qui est… qu’il justifie en somme. Mais d’un autre côté, il y a là une béance. 

Que ça tienne à l’homme, ça suppose que nous saurions bien, que nous saurions suffisamment, ce que c’est que l’homme. Tout ce que nous savons de l’homme, c’est qu’il a une structure, mais cette structure il ne nous est pas facile de la dire. La psychanalyse a émis sur ce sujet quelques vagissements, à savoir que l’homme penche vers son plaisir, ce qui a un sens bien net : ce que la psychanalyse appelle plaisir, c’est pâtir, subir, le moins possible. Là il faut quand même se souvenir de la façon dont j’ai défini le possible, ça a un curieux effet de renversement, puisque je dis que : le possible c’est ce qui cesse de s’écrire. 

C’est tout au moins ainsi que je l’ai nettement articulé, au temps où je parlais du pos­sible, du contingent, du nécessaire et de l’impossible. Alors si on trans­porte le mot le moins, comme ça, tout pataudement, tout brutalement, eh bien ça donne:

  

                        Ce qui cesse le moins de s’écrire.

 

Et en effet, ça ne cesse pas un instant.

C’est bien là que je voudrais reposer une question à cette chère Julia Kristeva : qu’est-ce qu’elle appelle… ça, ça va la forcer à sor­tir un peu plus qu’un filet de voix comme tout à l’heure …qu’est-ce qu’elle appelle la métalangue ? Qu’est-ce que ça veut dire la métalangue, sice n’est pas la traduc­tion ? On ne peut parler d’une langue que dans une autre langue  - me semble-t-il ! - si tant est que ce que j’ai dit autrefois, à savoir : qu’il n’y a pas de métalangage. 

Il y a un embryon de métalangage, mais on dérape tou­jours, pour une simple raison, c’est que je ne connais de langage qu’une série de langues incarnées. On s’efforce d’atteindre le langage par l’écri­ture. Et l’écriture, ça ne donne quelque chose qu’en mathématiques, à savoir là où on opère par la logique formelle, à savoir par extraction d’un certain nombre de choses qu’on définit comme axio­mes principalement, et on n’opère tout brutalement qu’à extraire ces lettres, car ce sont des lettres. 

Ouais… Ça n’est nullement une raison pour qu’on croie que la psycha­nalyse mène à écrire ses mémoires. C’est justement parce que il n’y a pas de mémoire d’une psychanalyse que je suis aussi embarrassé. 

Il n’y a pas de mémoire, ça ne veut pas dire qu’il n’y ait pas de la mémoire intéres­sée dans cette affaire. Mais « écrire ses mémoires », c’est une autre affaire. Tout repose là sur une métaphore, à savoir qu’on s’imagine que la mémoire, c’est quelque chose qui s’imprime, mais rien ne dit que cette métaphore soit valable. 

Dans son Projet : Entwurf, Freud articule très précisément, l’impression de ce qui reste dans la mémoire. C’est pas une raison parce que nous savons que des animaux se souviennent, pour qu’il en soit de même pour l’homme.

Ce que j’énonce en tout cas, c’est que l’invention d’un signifiant est quelque chose de différent de la mémoire. Ce n’est pas que l’enfant invente ce signifiant : il le reçoit. Et c’est même ça qui vaudrait qu’on en fasse plus. Pourquoi est-ce qu’on n’inventerait pas un signifiant nouveau ? Nos signifiants sont toujours reçus. Un signifiant par exemple qui n’aurait - comme le Réel - aucune espèce de sens… On ne sait pas, ça serait peut-être fécond. 

Ça serait peut-être fécond, ça serait peut-être un moyen, un moyen de sidération en tout cas. Ça n’est pas qu’on n’essaye pas. C’est même en ça que consiste le mot d’esprit : ça consiste à se ser­vir d’un mot pour un autre usage que celui pour lequel il est fait. Dans le cas de famillionnaire on le chiffonne un peu ce mot, mais c’est bien dans ce chiffonnage que réside son effet opératoire.

En tous les cas, il y a une chose où je me suis risqué à opérer dans le sens de la métalangue… la métalangue sur quoi tout à l’heure j’interrogeais Julia Kristeva …la métalangue en question consiste à traduire Unbewußt, par une-bévue . 

Ça n’a absolument pas le même sens, mais il est un fait, c’est que dès que l’homme dort, il une-bévue à tour de bras, et sans aucun inconvénient, mis à part le cas de somnambulisme. Le somnam­bulisme a un inconvénient, c’est quand on réveille le somnambule, comme il se promène sur les toits, il peut arriver qu’il ait le vertige. 

Mais à la vérité la maladie mentale qu’est l’inconscient ne se réveille pas. Ce que Freud a énoncé et ce que je veux dire, c’est cela : qu’il n’y a en aucun cas de réveil. La science - elle - n’est qu’indirectement évocable en cette occasion : c’est un réveil, mais un réveil difficile, et suspect. Il n’est sûr qu’on est réveillé, que si ce qui se présente et représente est - je l’ai dit - sans aucune espèce de sens. Or tout ce qui s’énonce jusqu’à présent comme science, est suspendu à l’idée de Dieu. La science et la religion vont très bien ensemble. C’est un Dieu-lire ! Mais ça ne présume aucun réveil. 

Heureusement, y a-t-il un trou. Entre le délire social, et l’idée de Dieu, il n’y a pas de commune mesure. Le sujet se prend pour Dieu, mais il est impuissant à justifier qu’il se produit du signifiant, du signifiant S indice 1, et encore plus impuissant à justifier que ce S indice 1 le repré­sente auprès d’un autre signifiant, et que ce soit par là que passent tous les effets de sens, lesquels se bouchent tout de suite, sont en impasse. Voilà !

L’astuce de l’homme, c’est de bourrer tout cela - je vous l’ai dit - avec de la poésie qui est effet de sens, mais aussi bien effet de trou. Il n’y a que la poésie - vous ai-je dit - qui permette l’interprétation et c’est en cela que je n’arrive plus, dans ma technique, à ce qu’elle tienne : je ne suis pas assez pouate, je ne suis pas pouate assez. Voilà ! 

Ça, c’est pour introduire ceci: à propos de quoi il se pose des questions :la définition de la névrose. Il faut quand même être sensé et s’apercevoir que la névrose, ça tient aux relations sociales. On secoue un peu la névrose, et c’est pas du tout sûr que par là on la guérisse. La névrose obsessionnelle par exemple, c’est le principe de la conscience. 

Et puis il y a aussi des choses bizarres. Il y a un nommé Clérambault qui s’est aperçu un jour - Dieu sait comment il a trouvé ça - qu’il y avait quelque part de l’automatisme mental. Il n’y a rien de plus natu­rel que l’automatisme mental. 

Qu’il y ait des voix… des voix, d’où viennent-elles ? elles viennent forcément du sujet lui-même …qu’il y ait des voix qui disent : Elle est en train de se torcher le cul… on est stupéfait que cette dérision, puisque - à ce qu’il paraît - il y a dérision …n’arrive pas plus souvent. 

Moi, j’ai vu récemment, à ma présenta­tion de malades comme on dit - si tant est qu’ils soient malades – j’ai vu un japonais qui avait quelque chose que lui-même appelait écho de la pensée. Qu’est-ce que serait l’écho de la pensée  si Clérambault ne l’avait pas épinglé ? Un processus serpigineux qu’il appelle ça ! Il n’est même pas sûr que ce soit un processus serpigineux là où est censé être le centre du langage. 

Moi, j’ai quand même dit que ce japonais qui avait un très vif goût pour la métalangue, à savoir qu’il jouissait d’avoir appris l’anglais, et puis le français après. 

Est-ce que c’est pas là où a été le glissement? Il a glissé dans l’automatisme men­tal de ce fait que, dans toutes ces métalangues - qui se trouvaient être maniées assez aisément - ben, il ne s’y retrouvait pas. J’ai conseillé, moi, qu’on lui permette d’avoir du champ et qu’on ne s’arrête pas à ceci que Clérambault a inventé un jour un truc qui s’appelle l’automatisme mental. C’est normal l’automatisme mental. 

Il se trouve que si je n’en ai pas moi, c’est un hasard. Il y a quand même, quand même quelque chose qui peut s’appeler de mauvaises habitudes. Si on se met à se dire des choses à soi-même… comme il s’exprimait, le dit japonais, textuelle­ment, …si on se met à se dire des choses à soi-même, pourquoi ça ne glis­serait-il pas vers l’automatisme mental parce qu’il est tout de même bien certain que… conformément à ce que dit Edgar Morin dans un livre qui est paru récemment et où il s’interroge sur La nature de la nature …il est tout à fait clair que la nature n’est pas si naturelle que ça, c’est même en ça que consiste cette pourriture qui est ce qu’on appelle généralement la culture, la culture bouillonne comme je vous l’ai fait remarquer inci­demment. Ouais !

Les types, modelés par les relations sociales, consistent en jeux de mots. Aristote impute - on ne sait pas pourquoi - à la femme d’être hys­térique : c’est un jeu de mot sur στερον [hysteron]. 

Je vous ai fait remarquer quelque chose concernant la parenté: La parenté en question, c’est un livre que fraye Needham, Rodney Needham, qui n’est pas le bon…

 

      Pourquoi tout s’engloutit-il dans la parenté la plus plate ? 

      Pourquoi les gens qui viennent nous parler en psychanalyse, ne nous parlent-ils que de cela ? 

      Pourquoi ne dirait-on pas qu’on est apparenté à part entière d’un pouate par exemple… au sens où je l’ai articulé tout à l’heure : le pas pouate assez …un pouate, on a autant de parenté avec lui. 

      Pourquoi la psychanalyse oriente-t-elle les gens qui s’y assouplissent, les oriente-t-elle - au nom de quoi - vers leurs souvenirs d’enfance ? 

      Pourquoi est-ce qu’ils ne s’orienteraient pas vers l’apparentement à un pouate, un pouate entre autres, n’importe lequel ! Même un pouate, est très communément ce qu’on appelle un débile mental, on voit pas pourquoi un pouate ferait exception. 

 

Un signifiant nouveau, celui qui n’aurait aucune espèce de sens, ça serait peut-être ça qui nous ouvrirait à ce que - de mes pas patauds - j’ap­pelle le Réel. Pourquoi est-ce qu’on ne tenterait pas de formuler un signifiant qui aurait, contrairement à l’usage qu’on en fait habituelle­ment, qui aurait un effet? 

Il est certain que tout ceci a un caractère d’extrême. Si j’y suis introduit par la psychanalyse, c’est tout de même pas sans portée. Portée veut dire sens… ça n’a exactement pas d’autre inci­dence …portée veut dire sens et nous restons collés toujours au sens. 

Comment est-ce que on n’a pas encore forcé les choses assez, pour faire l’épreuve de ce que ça donnerait, de forger un signifiant qui serait autre? Bien, je m’en tiens là pour aujourd’hui.

Si jamais je vous convoque à propos de ce signifiant, vous le verrez affiché et ce sera quand même un bon signe. Comme je ne suis débile mental que relativement - je veux dire que je le suis comme tout le monde – comme je ne suis débile mental que relativement, c’est peut-être qu’une petite lumière me serait arrivée.

 

 

A aula 12 desse seminário pode ser ouvida, em francês, à partir do seguinte link:

http://www.valas.fr/IMG/mp3/12_insu17-05-77.mp3

 

   

 

A CLÍNICA HOJE: OS NOVOS SINTOMAS

  (O) Curso Livre (da) Formação chega ao 23º Módulo abordando o tema   “A clínica hoje: Os novos sintomas” e acontece nos dias 01 e 02 de m...