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ENTREVISTA

O professor de Ética e Filosofia Política da USP, Renato Janine Ribeiro, fala da postura do brasileiro diante da ética e também do perigoso preconceito que existe em relação à política no país Certo e errado. Conceitos antagônicos que se colocam como dois pontos ligados por uma reta: o homem. Em entrevista exclusiva à Revista E, o professor da USP, fala, que participou do Seminário Internacional Ética e Cultura, realizado em outubro no Sesc Vila Mariana, analisa que, sobretudo no mundo de hoje, essas noções não devem iludir como se fossem coisas claras. Há muitos outros pontos ao longo dessa reta. Há uma interpretação errada da obra de Maquiavel? Qual o conceito de ética presente nos textos do florentino? Durante muito tempo, Maquiavel foi considerado um autor maldito. O século 20 conheceu uma recuperação da sua obra por alguns motivos. Um deles é o recrudescimento do nosso interesse pela política. A leitura dos textos de Maquiavel nos leva a perceber que ele não defendia a...

CONVITE

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Acontece nessa quinta-feira, 15 de setembro, às 19 horas, no Restaurante Toda Hora, o lançamento do livro " corpoalíngua: performance e esquizoanálise ", de Clarissa Alcantara. Teatro, filosofia, literatura, psicanálise tornaram-se campos intercessores e emergentes a uma prática artística inaugurada em 1988 que se executa, hoje, como uma vivência performática no campo da arte da performance – objeto de pesquisa de mestrado, doutorado e pós-doutorado com o título corpoemaprocesso/ teatrodesessência. A natureza processual dessa experiência de pesquisa produz esse continuum com limites móveis e sempre deslocados. O presente projeto dirige-se ao estudo aprofundado do pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari, cercando, principalmente, a idéia de corpo sem órgãos, termo apropriado de Antonin Artaud, e de esquizoanálise – análise simultânea das máquinas desejantes e dos seus investimentos sociais – inserida como parte operacional do fazer artístico. Estas noções trans...

Artigo

DRÁCULA VIAJANTE: QUESTÕES DE GEOGRAFIA E FRONTEIRAS Sérgio Luiz Prado Bellei Resumo A ênfase dominante da crítica psicanalítica no problema da sexualidade no Dracula, de Bram Stoker, tende a ocultar a relevância de outros aspectos do romance, como é o caso das questões relativas a viagens e fronteiras. Este ensaio tenta chamar a atenção para as referências constantes, no romance, aos problemas relativos ao cruzamento de fronteiras entre culturas civilizadas e primitivas. Dracula pode também ser entendido como um romance que trata dos sentimentos xenófobos motivados pela possibilidade de um encontro cultural no qual comunidades metropolitanas se sentem ameaçadas por forças alienígenas poderosas e se vêem forçadas a recorrer ao exercício violento do poder com o objetivo de manter o bárbaro do lado de fora dos muros. Abstract The overwhelming emphasis of psychoanalytic critics on the question of sexuality in Bram Stoker's Dracula tends to occlude the signifi...

Isto é Filosofia

"Onde houver uma contradição, faça uma redescrição! Mude a perspectiva de observação, troque as premissas dos raciocínios, explicite os acordos tácitos que fundam as conclusões consensuais e, por fim, submeta sua opinião à dos outros. No mínimo, o que parece sem sentido ganha um novo sentido; no máximo, recuperamos o tônus da vontade de sentir, pensar, julgar e agir em liberdade." Bergson

Meu irmão Kierkegaard

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Texto do professor  Luiz Felipe Pondé para Folha de São Paulo – 13/07/2011 Quando você estiver lendo esta coluna, estarei em Copenhague, Dinamarca, terra do filósofo Soren Kierkegaard (1813-1855), pai do existencialismo. Ao falarmos em existencialismo, pensamos em gente como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus, tomando vinho em Paris, dizendo que a vida não tem sentido, fumando cigarros Gitanes. O ancestral é Pascal, francês do século 17, para quem a alma vive numa luta entre o "ennui" (angústia, tédio) e o "divertissement" (divertimento, distração, este, um termo kierkegaardiano). O filósofo dinamarquês afirma que nós somos "feitos de angústia" devido ao nada que nos constitui e à liberdade infinita que nos assusta. A ideia é que a existência precede a essência, ou seja, tudo o que constitui nossa vida em termos de significado (a essência) é precedido pelo fato que existimos sem nenhum s...

Dicas para apresentação de trabalhos

Caros alunos! Enquanto vocês se preparam para o início do próximo semestre, aí vão algumas dicas, recolhidas no site da Universidade das Quebradas , que podem ser úteis para que ninguém tenha medo de botar para quebrar nas apresentações de trabalhos. - É preciso que os apresentadores dominem o assunto que será abordado – quanto mais você souber e tiver pesquisado sobre o tema, mais segura e rica será sua fala! E não se esqueça: se o texto não tiver sido decorado, é claro que a apresentação ficará mais dinâmica e atraente para quem está assistindo. - Produção de um esquema com informações sucintas, que servirão para nortear o trabalho do apresentador: para melhor entendimento da platéia é válido fazer uma introdução contextualizando o tema, mostrando sua importância e explicando seus objetivos ao escolhê-lo como tema de sua apresentação. Uma curiosidade interessante: as pessoas prestam mais atenção nos cinco minutos iniciais de uma fala, por isso passe seu recado mais importante ness...

Nas fronteiras do corpo

Devemos escapar da alternativa do dentro e do fora: é preciso estar nas fronteiras. A crítica é a análise dos limites e a reflexão sobre eles. Michel Foucault 

O fantasma de Sigmund: Freud e a “suspeita de si”

Texto de Vladimir Safatle, publicado, nesse final de semana, no Caderno Ilustríssima  do Jornal Folha de São Paulo ATAQUES VIRULENTOS: Não é difícil entender por que o pensamento de Freud é objeto periódico de ataques virulentos. Definições sobre saúde, normalidade e sofrimento psíquico estão longe de ser imunes a conflitos: são aspectos de um embate social a respeito do que entendemos por "vida mutilada". Um trabalho epistemológico digno desse nome é capaz de mostrar como a gênese de conceitos clínicos centrais depende, em larga medida, de valores que se originam fora da clínica e que a clínica toma emprestados dos campos da política, da estética, da teoria social, da moral, entre outros. Por isso, os embates em torno dos modelos de intervenção clínica diante do sofrimento psíquico acabam sendo embates a respeito de modelos de vida que procuram ter forte peso normativo. A maneira como, nos últimos 50 anos, o homossexualismo deixou de ser visto como uma ...