sábado, junho 02, 2007

5a. e 6a. aulas

Auto erotismo: O prazer torna-se independente da necessidade (por exemplo a função de nutrição), e exerce-se de forma auto-erótica; o objeto passa a ser uma parte do próprio corpo.
Narcisismo Primário:
Imaginário – fascinação frente à imagem especular - eu Ideal.
Narcisismo Secundário:
Simbólico – os significantes constroem o Ideal do eu e organizam o imaginário.

Em seu texto - Sobre o Narcisismo: Uma introdução (1914) – Freud distingue dois tipos de escolha de objeto: o tipo anaclítico (anáclise = apoio) e o tipo narcísico.
Segundo Freud, ama-se:
1)
Segundo o tipo narcísico
· O que se é (a si mesmo)
· O que se foi
· O que se quereria ser
· Alguém que foi parte do seu próprio eu.
(necessidade de amar)
2) Segundo o tipo anaclítico
· A mulher que alimenta
· O homem que protege
(necessidade de ser amado)
O nome-do-pai:
A posição do pai como simbólico não depende do fato de as pessoas haverem mais ou menos reconhecido a necessidade de uma certa seqüência de acontecimentos tão diferentes quanto um coito e um parto. A posição do Nome-do-Pai como tal, a qualidade do pai como procriador, é uma questão que se situa no nível simbólico. Pode materializar-se sob as diversas formas culturais, mas não depende como tal da forma cultural, é uma necessidade da cadeia significante. Pelo simples fato de vocês instituírem uma ordem simbólica, alguma coisa correspondente ou não à função definida pelo Nome-do-Pai, e no interior dessa função vocês colocam significações que podem ser diferentes conforme os casos, mas que de modo algum dependem de outra necessidade que não a necessidade da função paterna, à qual corresponde o Nome-do-Pai na cadeia significante.
....Ora, trata-se menos das relações pessoais entre o pai e a mãe, ou de saber se ambos estão ou não à altura, do que de um momento que tem que ser vivido como tal, e que concerne às relações não apenas da pessoa da mãe com a pessoa do pai, mas da mãe com a palavra do pai – com o pai na medida em que o que ele diz não é, de modo algum, igual a zero.
O que importa é a função na qual intervêm, primeiro, o Nome-do-Pai, o único significante do pai, segundo, a fala articulada do pai, e terceiro, a lei, considerando que o pai está numa relação mais ou menos íntima com ela. O essencial é que a mãe funde o pai como mediador daquilo que está para além da lei dela e de seu capricho, ou seja, pura e simplesmente, a lei como tal. Trata-se do pai, portanto, como Nome-do-Pai, estreitamente ligado à enunciação da lei, como todo o desenvolvimento da doutrina freudiana no-lo anuncia e promove. E é nisso que ele é ou não aceito pela criança como aquele que priva ou não priva a mãe do objeto de seu desejo.
Jacques Lacan – Seminário V
Complexo de Édipo
Três tempos de Édipo
1º. Tempo: O que a criança busca, como desejo de desejo, é poder satisfazer o desejo da mãe, isto é, ser o não ser o objeto de desejo da mãe... O sujeito se identifica especularmente com aquilo que é objeto do desejo de sua mãe. Essa é a etapa fálica primitiva, aquela em que a metáfora paterna age por si, uma vez que a primazia do falo já está instaurada no mundo pela existência do simbólico do discurso e da lei. Para agradar a mãe, ....é necessário e suficiente ser o falo. Nessa etapa, muitas coisas se detêm e se fixam num certo sentido. ...dentre elas as identificações que qualificamos de perversas.
Segundo tempo: Eu lhes disse que, no plano imaginário, o pai intervém efetivamente como privador da mãe, o que significa que a demanda endereçada ao Outro, caso transmitida como convém, será encaminhada a um tribunal superior, se assim posso me expressar.
Com efeito, aquilo sobre o qual o sujeito interroga o Outro, na medida em que ele o percorre por inteiro, sempre encontra dentro dele, sob certos aspectos, o Outro do Outro, ou seja, sua própria lei. É nesse nível que se produz o que faz com que aquilo que retorna à criança seja, pura e simplesmente, a lei do pai, tal imaginariamente concebida pelo sujeito como privador da mãe. Este é o estádio, digamos, nodal e negativo, pelo qual aquilo que desvincula o sujeito de sua identificação liga-o, ao mesmo tempo, ao primeiro aparecimento da lei, sob a forma desse fato de que a mãe é dependente de um objeto, que já não é simplesmente o objeto de seu desejo, mas um objeto que o Outro tem ou não tem.
Terceiro Tempo:
A terceira etapa é tão importante quanto a segunda, pois é dela que depende a saída do complexo de Édipo. O falo, o pai atestou dá-lo em sua condição e apenas em sua condição de portador ou de suporte, diria eu, da lei. É dele que depende a posse ou não desse falo pelo sujeito materno. Na medida em que a etapa do segundo tempo é atravessada, é preciso então, no terceiro tempo, que aquilo que o pai prometeu seja mantido. Ele pode dar ou recusar, posto que o tem, mas o fato de que ele, o pai, tem o falo, disso ele tem que dar provas. É por intervir no terceiro tempo como aquele que tem o falo, e não que o é, que se pode produzir a báscula que reinstaura a instância do falo como objeto de desejado da mãe, e não mais apenas como objeto do qual o pai pode privar.
O pai onipotente é aquele que priva. Esse é o segundo tempo. Era nesse estágio que se detinham as análises do complexo de Édipo, na época em que se achava que todas as devastações do complexo decorriam da onipotência paterna. Pensava-se apenas nesse segundo tempo, só que não se frisava que a castração exercida aí era a privação da mãe, e não do filho.
O terceiro tempo é este: o pai pode dar à mãe o que ela deseja, e pode dar porque o possui. Aqui intervém, portanto, a existência da potência no sentido genital da palavra – digamos que o pai é um pai potente. Por causa disso, a relação da mãe com o pai torna a passar para o plano real.
O terceiro lugar, o pai se revela como aquele que tem. É a saída do complexo de Édipo. Essa saída é favorável na medida em que a identificação com o pai é feita nesse terceiro tempo, no qual ele intervém como aquele que tem o falo. Essa identificação chama-se Ideal do eu.
In: Jacques Lacan, Seminário livro 5, as formações do inconsciente.
Capítulo X “Os três tempos de Édipo”.

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