QUANDO O CORPO FALA: PSICANALISE E O REAL DO SINTOMA
Desde Freud, a psicanálise se manteve em tensão com os discursos que pretendem domesticar o enigma do sintoma. A psicologia e a biologia buscam localizar o sintoma num terreno conhecido, causal, mensurável. Jairo Gerbase, em “A hipótese de Lacan”, articula esses discursos em termos precisos: há três orientações possíveis sobre o sintoma mental — a psicológica, a biológica e a psicanalítica —, e cada uma funda uma concepção distinta do sujeito e do real. Entre a moral do ambiente e a química do corpo, a psicanálise preserva o mistério do dizer. O sintoma, na hipótese de Lacan, é o lugar onde o significante toca o corpo e o faz falar; é o ponto em que o sujeito, afetado pelo inconsciente, tenta dar forma ao impossível. Por isso, a clínica psicanalítica não busca eliminar o sintoma, mas escutá-lo — pois nele ressoa o que, em cada sujeito, faz do corpo um lugar de linguagem e do inconsciente, um nome do real. A hipótese de Lacan Jairo Gerbase No campo que nos concerne, o do sintoma d...