terça-feira, novembro 13, 2018

INTERPRETAÇÃO: DO TEXTO A VOZ







COMO OUVIR A VOZ DO TEXTO
Interpretação, Transcrição e Intradução

Marcos André Vieira










TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO

Parto da seguinte analogia feita por J. Lacan entre a tradução e a interpretação em uma análise: A interpretação deve introduzir no texto algo que subitamente torne possível a tradução.1 

Tradução do quê? Numa análise tenta-se dizer uma singularidade que não cabe nas palavras. Como traduzi-la, então, no sentido de lhe dar um lugar no universal, de lhe fornecer um mínimo de legibilidade que permita ao analisante sustentá-la em sua vida?

Há que haver algo de possível nessa tradução, pois senão faríamos análise apenas para se dar conta de que o intraduzível não se traduz. Neste sentido, a única saída seria calar, como sugere o primeiro Wittgenstein. Estaríamos a um passo do místico, que justamente se cala sobre Deus porque Deus não pode ser dito.

Ora, nem o inconsciente, nem o real lacaniano são divinos. Por isso podemos sustentar que há algo de tradução no ato analítico. O singular não passará para o universal e desaparecerá como singular, mas algo dele muda de status, o que sintetizo rapidamente dizendo que algo passa para o campo do legível.

Essas questões estão no centro da cena nos debates sobre a tradução. Todos sabem que a tradução é impossível, mas ao mesmo tempo assumimos que algo é possível, senão para quê tentar?

A tradução é impossível, mas é possível traduzir. Esse paradoxo é o paradoxo da tradução em geral. A análise, porém, tem um problema um pouco mais específico porque nela o que se vai tentar traduzir é exatamente o impossível da tradução. O tanto de uma palavra que é possível verter na outra língua é traduzido, mas e o tanto de impossível? Podemos supor que o tradutor faz sua aposta no traduzível, contando com as notas de pé de página, por exemplo, para o intraduzível. Já na análise tudo é feito para que sejamos levados a buscar o tempo todo a tradução do intraduzível – o que talvez seja o mais específico da interpretação analítica dentro deste vasto mundo que estamos resumindo sob o termo tradução.

Isso não significa que na análise é exigido que se consiga fazê-lo. Não necessariamente será possível, mas já ajuda a caracterizá-la se dissermos que a interpretação analítica busca o impossível da tradução mais do que o possível.

Apoiado na analogia lacaniana entre tradução e interpretação proponho uma mini-clínica da tradução (ou da interpretação) desdobrando-a em três aspectos.

A TRADUÇÃO DO POSSÍVEL E A TRANSCRIÇÃO DO IMPOSSÍVEL

O primeiro aspecto da tradução/interpretação, o mais simples, é a tradução do possível, a tradução de conteúdos. É o que mais ou menos considera o senso comum como sendo tradução. Um conteúdo determinado, exportado para outro país deve ser representado por um conteúdo com significação equivalente. Funciona bem quando os conteúdos em questão são bem-comportados, com limites precisos e sempre os mesmos como aqueles que mobilizamos no manual de instruções de uma geladeira, por exemplo: Troque o filtro uma vez por mês, pressione o botão tal, etc.

É possível traduzir um manual de instrução, pois seus conteúdos são coisas com um lugar bem definido no mundo e por isso, ao máximo, compreensíveis. Pode-se então emparelhar um conjunto de objetos de uma língua com outro na língua de chegada. Esse é o possível da tradução em sua forma máxima, que podemos chamar da tradução por equivalência.

Essa tradução é extremamente desinteressante, o que faz com que na prática, os manuais nunca sejam lidos, ou só quando o aparelho não funciona. A razão, já sabemos, é que a vida mora no inconsistente, no imprevisível, ou seja, no intraduzível.

A tradução pode, por isso, mirar no impossível. Destaquei esse aspecto em outra ocasião com o termo transcriação, que é a “tradução”, por Augusto de Campos, do make it new! de Ezra Pound.2 Ele indica que para transportar um tanto desse impossível para outra língua será preciso criar uma entidade nova e não apenas reproduzir a original por equivalência. Para que isso aconteça, porém, é preciso forçar a língua de chegada de maneira parecida ao que realiza o termo original na língua de partida. O impossível da tradução precisa, para ser traduzido, às vezes, que se dobre a língua e não apenas que se busque, nela, o equivalente mais próximo do original, já que nem sempre há equivalente à altura. Depende de ousadia, capacidade e de um tanto de heresia para com o texto original, por isso é muito imprevisível.

Este segundo aspecto da tradução supõe não apenas que se criem novos seres, mas também que se trabalhe com o contexto em que eles se instalarão. É preciso remanejar conteúdos, mudar o encadeamento, a sintaxe, mexer no ritmo, acelerar aqui, atrasar ali. Se a metáfora que me ocorreu para o primeiro aspecto da tradução é válida, a de emparelhar conteúdos, quanto a esse segundo aspecto, para produzir esses efeitos de recriação é preciso jogar com seu trânsito: apitar para fazer todos correrem mais ou eventualmente bloquear alguns sinais para produzir engarrafamento.3

Assim como há uma tradução pelo conteúdo, há uma interpretação pelo sentido e há igualmente uma interpretação “transcriadora”, mais tipicamente psicanalítica, que se fará por mudança no trânsito das memórias e fragmentos de memória. Alguns conteúdos passarão a se enfileirar ou a se engarrafar de tal maneira que os nomes dos impasses e eventualmente becos e vielas acessórias se destacam. Dessa forma, de repente, algo completamente imprevisto passa a traduzir um conteúdo que até então era puro intraduzível.

Estou falando de meu pai, por exemplo, e daqui a pouco, por aceleração, por compressão, mudança de ritmo, em vez de emparelhá-lo com meu professor, meu tio, meu avô, figuras previsíveis da paternidade, ele acaba representado pelo vendedor de balas da esquina quando eu era criança. Esse tipo de coisa terá um efeito de interpretação transcriadora. Produzirá uma tradução para o meu pai muito mais real do que se eu a buscasse numa figura de autoridade. Aquela figura de calçada e meio-fio, o baleiro, dirá mais do que sinto de vida com relação a meu pai do que as outras, de um modo até então impossível.

Na análise, impossíveis acontecem. Isso não significa que eles se tornarão possíveis, que o impossível acabará, mas que eles passam a ganhar uma tradução nova, que permite certo número de coisas que antes eram impossíveis. Ainda bem, pois senão, se a análise servisse para descobrir que o impossível é impossível e pronto, que tristeza.

RESSONÂNCIA E INTRADUÇÃO

Há ainda um terceiro aspecto da tradução que interessa à teoria da interpretação psicanalítica. É o mais difícil e pode ser abordado a partir de um termo muito caro a Lacan: ressonância.4

Não será, aqui, como na transcriação a surpresa de uma nova maneira de dizer o indizível, mas muito mais a certeza de ele não poder se dizer. Só que, mesmo assim, mesmo prosseguindo não sendo dito, passa a estar ali de outro modo. Alguma coisa no dizer em questão ressoa e produz a certeza de que esse dizer encarna algo da minha singularidade, o que muda também o valor dessa certeza fazendo uma presença estranha se tornar mais companheira. É como se alguma coisa encontrada na análise não engendrasse emparelhamento de conteúdos, nem a surpresa de um novo conteúdo, mas também a certeza de uma presença. Ela diz que ali, nessa fala, apenas sou sem quê nem porquê.

Há um tipo de material de análise que sustenta esse tipo de presença como nenhum outro, Lacan os chama de objetos “a”. Seriam melhor encarnados pelo termo resto. O que sustenta o impossível da tradução, o mais singular de mim, se encontra na análise como resto, lixo subjetivo, coisas que não se encaixam, pedaços de sentimento sem dono ou de cores e cheiros sem morada. Podem ser igualmente palavrões, obscenidades e expressões bizarras, sonhos, risos, atos falhos, tantas figuras do que numa vida, mas também numa língua e cultura, é excrescência e por isso resto.5

Boa parte dessas coisas não encontra exatamente tradução na análise, ou melhor, sentimos que nada vai dizer melhor do que elas mesmas o mistério do que somos ou do que foi para nós aquele dia, aquele gesto. São, então, a tradução impossível por excelência. No entanto, por isso mesmo, como o que não tem solução solucionado está, elas se dizem sem remeterem a nenhuma explicação ou tradução, apenas por manterem-se como tal. Apenas ecoam, restam, como o cheiro azul de uma tarde única, ou o som da manteiga no pão.

Se a interpretação é tradução, a ressonância praticamente não é interpretação ou então, forçando um pouco, talvez possamos dizer a tradução desses restos é sua ressonância, que é seu poder de intradução que lhes dá um lugar tão especial. Se assim fizermos, podemos caracterizar as três traduções-interpretações em uma análise da seguinte forma: tradução, transcriação e intradução.

Voltemos ao paradoxo da intradução. Seguindo a fórmula geral da interpretação lacaniana do início, o que se acrescenta, então, para que haja ressonância? Lacan tem uma lista de conceitos para indicar ao psicanalista que pista seguir: desejo, gozo, objeto “a”, letra, estilo e em seus últimos seminários, sinthoma. Ficarei, aqui, apenas no registro do objeto “a”, mas quero indicar como seria esse acréscimo de presença singular de quem fala, no próprio corpo de sua fala, de seu texto. Uma das formas de presença do objeto “a” é o que Lacan designa como voz

Não é a voz como fala, dito, nem mesmo como entonação, ritmo, prosódia, mas como aquele toque inconfundível de vida entremeada no texto e que não está no que se diz, nem mesmo no modo de dizer, mas no que se ouve, no que se diz, do que não pode ser dito.6


LALÍNGUONÇA

Guimarães Rosa encontra, a meu ver, um modo admirável de dar lugar a essa presença paradoxal em seu conto “Meu tio iauaretê”.7

Alguém chega na casa de um desconhecido para passar a noite. Supõe-se que ele tenha se perdido ou apenas pedido pouso. Supõe-se porque ele nada diz. É uma presença silenciosa de endereçamento do onceiro que mora na casa e o recebe. É o onceiro que tudo enuncia, pois o conto é apenas seu monólogo. O anfitrião conta suas histórias, de como foi parar ali, de como caçou onças a mais não poder, de como foi se ligando a elas e se tornando um pouco como elas, de como, roído pelo remorso passa a não mais matá-las e viver com elas em uma estranha intimidade.Todos os detalhes estão em sua fala e histórias: o cheiro, a violência, a morte, a elegância felina, etc. O tio dele é uma onça, e a onça é o jaguar, o jaguaretê, uma onça, Maria-Maria é tão sensual, irresistível e amazônica como a parceira por quem está apaixonado.

Haroldo de Campos em seu comentário sobre o conto destaca o jogo complexo que Guimarães Rosa tece entre a língua da narrativa, o Português e um linguajar fragmentado, bizarro, que traz a presença da onça no relato e que se apresenta no uso, pelo onceiro, do Tupi. Ele nhenhenga, misturando interjeições e exclamações com termos do Tupi.

A analogia é possível entre o que Lacan chama de língua (la langue) e de lalangue, que o próprio Haroldo de Campos propõe traduzir como lalíngua. É o que vai se apresentando em uma análise quando a narrativa de si, língua oficial do ego, vai sendo depurada até deixar ver sua ossatura desmembrada, uma quase língua feita de restos, pedaços de lembranças, de cenas que parasitam a língua oficial.8

Não é apenas depuração, mas apresentação de uma presença oficiosa. O texto faz ressoar essa presença na junção entre a língua oficial e a oficiosa. O Tupi se apresenta como estando para o Português como a vibração do que retorna de um passado a-histórico. Suas palavras parecem ecoar alguma coisa para os nossos ouvidos que não se sabe bem dizer o quê, mas que se sabe, consigo o quanto é vibração viva. O Tupi parasita o texto principal, desvela sua vida artificial ao lhe dar um subterrâneo pulsante.Como a la-língua do conto, encarna a presença da onça no onceiro e dá ao conto sua voz tão singular.9

Essa presença é também perigo, pois se toma conta do texto por completo o reduz a uma algaravia incompreensível. De fato, ao longo do conto, a sensação de desastre aumenta à medida que a fala do onceiro vai se tornando mais e mais estranha. No mesmo sentido, o onceiro vai tentando fazer com que o visitante durma e, sentimos, nessa empreitada que ele está se tornando outra coisa ao mergulhar cada vez mais em sua lalinguonça Tupi. Sentimos, não imaginamos apenas, porque o próprio texto vai se transfigurando, semi implodido pelo Tupi e pelas interjeições e onomatopeias, indígena, africana, miados, essa voz.

Atenção! spoiler! Ao final, descobre-se que o visitante, que não era bobo, não tinha descansado seu revólver e quando o outro já está se transformando em onça ele lhe dá um tiro e o jaguar morre uma vez transformado em onça. Cito este momento, que é a conclusão do conto. O momento de apogeu de lalíngua em que o texto é invadido pelas conjunções, onomatopeias e a língua Tupi, presentificando a voz da onça e que é ao mesmo tempo a morte do sentido:

  • Mecê gostou, ã? Preto prestava não, ô, ô, ô... Ói: mecê presta, cê é meu amigo... Ói: deixa eu ver mecê direito, deix’eu pegar um tiquinho em mecê, tiquinho só, encostar minha mão... Ei, ei, que é que mecê tá fazendo? Desvira esse revólver! Mecê brinca não, vira o revólver pra outra banda... Mexo não, tou quieto, quieto... Ói: cê quer me matar, ui? Tira, tira revólver pra lá! Mecê tá doente, mecê tá variando... Veio me prender? Ói: tou pondo mão no chão é por nada, não, é à-toa... Ói o frio... Mecê tá doido?! Atiê! Sai pra fora, rancho é meu, xô! Atimbora! Mecê me mata, camarada vem, manda prender mecê... Onça vem, Maria-Maria, come mecê... Onça meu parente... Ei, por causa do preto? Matei preto não, tava contando bobagem... Ói a onça! Ui, ui, mecê é bom, faz isso comigo não, me mata não... Eu – Cacuncozo... Faz isso não, faz não... Nhenhenhém... Heeé!... Hé... Aar-rrâ... Aaâh... Cê me arrhoôu... Remuaci... Rêiucàanacê... Araaã...Uhm... Ui... Ui... Uh... uh... êeêê... êê... ê


A analogia entre a situação analítica e este conto não é para dizer que a gente tem que morrer na análise... talvez... mas quem morre na análise não é a voz, mas sim um pouco do éramos em nosso ego. Em uma análise, talvez, se levada até o final, alguma coisa dessa singularidade destrói o texto de partida, o da novela de uma vida, no sentido do romance familiar. Às vezes é a própria análise que constrói essa história, pois nem todos chegam com uma narrativa arrumadinha de sua vida. No entanto, até esta narrativa será, no mínimo “atravessada” por uma presença que traduz o indizível da singularidade, da vida que pulsa e anima essa narrativa e que aqui estamos chamando de “voz”.

A tensão entre as duas não se traduz em guerra, pois é impossível que uma vença a outra, mas certamente o narrador do conto, o ego, cederá o lugar à voz que o habita. Ela não se tornará um novo narrador, senão deixaria de ser a alma do texto, mas passará a ser incluída de outro modo. Isso não significa que a partir daí não se contem mais histórias, pelo contrário, me parece que uma vez a voz entremeada no texto dessa maneira, agora quem vai vibrar não é mais o eu. Quem vai ressoar agora em mim são justamente esses elementos que ecoam como um sino, como um jaguar, um jaguaretê em mim. São eles, inclusive, que produzirão a possibilidade para outros da experiência do inconsciente.

Não é exatamente o que faz Guimarães Rosa, com a voz da onça que o habita? Ela está no texto, mesmo que no interior da história ela acabe morrendo. A onça morre na história, mas fica viva em nós. Aquilo que era um silêncio fugidio se localiza e finalmente torna-se objeto de uso, de uso de escrita para Guimarães Rosa, de muitos outros usos para tantos onceiros como nós por aí.10

GLOSSÁRIO
A-ha. Do Tupi ‘a’, aqui está, e ‘ha’, guturalização da palavra
anterior. Isto implica uma reiteração do significado ‘a’,
eis aqui.
Aaah. Prolongação de ‘ah’. Pertence ao episódio final da morte do protagonista.
Aar-rrá. Do Tupi ‘ara’, cair. Pertence ao episódio final da morte do protagonista, quando se supõe que foi ferido: caio
Araaa. Caio
Abaeté. Tupi. De ‘abá’, homem, e ‘eté’, verdadeiro: homem
honrado, de valor.
Abaúna. Tupi. De ‘abá’, homem, e ‘una’, negro, obscuro:
homem negro.
Acutía, acuté. Tupi. Em português ‘cotia’, um peque- no roedor (Dasyprocta aguti Lin).
Aná? Ana. Tupi, ‘ana’, nasalização de ‘sara’, um sufixo com várias funções gramaticais, significa o que. O contacto com partículas interrogativas portuguesas como o quê? pode ter levado à agudização da prosódia. Portanto aná? significa o quê? Em Tupi- -Guaraní, a reiteração cumpre uma função significativa importante.
Anta (Brazil). Mamífero ungulado da família dos tapirídeos, também chamado tapir.
Anhum. Tupi. Nenhum


NOTAS:

  1. “A interpretação (...) deve introduzir na sincronia do significante algo que subitamente torne possível a tradução”. Substituindo a sincronia do significante por um termo mais simples, “texto” tínhamos: LACAN, Jacques (1998). «A direção do tratamento», in Escritos. Rio de Janeiro, JZE, p. 599 [LACAN, Jacques (1966). «La direction de la cure», in Écrits. Paris : Éditions du Seuil, p. 593].
  2. Cf. VIEIRA, Marcus André (dez 2006). “Com quantos livros se lê Lacan?” in Arquivos da biblioteca da EBP-Rio, vol. 4. EBP-Rio. Rio de Janeiro. Contra Capa, pp. 57-69.
  3. Percebe-se também como o manejo do tempo é indissociável da interpretação lacaniana. É o que fez Lacan variar o tempo da sessão no que ficou conhecido no Brasil (e apenas no Brasil por algum caminho obscuro de tradução) como tempo lógico lacaniano.
  4. Cf., p. ex. LACAN, Jacques, “As ressonâncias da interpretação” in «Função e Campo da Fala e da Linguagem», Escritos, Rio de Janeiro. JZE. p. 290.
  5. Cf.VIEIRA, Marcus André (2008). Restos – uma introdução ao objeto lacaniano da psicanálise. Rio de Janeiro, Contra Capa, verbete “objeto”.
  6. “Que se diga fica esquecido por trás do que se diz no que se ouve”: LACAN, Jacques (2003). «O aturdito», in Outros Escritos. Rio de Janeiro, JZE, p. 448 [LACAN, Jacques (2001). “L’étourdit”, in Autres écrits. Paris: Éditions du Seuil, p. 449].
  7. GUIMARÃES ROSA, João. (1962). “Mi tio el jaguaretê”, in De Estas Histórias, Rio: José Olympio.
  8. “Já se percebe que, neste texto de Rosa, além de suas costumeiras práticas de deformação oral e renovação do acervo da língua (frequentemente à base de matrizes arcaicas ou clássicas injetadas de surpreendente vitalidade), um procedimento prevalece, com função não apenas estilística, mas fabulativa: a tupinização, a intervalos, da linguagem. O texto fica, por assim dizer, mosqueado de nheengatu, e esses rastros que nele aparecem preparam e anunciam o momento da metamorfose [do onceiro em onça], que dará à própria fábula sua fabulação, à história o seu ser mesmo” (CAMPOS,H. (1976). “A linguagem do Iauaretê”, in Metalinguagem. São Paulo: Cultrix, p. 49).
  9. GUIMARÃES ROSA, João (2001 [1967]). «Meu tio iauaretê», in Estas Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,, pp. 191-238. Para lalíngua, cf. “O afreudisíaco na galáxia de lalíngua”, in Exu, Fundação Casa de Jorge Amado, Salvador, 1990; reimp. em Correio da EBP, n. 18-9, Belo Horizonte, EBP, janeiro de 1998) e ainda a nota da versão brasileira dos Outros Escritos (Rio de Janeiro, JZE, 2003, p. 510).
  10. 10. É o que J. A. Miller destacou em bom dialeto lacaniano, que é nosso Tupi, como o “se virar com o sinthoma [cf. MILLER, Jacques-Alain (2000). “Teoria do parceiro”, in Os circuitos do desejo na vida e na análise. Rio de Janeiro: Contra Capa. Para a interpretação como ressoar do sino, cf. MILLER, Jacques-Alain (2008-2009). “Coisas de Fineza em Psicanálise”, in A Orientação Lacaniana, inédito, lição de 20/05/09]

IN: REVISTA DESASSOSSEGO n. 1 
www.acfportugal.com

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