Aviso ao(a) leitor (a):
O que o(a) leitor(a) brasileiro(a) tem agora em mãos é oriundo de três fontes principais: os arquivos, em mp3, das aulas 1 a 12, disponíveis no site de Patrick Valas , a versão publicada desse seminário no nº 21 da revista L’Unebévue e a versão de Chollet encontrável na E.L.P .
Convite a advertência ou a advertência de um convite:
O leitor e a leitora, acostumados, talvez, a planitude e a plenitude de textos estabelecidos e canonizados que circulam pelo Brasil e pelo mundo afora, sentirão alguma estranheza nesse que, antes de mais nada, foi uma fala e que, como tal, segue sua cadência própria. Procuramos não cair na tentação de textualizá-la em excesso nem contextualizá-la em demasia e, assim, o que se lerá poderá, também, ser escutado nas reentrâncias e não concordâncias que são oferecidas tal qual, ou bem perto disso, o foram nos anos de 1976 e 1977 naquilo que se chamava na época, por uma quantidade cada vez maior de pessoas na França, de seminário de Jacques Lacan.
Assim, que o leitor e a leitora se deixem levar por tropeços e equívocos em meio a momentos geniais, que são a maioria, sem dúvida a grande maioria, como por exemplo, as suas novas considerações sobre o inconsciente e o sintoma. E que se deixem, também, levar por construções frasais comuns a uma fala que muitas vezes não acertam o alvo, aliás, nem mesmo miram em algum até que, serendiptydamente acham o que não estava previsto e iluminam a escuridão que nem sabíamos que habitávamos, como é o caso do amor enquanto vazio. Que se deixem enodar por uma topologia nem sempre fácil de entender mas com certeza firme em seus encadeadores e encantadores desígnios que são, muito a propósito mas não só eles, uma boa retomada da teoria psicanalítica das identificações e com uma ênfase toda especial ao furo, que pode nos conter. E o que dizer da ideia de que, no lugar de recebermos os significantes do Outro pura e nada simplesmente, pudéssemos produzi-los, como algo novo e sem sentido, já que de sentido estamos sempre afogados? Seria possível acordar, por uma psicanálise, desse sonho que dura tanto tempo, pelo menos desde que cada um de nós nasceu?
Enfim, eis aí o nosso convite, pois se trata mesmo de um: que vocês entrem conosco nisso que se oferece, e aproveitem a fascinante fala de Lacan da maneira que ela foi em seus percursos e em seus percalços depois desse exaustivo mas prazeroso trabalho de tradução para o português. E se, por essa proposta bilíngue – o texto em francês encontra-se no final de cada aula traduzida –, acharem ainda que algo aí poderia ser de outra forma, lembrem-se: um texto é feito por aquele e aquela que o lê, e estamos aqui para receber toda e qualquer proposta que ajude a saber-e-fazer-e-ler melhor.
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