sábado, fevereiro 18, 2023

LACAN - SEMINÁRIO 1976-1977

 


O In-sabido que sabe d-um tropeço se joga no amorte
Seminário de 1976-1977

Jacques Lacan


Aula 2
14 de Dezembro de 1976

Aí está ! Eu não vou fazer comentários. Bem, como da última vez que falei com vocês sobre algo, sobre aquilo que não é uma esfera nem uma outra, que é o que se chama toro, resulta disso… é isso o que eu queria indicar, mas é alusivo... que nenhum resultado da ciência é um progresso. Contrariamente ao que se imagina, a ciência anda em círculos, e não temos razões para pensar que os homens da pedra lascada tinham menos ciência do que nós.

A psicanálise notavelmente não é progresso, pois o que eu quero lhes indicar... já que, apesar de tudo continuo próximo a esse assunto … a psicanálise notavelmente não é um progresso, é um viés prático de se sentir melhor. Este sentir-se melhor – é preciso dizer – não exclui a estupidez.

Tudo indica... com o índice de suspeita que fiz pesar sobre o tudo, pois não há todo exceto cunhado, e moeda a moeda. A única coisa que conta é se uma moeda tem ou não valor de troca, essa é a única definição de todo. Uma moeda vale em todas as circunstâncias, quer dizer, isso significa apenas na circunstância qualificada como todo para valer, homogeneidade de valor... O todo é apenas uma noção de valor. O todo é o que vale em seu gênero, o que em seu gênero vale outro da mesma espécie de unidade.

Aqui estamos avançando muito suavemente em direção à contradição do que chamei de um tropeço. O um tropeço é o que se troca, malgrado o fato de não valer a unidade em questão. O um tropeço é um falso todo.

Seu tipo, se assim posso dizer, é o significante, o significante tipo, quer dizer, exemplar: não há nada mais tipo do que o mesmo e o outro. Quero dizer que não há significante mais típico do que esses dois enunciados.

Uma unidade é semelhante à outra. Tudo o que sustenta a diferença entre o mesmo e o outro é que o mesmo seja o mesmo materialmente. A noção de matéria é fundamental na medida em que ela funda o mesmo. Tudo o que não é fundado na matéria é um escroqueria, material-não-mente.

O material se apresenta a nós como corpo-sistente, quero dizer sob a sub-sistência do corpo, quer dizer, do que é consistente: o que sustenta um conjunto de tal maneira  do que se o pode chamar de con-turbado, dito de outra maneira, uma unidade.

Nada é mais único que um significante, mas no sentido limitado de que não é mais que semelhante a uma outra emissão de significante. Ele retorna ao valor, à troca. Ele significa o todo, o que quer dizer: é o signo do todo. O signo do todo é o significado, o qual abre a possibilidade de troca.

Sublinho nesta ocasião o que disse do possível: sempre haverá um tempo - é isso que significa - em que ele cessará de se escrever, em que o significado não se sustentará mais como fundante do mesmo valor: a troca material. Porque o mesmo valor é a introdução da mentira: há troca, mas não na mesma materialidade.

O que é o outro como tal? É essa materialidade do mesmo que eu estava dizendo agora a pouco, ou seja,  que eu apontava do signo imitando o outro. Não há senão uma série de outros - todos os mesmos enquanto unidades - Há apenas uma série de outras - todas iguais a uma unidade - entre as quais um tropeço é sempre possível, quer dizer, que ela não se perpetuará e, como tropeço, cessará.

Aí está! Todas essas são as primeiras verdades, mas eu creio que devo lembrá-los. O homem pensa. Isso não quer dizer que seja feito para isso. Mas é manifesto que ele só faz isso de válido, de válido quer dizer...e nada mais, não é uma escala de valores, a escala de valores, como eu lhes lembro, anda em círculos…válido não quer dizer senão isto: que implica a submissão do valor de uso ao valor de troca.

É patente que a noção de valor é inerente a este sistema do toro e que a noção d-um tropeço no meu título deste ano quer dizer que - também se poderia igualmente dizer o contrário - o homem sabe mais do que crê saber.

Mas a substância desse saber, a materialidade que está por baixo, nada mais é do que o significante enquanto tem efeitos de significação. O homem fala-ser como eu disse, o que não quer dizer outra coisa senão que ele fala significante, com o qual a noção de ser se confunde.

Isso é real... Real ou Verdadeiro?

Tudo se passa, nesse nível de tentativa, como se as duas palavras fossem sinônimas. O horrível é que elas o são em toda parte.O Verdadeiro é o que se crê como tal: fé e mesmo a fé religiosa, aí está o Verdadeiro e que nada tem a ver com o Real. A psicanálise, é bom dizer, gira no mesmo círculo. É a forma moderna de fé, de fé religiosa. À deriva, é aí que está o Verdadeiro quando se trata do Real.

Tudo isso porque manifestadamente - desde sempre, saberíamos, se não fosse tão manifesto – manifestadamente não há conhecimento. Só há conhecimento no sentido do que eu disse primeiramente, à saber, que a gente se engana: Um tropeço, é disso que se trata, girando nos círculos da filosofia.

Trata-se de substituir por um outro sentido o termo sistema do mundo que faz bem conservar, ainda que deste mundo não se possa dizer nada sobre o homem, exceto que ele caiu, vamos ver como, e isso tem muita relação com o furo central do toro.

Não há progresso porque não tem como haver: o homem anda em círculos... se é verdade o que digo sobre sua estrutura... porque a estrutura, a estrutura do homem é tórica. Não que eu afirme totalmente que ele é tal qual. Digo que podemos tentar ver onde é esse o caso, tanto mais que a topologia geral nos incita a fazê-lo.

O sistema do mundo até agora sempre foi esferoidal. Bah! Talvez pudéssemos mudá-lo! O mundo sempre foi pintado... até o presente, assim; pois o que os homens enunciaram... está pintado no interior de uma bolha. O vivente considera a si mesmo como uma bola, mas com o tempo acabou por perceber que não era uma bola mas uma bolha. Por que não perceber que se está organizado... quero dizer, o que se vê do corpo vivente... que ele está organizado como aquilo  que chamei de bastão outro dia.



Bem, estou tentando desenhar isso assim. É evidente que é bem isso o que nos leva, o que conhecemos do corpo como consistente. Nós chamamos isso ecto,  e endo e então ao redor há o meso. É assim que se faz: aqui é a boca, e aqui... [Risos] o contrário, a boca posterior. Só que este bastão nada mais é do que um toro. O fato de sermos tóricos na verdade combina muito bem com o que chamei outro dia de: bastão.

É uma elisão do ó, do tórico (torique), que dá neste bastão (trique).

Então isso nos leva a considerar que a histérica, que cada um sabe que tanto é homem como mulher, a histórica, se eu me permito esse deslizamento, deve-se considerar em suma que não é...eu feminizo para a ocasião, mas como vocês verão que colocarei meu peso do outro lado, isso será mais do que suficiente para demonstrar que não acho que existam apenas mulheres histéricas... a histórica tem em suma – para fazê-la consistir – apenas um inconsciente, que é o radicalmente Outro. Ela não é a mesma a não ser como Outra.

Bem, esse é o meu caso. Eu também tenho apenas um inconsciente. É por isso que penso nisso o tempo todo. É a tal ponto que – enfim, posso dar esse testemunho a vocês – a tal ponto que eu penso o universo como tórico, e isso não quer dizer outra coisa a não ser que eu não consisto senão de  um inconsciente sobre o qual, claro, penso noite e dia, o que faz com que d-um tropeço se torne inexato.

Tropeço tão pouco que é a única coisa... é claro que tropeço de tempos em tempos, isso tem pouca importância. Me ocorreu dizer  em um restaurante: “A senhorita está obrigada a não comer somente carangueijos aferventados, enquanto estivermos aqui”, para cometer um erro desse gênero, isso não vai longe ... no final das contas, sou um histérico perfeito, quer dizer, sem sintomas, salvo de tempos em tempos, como nesse erro de gênero em questão.

Há mesmo algo que distingue a histérica de mim, eu diria: de mim dependendo da ocasião. Mas vou tentar apresentá-lo a vocês. Você vêem como isso é  desajeitados. Aí está !


São dois... Estou colorindo este para dar a vocês o sentido – isso quer dizer que: um toro que forma uma cadeia com outro. 

Todo mundo sabe, porque eu já indiquei da última vez, que se vocês fizerem um corte aqui e dobrar o toro para trás vocês obterão isso, algo que se apresenta como isso:


Quer dizer que reproduz o que chamei antes de o bastão, só que o que eu desenhei antes assim... está lá no interior, no interior do bastão.





A diferença entre a histérica e eu...que, em suma, por força de ter um inconsciente o unifico com meu consciente...a diferença é esta: que em suma a histérica é sustentada, em sua forma de bastão, é sustentada por uma armadura.

Essa armadura é, em suma, distinta de sua consciência. Esta armadura é seu amor por seu pai.

Tudo o que conhecemos de casos enunciados por Freud concernentes a histérica, quer se trate:

– por Anna O.,

– de Emmy von N. , ou não importa qual outra,

– a outra von R.

…o quadro é algo que eu designei anteriormente como cadeia,  cadeia de gerações.

É bastante claro que a partir do momento em que entramos neste caminho, não há razão para que isso pare, à saber aqui:


 

Pode haver outra coisa que faça cadeia, e é uma questão de ver – isso não pode ir muito longe – como isso de vez em quando vai fazer bastão no lugar do amor, do amor do pai em questão.




 
Isso não quer dizer que se possa esquematizar o reviramento deste toro [3] em torno do toro 2...vamos chamá-lo assim…que se possa esquematizá-lo por um bastão.




Há talvez alguma coisa que  faz obstáculo, e muito precisamente tudo está lá: o fato de que a cadeia, a cadeia inconsciente se deter na relação dos pais – é sim ou não fundada – na relação da criança aos pais.

Se eu colocar a questão do que é um furo – tenham confiança em mim: isso tem uma certa relação com a questão. Um furo, assim, dá para ter a sensação, quer dizer isso: quando eu rachar a superfície. Quero dizer com isso que, por intuição, nosso furo é um furo na superfície.

Mas uma superfície tem um direito e um avesso, é bem conhecido, e isso significa que um furo é o furo do direito mais o furo do avesso.

Mas como existe uma banda de Mœbius que tem por propriedade conjugar o direito que está aqui com o avesso que está ali.

 




Uma banda de Moebius é um furo? Evidentemente que ela se parece bem com isso. Aqui há um furo, mas é um furo verdadeiro? Não está nada claro, por uma simples razão, como já indiquei: que uma banda de Moebius não passa de um corte, e é fácil ver que se isso é definido como o lado direito, é um corte entre um direito e um avesso.

Porque é suficiente que vocês considerem esta figura:





É bem fácil ver que se aqui é o direito, aqui é a parte inversa – já que é a parte de trás desta parte da frente – e que aqui o corte é entre o lado direito e o lado inverso, graças ao que, na banda de Mœbius, se a cortarmos em duas:


 


O lado direito e o lado do avesso tornam-se novamente, se assim posso dizer, normais. À saber, quando uma banda de Moebius é cortada em duas, nós vamos passar por isso, é fácil imaginar o que encontraremos, à saber, que a partir desse momento damos duas voltas, e existe um ponto onde o lado direito se distingue do inverso.

É bem assim que uma banda de Mœbius é essencialmente capaz de se redobrar. E o que vocês devem notar é o seguinte: é que ela se redobra de uma maneira que permite a passagem... é muito lamentável que eu não tenha tomado minhas precauções... aqui está a banda de Mœbius redobrada, e como é redobrada é que se mostra compatível com um toro:





Foi bem por isso mesmo que fiz questão de considerar o toro como passível de ser cortado segundo uma banda de Moebius. Isso é o suficiente - aqui está o toro:



  

…tudo o que é necessário é cortar não uma banda de Mœbius, mas uma banda de Mœbius dupla. É precisamente isso que nos dará a imagem do que se trata no laço entre o consciente e o inconsciente. O consciente e o inconsciente se comunicam e são ambos sustentados por um mundo tórico.

É aí ... é aí que está a descoberta - descoberta que foi feita por acaso - não que Freud não tenha persistido nela, mas não disse a última palavra a respeito. Ele nunca enunciou nomeadamente isso: que o mundo é tórico.

Ele acreditava - como qualquer noção de psique implica - que havia qualquer coisa... que eu descartei agora mesmo dizendo: uma bola e outra bola ao redor da primeira, esta no meio... ele acreditava que havia uma vigilância – uma vigilância que ele chamou de psique – uma vigilância que refletia ponto a ponto o cosmos. Ele estava a par do que é considerado como uma verdade comum, que a psique é o reflexo de um determinado mundo.

Anuncio, a título provisório - vou lhes repetir - que o mundo é tórico, porque não vejo em que eu poderia estar mais seguro do que adianto, embora haja muitos elementos que dão a sensação, e nomeadamente em primeiro lugar, do que eu dei da estrutura do corpo, do corpo considerado como o que chamei de bastão. 

Que o vivente - todo vivente - que se denomine como bastão, é o que, um certo número de estudos - inclusive os anatômicos grosseiros - sempre confirmaram. Que o toro seja algo que se apresenta como tendo dois furos em torno dos quais algo consiste, é o que é simplesmente evidente.

Repito-lhes, não foi necessário construir muitos aparelhos, nomeadamente microscópicos, é algo que sempre soubemos, desde que simplesmente começamos a dissecar, que fizemos a anatomia mais macroscópica.

Que se possa - o toro - cortá-lo de tal maneira que se faça dele uma banda de Moebius de duas voltas, certamente deve ser notado. De certa forma, este toro em questão é ele mesmo um furo, e de certa forma representa o corpo. Mas que isso seja confirmado pelo fato de que esta banda de Moebius, que eu já escolhi para expressar o fato de que a conjunção de um direito e um avesso é algo que simboliza muito bem a união do inconsciente e do consciente, é algo que vale a pena reter.

Uma esfera, podemos considerá-la como um furo no espaço? Isso é evidentemente muito suspeito. É muito suspeito porque supõe - o que não é evidente - o mergulho no espaço.

Isso é igualmente verdadeiro para o toro, e é bem assim que ao dividir o toro em duas folhas, se assim posso me exprimir, em duas folhas capazes de dar uma dupla volta, que reencontramos a superfície, quer dizer algo que aos nossos olhos é mais seguro, é mais seguro em todo caso para fundar o que é do furo.

É claro que não foi ontem que fiz uso desses encadeamentos:




 

Há já um tempo, para simbolizar o circuito - o corte do desejo [d] e da demanda [D] - eu me servi disso, à saber, do toro:





Eu tinha distinguido dois modos, à saber:

– o que circundava o toro e,  por outro lado…

– o que circundava o furo central.

A este respeito, a identificação da demanda com o que se apresenta como isso:



... e do desejo que se apresenta como isso, foi de fato bastante significativo:

 




Há algo que mencionei da última vez, à saber, que consiste em um toro dentro de um toro:






Se vocês marcam esses dois toros - os dois!! - com um corte:





... e os dobram... dobram os dois pelos cortes, se eu puder me exprimir assim, concentricamente, vocês trarão a parte interior para fora, e inversamente o que está na parte exterior virá para dentro:



É precisamente o que me impressiona nisso: que a valorização - como um envelopamento - do que que é o interior não deixa de ter relação com a psicanálise. Que a psicanálise se apegue... ao que está no interior, à saber, o inconsciente…em colocá-lo pra fora, é algo que evidentemente tem seu preço, mas que não deixa de colocar uma questão.

Porque se supusermos que há três toros, para chamar as coisas por seus nomes: que há três toros que são nomeadamente, o Real, o Imaginário e o Simbólico, o que veremos ao revirar - se assim posso dizer - o Simbólico?

Todo mundo sabe que é assim que as coisas se apresentarão:

 





e que o Simbólico, visto de fora como um toro, se encontrará - em relação ao Imaginário e ao Real - na condição de ter que passar por cima do que está por cima e por baixo do que está por baixo.

Mas o que vemos nós ao proceder, por um corte, por uma fenda, como de costume, o reviramento do Simbólico?

O Simbólico assim revirado - é isso que o Simbólico dará - revirado assim dará uma disposição completamente diferente do que chamei de nó borromeano, à saber, que o Simbólico envelopará totalmente - revirando o toro simbólico - envelopará totalmente o Imaginário e o Real:



 

É assim que o uso do corte, em relação ao que está em jogo no Simbólico, apresenta algo que, em suma, arrisca, no final de uma psicanálise, a provocar algo que se especificaria por uma preferência dada sobretudo ao inconsciente. Quero dizer que as coisas são tais que isso se arranja um pouco melhor para o que é a vida de cada um, à saber, para enfatizar essa função do saber d-um tropeço pelo qual eu traduzo o inconsciente, isso pode, efetivamente se arranjar melhor.

Mas é uma estrutura de natureza essencialmente diferente daquela que qualifiquei como nó borromeano. O fato de o Imaginário e o Real estarem inteiramente incluídos em algo que vem da prática da própria psicanálise, é algo que levanta questões. Ainda há um problema aí. Repito pra vocês, isto está ligado ao facto de não ser, afinal, a mesma coisa, a estrutura do nó borromeano, e o que você vêem aqui:


 


Experimentar uma psicanálise é algo que marca uma passagem. Bem claro que isso pressupõe que minha análise do inconsciente como fundador da função do Simbólico seja completamente admissível. O fato, aparentemente - e posso confirmá-lo, realmente - o fato de ter franqueado uma psicanálise é algo que não permite de forma alguma reconduzir ao estado anterior, salvo, bem claro, ao praticar outro corte, que seria equivalente a uma contra-psicanálise.

 


É bem por isso que Freud insistia para que, pelo menos, os psicanalistas refizessem o que correntemente se chama de duas fatias, quer dizer, que fizessem uma segunda vez o corte que designo aqui como sendo o que restaura o nó borromeano a sua forma original.

Aí está !



TEXTO EM FRANCÊS


L’insu que sait de l’une-bévue s’aile à mourre

Séminaire de 1976-1977

Jacques Lacan

 

 

Leçon 2

14 Décembre 1976


Voilà ! Je ne vais pas à donner de commentaires. Bon, comme la dernière fois je vous ai parlé de quelque chose comme, ça qui n’est pas une sphère dans une autre, qui est ce qu’on appelle un tore, il en résulte…c’était ce que je voulais vous indiquer par là, mais c’était allusif …qu’aucun résultat de la science n’est un progrès. Contrairement à ce qu’on s’imagine, la scien­ce tourne en rond, et nous n’avons pas de raison de penser que les gens du silex taillé avaient moins de science que nous. 

La psychanalyse notamment n’est pas un progrès, puisque ce que je veux vous indiquer…puisque malgré tout je reste près de ce sujet…la psychanalyse notamment n’est pas un progrès, c’est un biais pratique pour mieux se sentir. Ce mieux se sentir - il faut le dire - n’exclut pas l’abrutissement.

Tout indique…avec l’indice de soupçon que j’ai fait peser sur le tout,  en fait il n’y a de « tout » que criblé, et pièce à pièce. La seule chose qui compte, c’est qu’une pièce a ou non valeur d’échange, c’est la seule défi­nition du tout . Une pièce vaut dans toutes circonstances, ceci veut dire, ceci ne veut dire que circonstance qualifiée comme toute pour valoir, homo­généité de valeur… Le tout n’est qu’une notion de valeur. Le tout  c’est ce qui vaut dans son genre, ce qui vaut dans son genre un autre de la même espèce d’unité.

Nous avançons là tout doucement vers la contradiction de ce que j’ai appelé l’une-bévue. L’une-bévue  est ce qui s’échange malgré que ça ne vaille pas l’unité en question. L’une-bévue est un  tout  faux. 

Son type, si je puis dire, c’est le signifiant, le signifiant type, c’est-à-dire, exemple: il n’y en a pas de plus type que le même et l’autre. Je veux dire qu’il n’y a pas de signifiant plus type que ces deux énoncés. 

Une autre unité est semblable à l’autre. Tout ce qui soutient la différence du même et de l’autre, c’est que le même soit le même matériellement. La notion de matière est fondamentale en ceci qu’elle fonde le même. Tout ce qui n’est pas fondé sur la matière est une escroquerie : matériel-ne-ment.

Le matériel se présente à nous comme corps-sistance, je veux dire sous la sub-sistance du corps, c’est-à-dire de ce qui est con-sistant: ce qui tient ensemble à la façon de ce qu’on peut appeler un con, autrement dit une unité

Rien de plus unique qu’un signifiant, mais en ce sens limité qu’il n’est que semblable à une autre émission de signifiant. Il retourne à la valeur, à l’échange. Il signifie le tout, ce qui veut dire : il est le signe du tout. Le signe du  tout c’est le signifié, lequel ouvre la possibilité de l’échange. 

Je souligne à cette occasion ce que j’ai dit du possible : il y aura toujours un temps - c’est ça que ça veut dire - où il cessera de s’écri­re, où le signifié ne tiendra plus comme fondant la même valeur : l’échan­ge matériel. Car la même valeur est l’introduction du mensonge: il y a échange, mais non matérialité même.

Qu’est-ce que l’autre comme tel ? C’est cette matérialité que je disais même à l’instant, c’est-à-dire que j’épinglais du signe singeant l’autre. Il n’y a qu’une série d’autres - tous les mêmes en tant qu’unité - entre lesquels une bévue est toujours possible, c’est-à-dire qu’elle ne se perpétuera pas, qu’elle cessera comme bévue. 

Voilà ! Tout ça, c’est des vérités premières, mais que je crois devoir vous rappeler.L’homme pense. Ça ne veut pas dire qu’il ne soit fait que pour ça. Mais ce qui est manifeste, c’est qu’il ne fait que ça de valable, parce que valable veut dire…et rien d’autre, c’est pas une échelle de valeur, l’échelle de valeur, comme je vous le rappelle, tourne en rond…valable ne veut rien dire que ceci : que ça entraîne la soumission de la valeur d’usage à la valeur d’échange. 

Ce qui est patent, c’est que la notion de valeur est inhérente à ce système du tore et que la notion d’une-bévue dans mon titre de cette année veut dire seulement que - on pourrait également dire le contraire - l’homme sait plus qu’il ne croit savoir. 

Mais la substance de ce savoir, la matérialité qui est dessous, n’est rien d’autre que le signifiant en tant qu’il a des effets de signification. L’homme parle-être comme j’ai dit, ce qui ne veut rien dire d’autre qu’il parle signifiant, avec quoi la notion d’être se confond.

Ceci est réel… Réel ou Vrai? 

Tout se pose, à ce niveau tentatif, comme si les deux mots étaient synonymes. L’affreux, c’est qu’ils ne le sont pas partout. Le Vrai, c’est ce qu’on croit tel : la foi et même la foi religieuse, voilà le Vrai qui n’a rien à faire avec le Réel. La psychanalyse, il faut bien le dire, tourne dans le même rond. C’est la forme moderne de la foi, de la foi religieuse. À la dérive, voilà où est le Vrai quand il s’agit de Réel. 

Tout cela parce que manifestement - depuis le temps, on le saurait, si c’était pas si manifeste – manifestement il n’y a pas de connaissance. Il n’y a que du savoir au sens que j’ai dit d’abord, à savoir qu’on se goure: Une bévue, c’est ce dont il s’agit, tournage en rond de la philosophie. 

Il s’agit de substituer un autre sens au terme système du monde qu’il faut bien conserver, quoique de ce monde on ne peut rien dire de l’homme, sinon qu’il en est chu, nous allons voir comment, et ça a beaucoup de rapport avec le trou central du tore.

Il n’y a pas de progrès parce qu’il ne peut pas y en avoir : l’homme tourne en rond…si ce que je dis de sa structure est vrai …parce que la struc­ture, la structure de l’homme est torique. Non pas du tout que j’affirme qu’elle soit telle. Je dis qu’on peut essayer de voir où en est l’affaire, ce d’autant plus que nous y incite la topologie générale. 

Le système du monde jusqu’ici a toujours été sphéroïdal. Bah ! On pourrait peut-être chan­ger ! Le monde s’est toujours peint…jusqu’à présent, comme ça, pour ce qu’ont énoncé les hommes…se peint à l’intérieur d’une bulle. Le vivant se considère lui-même comme une boule, mais avec le temps il s’est quand même aperçu qu’il n’était pas une boule, une bulle. Pourquoi ne pas s’apercevoir qu’il est organisé…je veux dire ce qu’on voit du corps vivant …qu’il est organisé comme ce que j’ai appelé trique l’autre jour.

 





Voilà, j’essaye de dessiner ça comme ça. Il est évident que c’est bien à ça que ça aboutit, ce que nous connaissons du corps comme consistant. On appelle ça ecto, ça endo et puis autour il y a le méso. C’est comme ça que c’est fait : ici il y a la bouche, et ici… [Rires] le contraire, la bouche postérieure. Seulement cette trique n’est rien d’autre qu’un tore. Le fait que nous soyons toriques va assez bien en somme avec ce que j’ai appelé l’autre jour : trique. C’est une élision de l´o.

Alors ceci nous amène à considérer que l’hystérique dont chacun sait qu’il est aussi bien mâle que femelle l’hystorique si je me permets ce glis­sement, il faut considérer en somme qu’elle n’est… je la féminise pour l’occasion, mais comme vous allez voir que je vais y mettre de l’autre côté mon poids, ça me suffira largement à vous démontrer que je ne pense pas qu’il n’y ait des hystériques que féminines …lhystorique n’a en somme - pour la faire consister - qu’un inconscient, c’est la radicalement Autre. Elle n’est même qu’en tant qu’Autre. 

Eh bien, c’est mon cas. Moi aussi, je n’ai quun inconscient. C’est même pour ça que j’y pense tout le temps. C’en est au point que - enfin, je peux vous en témoigner - c’en est au point que je pense l’univers torique et que ça ne veut rien dire d’autre, c’est que je ne consiste quen un inconscient auquel, bien sûr, je pense nuit et jour, ce qui fait que l’une-bévue devient inexacte. 

Je fais tellement peu de bévues que c’est la seule chose… bien sûr, j’en fais de temps en temps, ça n’a que peu d’importance. Il m’arrive de dire dans un restaurant : « Mademoiselle en est réduit a ne manger que des écrevisses à la nage », tant que nous en sommes là, à faire une erreur de genre, ça ne va pas loin …en fin de compte, je suis un hystérique parfait, c’est-à-dire sans symptôme, sauf de temps en temps, cette erreur de genre en question.

Il y a quand même quelque chose qui distingue l’hystérique, je dirai : de moi dans l’occasion. Mais je vais essayer de vous le présenter. Vous voyez comme on est maladroit. Voilà !

 


Ça c’est deux… je colore celui-là pour vous en donner le sens - ça veut dire ça: un tore qui fait chaîne avec un autre. 

Chacun sait, parce que je l’ai déjà indiqué la dernière fois, que si vous faites une coupure ici et si vous rabattez le tore  vous obtenez ceci, quelque chose qui se présente comme ça: 



C’est-à-dire qui reproduit ce que j’ai appelé tout à l’heure la trique, à ceci près que ce que j’ai dessiné tout à l’heure comme ceci, est là à l’intérieur, à l’intérieur de la trique.





La différence entre l’hystérique et moi…et moi qui en somme à force d’avoir un incons­cient l’unifie avec mon conscient…la différence est ceci : c’est qu’en somme l’hystérique est soutenue, dans sa forme de trique, est soutenue par une armature. 

Cette armature est en somme distincte de son conscient. Cette armature, cest son amour pour son père. 

Tout ce que nous connaissons de cas énoncés par Freud concernant l’hystérique, qu’il s’agisse:

 

–       d’ Anna O., 

–       d’ Emmy von N. , ou de n’importe quelle autre, 

–       l’autre von R.  

 

…la monture c’est ce quelque chose que j’ai désigné tout à l’heure comme chaîne, chaîne des générations.

Il est bien clair qu’à partir du moment où on s’engage dans cette voie, il n’y a pas de raison que ça s’arrête, à savoir qu’ici:

 





Il peut y avoir quelque chose d’autre qui fasse chaîne, et qu’il est question de voir - ça ne peut pas aller très loin - comment ceci à l’occasion fera trique à l’endroit de l’amour, de l’amour du père en question.


   



Ça ne veut pas dire que ça soit tranché et qu’on puisse schématiser le retournement de ce tore [3]  autour du tore 2…appelons-le comme ça…qu’on puisse le schématiser par une trique. 





Il y a peut-être quelque chose qui fait obstacle, et très précisément tout est là : le fait que la chaîne, la chaîne inconsciente s’arrête au rapport des parents est oui ou non fondé - rap­port de l’enfant aux parents.

Si je pose la question de ce que c’est qu’un trou - il faut me faire confiance : ça a un certain rapport avec la question. Un trou, comme ça, « de sentiment », ça veut dire ça : quand je craque la surface. Je veux dire par là que, d’intuition, notre trou c’est un trou dans la surface. 

Mais une surface a un endroit et un envers, c’est bien connu, et ça signifie donc qu’un trou, c’est le trou de l’endroit plus le trou de l’envers. 

Mais comme il existe une bande de Mœbius qui a pour propriété de conjoindre l’endroit qui est ici avec l’envers qui est là.


 


Est-ce qu’ une bande de Mœbius est un trou ? Il est évident qu’elle en a bien l’air. Ici il y a un trou, mais est-ce un vrai trou ? Cest pas clair du tout, pour une simple raison, comme je l’ai déjà fait remarquer : qu’une bande de Mœbius n’est rien d’autre qu’une coupure, et qu’il est facile de voir que si ceci est défini comme un endroit, c’est une coupure entre un endroit et un envers. 

Parce qu’il suffit que vous considériez cette figure: 


 


Il est tout à fait facile de voir que si ici est l’endroit, c’est ici un envers - puisque c’est l’envers de cet endroit – et qu’ici la coupure est entre un endroit et un envers, grâce à quoi, dans la bande de Mœbius, si nous la coupons en deux :


 


L’endroit et l’envers redeviennent, si je puis dire, normaux. À savoir que quand une bande de Mœbius coupée en deux, on va la parcourir, il est facile d’imaginer ce qu’on trouve, à savoir qu’à partir du moment où il y a deux tours, il y aura un endroit distinct de l’envers.

C’est bien en quoi une bande de Mœbius est essentiellement capable de se dédoubler. Et ce qu’il faut remarquer c’est ceci: c’est qu’elle se dédouble de la façon suivante qui permet le passage…c’est bien malheu­reux que je n’aie pas pris mes précautions…voici la bande de Mœbius telle qu’elle se redouble, telle qu’elle se redouble et qu’elle se montre compatible avec un tore :


 

 


C’est bien pourquoi je me suis attaché à considérer le tore comme étant capable d’être découpé selon une bande de Mœbius. Il y suffit - voilà le tore:






…il y suffit qu’on y décou­pe non pas une bande de Mœbius, mais une bande de Mœbius double. C’est très précisément ce qui va nous donner l’image de ce qu’il en est du lien du conscient à l’inconscient. Le conscient et l’inconscient com­muniquent et sont supportés tous les deux par un monde torique. 

C’est en quoi… c’est en quoi c’est la découverte - découverte qui s’est faite par hasard - non pas que Freud ne s’y soit pas acharné, mais il n’en a pas dit le dernier mot. Il n’a nommément jamais énoncé ceci : c’est que le monde soit torique. 

Il croyait - comme l’implique toute notion de la psyché - qu’il y avait ce quelque chose…que j’ai tout à l’heure écarté en disant : une boule et une autre boule autour de la première, celle-ci étant au milieu…il a cru qu’il y avait une vigilance - une vigilance qu’il appelait la psyché - une vigilance qui reflétait point par point le cosmos. Il en était au fait de ce qui est considéré comme vérité commune, c’est que la psyché est le reflet d’un certain monde

Que j’énonce ceci au titre - je vous le répète - de quelque chose de ten­tatif, parce que je ne vois pas pourquoi je serais plus sûr de ce que j’avan­ce, quoiqu’il y ait beaucoup d’éléments qui en donnent le sentiment, et nommément d’abord ce que j’ai donné de la structure du corps, du corps considéré comme ce que j’ai appelé trique.

Que l’être vivant - tout être vivant - se dénomme comme trique, c’est ce que, un certain nombre d’études - d’ailleurs anatomiques grossières - se sont vues toujours confirmer. Que le tore soit quelque chose qui se présente comme ayant deux trous autour de quoi quelque chose consiste, c’est ce qui est de simple évidence. 

Je vous le répète, il n’a pas été nécessaire de construire beaucoup d’appareils nommément microscopiques, c’est une chose qu’on sait depuis toujours, depuis simplement qu’on a commencé de disséquer, qu’on a fait de l’anatomie la plus macroscopique.

Qu’on puisse - le tore - le découper de façon telle que ça fasse une bande de Mœbius à double tour, c’est certainement à remarquer. D’une certaine façon, ce tore en question est lui-même un trou, et d’une certai­ne façon représente le corps. Mais que ceci soit confirmé par le fait que cette bande de Mœbius que j’ai déjà choisie pour exprimer le fait que la conjonction d’un endroit et d’un envers est quelque chose qui symboli­se assez bien l’union de l’inconscient et du conscient, est une chose qui vaut la peine d’être retenue.

Une sphère, pouvons-nous la considérer comme un trou dans l’espa­ce ? C’est évidemment très suspect. C’est très suspect parce que ça sup­pose - ce qui ne va pas de soi - le plongement dans l’espace. 

C’est également vrai pour le tore, et c’est bien en quoi c’est à diviser le tore en deux feuillets, si je puis m’exprimer ainsi, en deux feuillets capables de faire un double tour, que nous retrouvons la surface, c’est-à­-dire quelque chose qui à nos yeux est plus assuré, est plus assuré en tout cas pour fonder ce qu’il en est du trou.

Il est clair que ce n’est pas d’hier que j’ai fait usage de ces enchaîne­ments : 





Déjà pour symboliser le circuit - la coupure du désir [d] et de la demande [D] - je m’étais servi de ceci, à savoir du tore:





J’en avais distingué deux modes, à savoir:

 

      ce qui faisait le tour du tore et d’autre part… 

      ce qui faisait le tour du trou central. 

À cet égard l’identification de la demande à ce qui se présente comme ceci : 



 

... et du désir à ce qui se présente comme ceci, était tout à fait significatif : 





Il y a quelque chose dont j’ai fait état la dernière fois, à savoir ceci, qui consiste en un tore dans un tore:



 Si ces deux tores, vous les marquez - les deux ! - d’une coupure:




...en les rabattant… en rabattant les deux coupures, si je puis m’exprimer ainsi, concentriquement, vous ferez venir ce qui est à l’intérieur à l’extérieur, et inversement c’est ce qui est à l’extérieur qui viendra à l’intérieur:


 


C’est très précisément en quoi me frappe ceci : que la mise en valeur - comme enveloppement - de ce qui est à l’intérieur est quelque chose qui n’est pas sans avoir affaire avec la psychanalyse. Que la psychanalyse s’attache…ce qui est à l’intérieur, à savoir l’in­conscient …à le mettre au dehors, est quelque chose qui évidemment a son prix, mais qui n’est pas sans poser une question. 

Parce que si nous supposons qu’il y a trois tores, pour appeler les choses par leurs noms : qu’il y a trois tores qui sont nommément, le Réel, l’Imaginaire et le Symbolique , qu’est-ce que nous allons voir à retourner - si je puis dire - le Symbolique ? 

Chacun sait que c’est ainsi que les choses se présenteront:




Et que le Symbolique, vu du dehors comme tore, se trouvera - par rapport à l’Imaginaire et au Réel - se trouvera devoir passer dessus celui qui est dessus, et dessous celui qui est dessous. 

Mais que voyons-nous à procé­der comme d’ordinaire par une coupure, par une fente pour retourner le Symbolique? 

Le Symbolique retourné ainsi - voilà ce que donnera le Symbolique - retourné ainsi il donnera une disposition complètement différente de ce que j’ai appelé le nœud borroméen, à savoir que le Symbolique enveloppera totalement - à en retourner le tore symbolique - enveloppera totalement l’Imaginaire et le Réel:





C’est bien en quoi l’usa­ge de la coupure, par rapport à ce qu’il en est du Symbolique, présente quelque chose qui risque en somme, à la fin d’une psychanalyse, de pro­voquer quelque chose qui se spécifierait d’une préférence donnée entre tout à l’inconscient. Je veux dire que, si les choses sont telles que ça s’ar­range un peu mieux comme ça pour ce qui est la vie de chacun, à savoir de mettre l’accent sur cette fonction du savoir de l’une-bévue par lequel je traduis l’inconscient, ça peut, effectivement s’arran­ger mieux. 

Mais c’est une structure tout de même d’une nature essen­tiellement différente de celle que j’ai qualifiée du nœud borroméen.  Le fait que l’Imaginaire et le Réel soient tout entiers en somme inclus dans quelque chose qui est issu de la pratique de la psychanalyse elle-même, est quelque chose qui fait question. Il y a quand même là un problème. Je vous le répète, ceci est lié au fait que ce n’est pas, en fin de compte, la même chose, la structure du nœud borroméen, et celle que vous voyez là: 

 


Quelqu’un qui a expérimenté une psychanalyse est quelque chose qui marque un passage. Bien entendu ceci suppo­se que mon analyse de l’inconscient en tant que fondant la fonction du Symbolique soit complètement recevable. Il est pourtant un fait, c’est qu’apparemment - et je peux le confirmer, réellement - le fait d’avoir franchi une psychanalyse, est quelque chose qui ne saurait être en aucun cas ramené a l’état antérieur, sauf bien entendu à pratiquer une autre coupure, celle qui serait équivalente à une contre-psychanalyse. 

 

C’est bien pourquoi Freud insistait pour qu’au moins les psychanalystes refas­sent ce qu’on appelle couramment deux tranches, c’est-à-dire fassent une seconde fois la coupure que je désigne ici comme étant ce qui res­taure le nœud borroméen dans sa forme originale.

Voilà !

 

A aula 2 desse seminário pode ser ouvida, em francês, à partir do seguinte link:

 

http://www.valas.fr/IMG/mp3/02_linsu14-12-76.mp3




 

 

 




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