O Seminário 23 é um dos últimos e mais
complexos seminários de Jacques Lacan, sobre a não menos complexa obra de James Joyce,
autor de obras clássicas como Retrato do
artista quando jovem e Ulisses.
Lacan interessou-se por estudá-lo pela peculiar relação entre Joyce, o processo
de escrita de seus livros e o fato de ele se colocar fora da via da
psicanálise. No livro, Jacques Aubert, especialista em James Joyce, redigiu
notas de leitura sobre as passagens de Joyce mencionadas por Lacan. O
Seminário, livro 23 traz ainda uma palestra que Jacques Aubert apresentou
durante o seminário, revista por ele especialmente para essa obra. E também:
"Joyce, o sintoma", palestra que Lacan apresentara na Sorbonne em
1975.
Trecho
do Seminário 23:
Não está lá essas coisas e
vou lhes dizer por quê. É que estou ocupado em absorver, em torno da obra de
Joyce, a enorme literatura que ele provocou.
Ainda que esse termo o
repugnasse, foi de fato isso que ele provocou, e o provocou porque o quis.
Provocou um enorme blá-blá-blá. Como isso aconteceu?
Jacques
Aubert, que está aqui na primeira fila, me envia de vez em quando de Lyon – tem
o mérito de fazê-lo – a indicação de alguns autores suplementares. Não o faz de
modo inocente – aliás, quem é inocente? –, porque também fez umas coisas sobre
Joyce.
No auge do que, nessas
circunstâncias, é meu trabalho, o mencionado trabalho de absorção, devo me
perguntar por que faço isso. Certamente é porque o comecei. Mas tento, como se
tenta em toda reflexão, me perguntar por que o comecei.
A partir de quando se é
louco? Vale a pena colocar essa questão. Mas, por ora, a questão que me coloco,
e que coloco para Jacques Aubert, é a seguinte – Joyce era louco?
FONTE: Editora Zahar
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