quarta-feira, julho 01, 2015

Ensaios sobre EDUCAÇÃO




O Professor e o Novo Perfil dos Acadêmicos.


Discutir o papel do professor universitário em pleno século 21 é discutir os desafios enfrentados pelo mesmo em uma época de transição entre a pedagogia tradicional e os novos modelos pedagógicos adaptados a este novo paradigma tecnológico. Neste patamar o professor se depara com alguns dilemas, Como, por exemplo, o desafio de dar aulas a uma geração que é extremamente inquieta e conectada.

O uso de tecnologias móveis é, cada vez mais, uma constante em salas de aula de instituições de nível superior. Se utilizadas fora do contexto didático, na forma de mensagens de texto, vídeos, etc...  principalmente em disciplinas de conhecimento técnico, obrigatoriamente esta  prática interferirá  na  qualidade da aprendizagem do acadêmico. Pode-se ainda considerar que este fato, se constante, poderá também afetar a concentração do professor e demais alunos, mudando, para pior, o aspecto pedagógico da aula.

         Vivemos em uma sociedade, na qual, a presença das novas tecnologias de informação, comunicação, entretenimento é cada vez maior, e com elas, os conceitos de informação, conectividade e interatividade. A informação, crescendo continuamente, predomina sobre a energia, e a imagem de representação é dada pelo computador, ao invés de turbinas, silos ou os chaminés das fábricas. Ao trabalhar poeticamente a proposta da leveza, Ítalo Calvino nos apresenta a idéia deste novo paradigma ao dizer que neste mundo “não temos imagens esmagadoras como prensas de laminadores ou corridas de aço, mas bits de um fluxo de informação que corre pelos circuitos sob a forma de impulsos eletrônicos. As máquinas de metal continuam a existir, mas obedientes aos bits sem peso”.  (Siqueira, 2003).

Entender se este novo paradigma comportamental do universitário é nocivo à prática docente quando não integrado ao discurso didático é um dos principais focos de discussão em educação atualmente. É, também, um divisor de opiniões, pois as divergências entre os prós e contras são muitas.

Como ministrar uma aula mais técnica ao graduando com celulares tocando a todo o momento? Deve o professor adaptar-se a esta nova práxis pedagógica, acreditando que este novo modelo de aluno irá buscar o aprofundamento dos seus saberes quando necessário ou deve o professor tentar concatenar metodologias com tecnologias primando pela excelência dos do ensino e pela disciplina, mas correndo o risco de recair em um tradicionalismo disfarçado?

Em uma pesquisa intitulada “Dependência ou autonomia? Que estudou sobre o comportamento dos alunos universitários do Rio de Janeiro no Facebook, focando no comportamento atual destes estudantes em sala de aula . Os dados revelados  são estarrecedores: 92% consideram-se heavy users (passam mais de seis horas diárias conectados às redes sociais); 87% confirmaram ter enfrentado dificuldades de aprendizado por estarem conectados ao Facebook; e 19% admitiram sofrer com déficit de atenção, dificuldade de concentração, falha na assimilação do conteúdo e esquecimento.

O uso desses aparelhos é uma grande ameaça ao modelo de ensino atual. Mais de dois terços dos alunos possuem um equipamento digital. Segundo um estudo da Experian Marketing Services feito este ano, um aluno comum de universidade americana recebe em média 3.853 mensagens de texto por mês. Para o pesquisador, as aulas deveriam ter mais intervalos. Assim, os alunos poderiam checar seus e-mails. E os professores, em vez de impedir telefones em sala de aula, deveriam incentivar os alunos a utilizá-los para checar dados sobre o assunto da aula. Mais do que combater o uso, o professor deveria entender o caráter multitarefa do aluno, de esse ser capaz de aprender enquanto manda um recado de texto para o colega.Mudanças de paradigmas da educação são frequentes. A interferência das mudanças de comportamento dos alunos no modo de ensinar é fundamental. E o preparo de professores para esses desafios é a chave para o sucesso na formação dos jovens. O Brasil não respeita e muito menos admira os nossos professores e, portanto, não os ajuda. A formação dos professores atualmente é, na maioria dos casos, bancada pelos mesmos. E poucos têm experiência com novas tecnologias. O atraso no desenvolvimento dessas habilidades só aumenta o abismo entre a educação moderna e a atualmente oferecida no País. (TUMA, 2013)
O professor, em seu contexto global, sempre é questionado sobre as estratégias que usa para melhorar sua didática e consequentemente o rendimento dos alunos. Em uma universidade esta cobrança surge na forma das provas do ENADE, onde o curso e por relação o professor são avaliados. Em vista disso, vive o docente um dilema ante esta nova geração tecnológica que aí está, ou seja, como integrar-se ou adaptar-se a este novo cliente que está na sala de aula.

Discutir alternativas para mudar esta dinâmica e buscar novas metodologias e estratégias que aprimorem o contexto didático da sala de aula ante esta nova realidade, sem detrimento do pedagógico, é premissa para que tenhamos uma formação acadêmica de qualidade. De qualquer modo, o perfil deste novo professor universitário deve ser o de desafiador, comprometido, ético, inovador e, ante toda esta parafernália tecnológica, humano.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
SIQUEIRA, Holgonsi Soares Gonçalves. Novo paradigma informacional. Disponível em: http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/informacional.html) Acesso em: 25/06/2015.


TUMA, Rogério Na sala de aula, não! Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/revista/772/na-sala-de-aula-nao-3798.html. Acesso em: 24/06/15

Professor Walmir Ramos Wojcik jr
profwalmir@gmail.com.br


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