O Professor e o Novo
Perfil dos Acadêmicos.
Discutir o papel do professor universitário em
pleno século 21 é discutir os desafios enfrentados pelo mesmo em uma época de
transição entre a pedagogia tradicional e os novos modelos pedagógicos
adaptados a este novo paradigma tecnológico. Neste patamar o professor se depara com alguns
dilemas, Como, por exemplo, o desafio de dar aulas a uma geração que é
extremamente inquieta e conectada.
O uso de tecnologias móveis é, cada vez mais, uma
constante em salas de aula de instituições de nível superior. Se utilizadas
fora do contexto didático, na forma de mensagens de texto, vídeos, etc... principalmente em disciplinas de conhecimento
técnico, obrigatoriamente esta prática
interferirá na qualidade da aprendizagem do acadêmico. Pode-se
ainda considerar que este fato, se constante, poderá também afetar a
concentração do professor e demais alunos, mudando, para pior, o aspecto
pedagógico da aula.
Vivemos em uma sociedade, na qual, a presença das novas tecnologias de
informação, comunicação, entretenimento é cada vez maior, e com elas, os
conceitos de informação, conectividade e interatividade. A informação,
crescendo continuamente, predomina sobre a energia, e a imagem de representação
é dada pelo computador, ao invés de turbinas, silos ou os chaminés das
fábricas. Ao trabalhar poeticamente a proposta da leveza, Ítalo Calvino nos
apresenta a idéia deste novo paradigma ao dizer que neste mundo “não
temos imagens esmagadoras como prensas de laminadores ou corridas de aço, mas bits de um fluxo de informação que corre pelos circuitos sob a
forma de impulsos eletrônicos. As máquinas de metal continuam a existir, mas
obedientes aos bits sem peso”. (Siqueira, 2003).
Entender se este novo paradigma comportamental do
universitário é nocivo à prática docente quando não integrado ao discurso
didático é um dos principais focos de discussão em educação atualmente. É,
também, um divisor de opiniões, pois as divergências entre os prós e contras
são muitas.
Como ministrar uma aula mais técnica
ao graduando com celulares tocando a todo o momento? Deve o professor
adaptar-se a esta nova práxis pedagógica, acreditando que este novo modelo de
aluno irá buscar o aprofundamento dos seus saberes quando necessário ou
deve o professor tentar concatenar metodologias com tecnologias primando pela
excelência dos do ensino e pela disciplina, mas correndo o risco de recair em
um tradicionalismo disfarçado?
Em uma pesquisa intitulada “Dependência ou
autonomia? Que estudou sobre o comportamento dos alunos universitários do Rio
de Janeiro no Facebook, focando no comportamento atual destes estudantes em
sala de aula . Os dados revelados são
estarrecedores: 92% consideram-se heavy users (passam mais de seis horas
diárias conectados às redes sociais); 87% confirmaram ter enfrentado
dificuldades de aprendizado por estarem conectados ao Facebook; e 19% admitiram
sofrer com déficit de atenção, dificuldade de concentração, falha na
assimilação do conteúdo e esquecimento.
O uso
desses aparelhos é uma grande ameaça ao modelo de ensino atual. Mais de dois
terços dos alunos possuem um equipamento digital. Segundo um estudo da Experian
Marketing Services feito este ano, um aluno comum de universidade americana
recebe em média 3.853 mensagens de texto por mês. Para o pesquisador, as aulas
deveriam ter mais intervalos. Assim, os alunos poderiam checar seus e-mails. E
os professores, em vez de impedir telefones em sala de aula, deveriam
incentivar os alunos a utilizá-los para checar dados sobre o assunto da aula.
Mais do que combater o uso, o professor deveria entender o caráter multitarefa
do aluno, de esse ser capaz de aprender enquanto manda um recado de texto para
o colega.Mudanças de paradigmas da educação são frequentes. A interferência das
mudanças de comportamento dos alunos no modo de ensinar é fundamental. E o
preparo de professores para esses desafios é a chave para o sucesso na formação
dos jovens. O Brasil não respeita e muito menos admira os nossos professores e,
portanto, não os ajuda. A formação dos professores atualmente é, na maioria dos
casos, bancada pelos mesmos. E poucos têm experiência com novas tecnologias. O
atraso no desenvolvimento dessas habilidades só aumenta o abismo entre a
educação moderna e a atualmente oferecida no País. (TUMA, 2013)
O professor, em seu contexto
global, sempre é questionado sobre as estratégias que usa para melhorar sua
didática e consequentemente o rendimento dos alunos. Em uma universidade esta
cobrança surge na forma das provas do ENADE, onde o curso e por relação o
professor são avaliados. Em vista disso, vive o docente um dilema ante esta
nova geração tecnológica que aí está, ou seja, como integrar-se ou adaptar-se a
este novo cliente que está na sala de aula.
Discutir alternativas para mudar esta dinâmica e
buscar novas metodologias e estratégias que aprimorem o contexto didático da
sala de aula ante esta nova realidade, sem detrimento do pedagógico, é premissa
para que tenhamos uma formação acadêmica de qualidade. De qualquer modo, o perfil deste novo
professor universitário deve ser o de desafiador, comprometido, ético, inovador
e, ante toda esta parafernália tecnológica, humano.
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA
SIQUEIRA,
Holgonsi Soares Gonçalves. Novo paradigma
informacional. Disponível
em: http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/informacional.html) Acesso em: 25/06/2015.
TUMA, Rogério
Na sala de aula, não! Disponível em:
http://www.cartacapital.com.br/revista/772/na-sala-de-aula-nao-3798.html. Acesso
em: 24/06/15
Professor Walmir Ramos Wojcik jr
profwalmir@gmail.com.br
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