terça-feira, setembro 25, 2018

EVENTO - LITERATURA PARA TERAPEUTAS, CLÍNICOS E ANALISTAS










Evento

LITERATURA PARA TERAPEUTAS, CLÍNICOS E ANALISTAS


Datas

10 de novembro de 2018

17 de novembro de 2018

01 de dezembro de 2018

15 de dezembro de 2018


Local

Av. Rio Branco, 533. Sala 301.

Florianópolis/SC.


INSCREVA-SE:  www.usinadizer.com.br

MAIS INFORMAÇÕES: FONE: (48) 3030-7474



COORDENAÇÃO: 

DRA. MARIA LEITE HOLTHAUSEN
* Doutora em Literatura UFSC
* Psicanalista

FORMATO:

4 encontros de 8h cada qual, sempre aos sábados entre os meses de Novembro de dezembro de 2018

PÚBLICO

Profissionais Liberais, Médicos, Psiquiatras, Psicólogos, Psicanalistas, Terapeutas e Psicoterapeutas, Naturólogos, Filósofos, Literatos e Docentes de Literatura, bem como estudantes destas diversas áreas.

TEMÁTICA

Depois de Freud, a clínica tornou-se um lugar ético, cujo traço – talvez o mais característico –  consiste no fato de que, nela, se pode dizer tudo. Tal peculiaridade aproxima a clínica da Literatura. Afinal, conforme o comentário de Jacques Derrida (1992, p. 38), a Literatura é uma “instituição histórica, com suas convenções, regras, etc.”. Mas, também, trata-se de uma “instituição de ficção que dá, em princípio, o poder de dizer tudo, de desvencilhar-se  das regras, de desloca-las e, desse modo, instituir, inventar e também suspeitar da diferença tradicional entre natureza e instituição, natureza e lei convencional, natureza e história”.
E eis em que sentido, “(a)qui deveríamos levantar questões jurídicas e políticas”. Afinal, “em sua forma relativamente moderna”, a instituição literária “está ligada à autorização de dizer tudo, e, sem dúvida, à vinda de uma ideia moderna de democracia”. Nesse sentido, continua Derrida (1992, p. 36), “(a) lei da literatura tende, em princípio, a desafiar ou a transgredir a lei. Ela nos permite, portanto, pensar a essência da lei na experiência desse ‘dizer tudo’. É uma instituição que tende a transbordar a instituição”. 
E se nos autorizássemos a pensar a clínica como espaço de transbordamento? Teríamos aí uma instituição literária? Encontraríamos aí o sentido político da clínica? Alcançaríamos o transbordamento da própria clínica, tal qual uma clínica ampliada? Estas são algumas das questões propostas no presente estudo. 

OBJETIVO

Pensar a interface entre as narrativas produzidas no espaço clínico e a literatura enquanto instituição transgressora, eis aqui o objetivo da proposta de trabalho da UsinaDizer, em parceria com o Núcleo de Filosofia, Arte e Psicanálise. Trata-se de compreender em que sentido, no espaço clínico, profissionais e usuários autorizam-se a transgredir os discursos que, implicitamente, organizam as narrativas que se fazem dizer e escutar. O que implica discutir em que termos, por conta de sua literalidade ou literatura, as narrativas clínicas são reinvenções dessa instituição primitiva, que chamamos de nossa “subjetividade”.


CRONOGRAMA, PROGRAMA E BIBLIOGRAFIA BÁSICA


NARRATIVAS SOBRE O AMOR – O IMAGINÁRIO

– 10 DE NOVEMBRO
BARTHES E AS  IMAGENS DO AMOR
“O amor é um modo de olhar, é ver-se nos olhos do outro, é ver-se observado, furtivamente.”
BARTHES, R. Fragmentos de um discurso amoroso. 2003.

MILAN KUNDERA E OS RISÍVEIS AMORES
“…todo o valor do homem está ligado a essa faculdade de se superar, de existir além de si mesmo, de existir no outro para outro.”
“Mas pergunto como se pode querer ser um conquistador numa terra onde ninguém nos resiste, onde tudo é possível, onde tudo é permitido? A era dos dom-juans está terminada. O atual descendente de Dom Juan não conquista mais, apenas coleciona.”
KUNDERA, Milan. Risíveis amores. 2012.

SARTRE E OS AMORES INFERNAIS
“A gente abria e fechava; isso se chamava piscar. Um pequeno clarão negro, um pano que cai e se levanta, e aí a interrupção (…) Quatro mil repousos em uma hora. Quatro mil pequenas fugas”.
“Aquele que me olha é sempre o meu carrasco”.
“O inferno são os outros”.
SARTRE, J-P. Entre quatro paredes. 2008.

POR QUE SOFREM AS MULHERES? Do erotismo à maternidade
“Se nossos maridos não falassem, veríamos as coisas como são.”
TOLSTÓI, Liev,  Anna Kariênina


NARRATIVAS SOBRE O DESEJO (SIMBÓLICO)

– 17 DE NOVEMBRO
GUIMARÃES ROSA E O FANTASMA NO AMOR
“O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente — “Diadorim, meu amor…” Como era que eu podia dizer aquilo? Explico ao senhor: como se drede fosse para eu não ter vergonha maior, o pensamento dele que em mim escorreu figurava diferente, um Diadorim assim meio singular, por fantasma, apartado completo do viver comum, desmisturado de todos, de todas as outras pessoas — como quando a chuva entre-onde-os-campos. Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim-que não era de verdade. Não era? A ver que a gente não pode explicar essas coisas. Eu devia de ter principiado a pensar nele do jeito de que decerto cobra pensa: quando mais-olha para um passarinho pegar. Mas — de dentro de mim: uma serpente. Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. Aquela hora, eu pudesse morrer, não me importava”.
ROSA, J. G. Grande Sertão. Veredas. 1956.

OCTÁVIO PAZ E A DUPLA CHAMA – do erotismo ao desejo
“A relação da poesia com a linguagem é semelhante a do erotismo com a sexualidade. Também no poema – cristalização verbal – a linguagem se desvia de seu fim natural: a comunicação”.
PAZ, Octávio. A dupla chama do amor. 1994.

LACAN E  O AMOR DESEJANTE  – o discurso das histéricas no século XIX
“(…) embora o desejo pareça, com efeito, carregar consigo um certo montante de amor, trata-se muitas vezes de um amor que se apresenta à personalidade como conflituoso, de um amor que não se declara, que inclusive se recusa a se declarar.”
LACAN, O seminário, livro 6: o desejo e sua interpretação.

DON JUAN É UM SONHO FEMININO
Là ci darem la mano,
Là mi dirai di sì.
Vedi, non è lontano;
Partiam, ben mio, da qui.
MOZART, W. Ópera Don Giovanni
“Don Juan é um sonho feminino. O que seria preciso, em cada ocasião, é um homem que fosse perfeitamente igual a si mesmo, como a mulher pode, de certa maneira, se vangloriar de sê-lo em relação ao homem. Don Juan é um homem ao qual não faltaria nada. […] É quase banal sublinhar a relação de Don Juan com a imagem o pai enquanto não castrado. O que é talvez menos banal é marcar que esta é uma pura imagem feminina”.
LACAN.O Seminário: livro 20. Mais ainda.

NARRATIVAS SOBRE O ESTRANHAMENTO (REAL)
– 01 DE DEZEMBRO
BARTHES E O PUNCTUM NA FOTOGRAFIA
“Como espectador, eu só me interessava pela Fotografia por
‘sentimento’; eu queria aprofundá-la, não como uma questão (um tema), mas como uma ferida: vejo, sinto, portanto, noto, olho e penso”
BARTHES, Roland. A câmara clara.2006.

CLARICE LISPECTOR E O REAL DA ESCRITA
“Ouve-me, ouve o silêncio. O que eu te falo nunca é o que te falo e sim outra coisa. Capta essa coisa que me escapa e no entanto vivo dela e estou à tona de brilhante escuridão. Um instante me leva insensivelmente a outro e o tema atemático vai se desenrolando sem plano mas geométrico como as figuras sucessivas em um caleidoscópio”.
LISPECTOR, Clarice. Água Viva. 1980.

OUTREM NA PINTURA SEGUNDO MERLEAU-PONTY
“(…) há um narcisismo fundamental de toda visão, daí por que, também ele sofre, por parte das coisas, a visão por ele exercida sobre elas; daí, como disseram muitos pintores, o sentir-me olhado pelas coisas, daí minha atividade ser identicamente passividade– o que constitui o sentido segundo e mais profundo do narcisismo: não ver de fora, como os outros veem, o contorno de um corpo habitado, mas sobretudo ser visto por ele, existir nele, emigrar para ele, ser seduzido, captado, alienado pelo fantasma, de sorte que vidente e visível se mutuem reciprocamente, e não mais se saiba quem vê e quem é visto.”
 MERLEAU-PONTY. Le visible et l’invisible. 1964.

DIDI-HUBERMAN E O INELUTÁVEL NA LITERATURA
“O que vemos só vale – só vive – em nossos olhos pelo que nos olha. Inelutável porém é a cisão que separa dentro de nós o que vemos do que nos olha”.
HUBERMAN, G. O que vemos, o que nos olha. 2010.

NARRATIVAS SOBRE O FEMININO (MAIS ALÉM)

– 15 DE DEZEMBRO
O QUE LACAN DIZIA DAS MULHERES?
“Lacan (…) refuta o Édipo como mito para reduzi-lo unicamente à lógica da castração; acrescenta que essa lógica não regula o campo do gozo: há uma parte dele que não passa pelo Um fálico e que permanece, real, fora do simbólico. Dizer que A mulher não existe, é dizer que a mulher é apenas um dos nomes desse gozo, real. ”
SOLLER, Colete. O que Lacan dizia das mulheres. 2005  

UM GOZO PARA CHAMAR DE SEU: NÃO TODO
“Enquanto os homens se sacrificam por uma Coisa (país, liberdade, honra ), apenas as mulheres são capazes de se sacrificar por nada. (Ou seja: enquanto os homens são morais, somente as mulheres são propriamente éticas). “ ZIZEK. Slavoj. O amor impiedoso: sobre a crença. 2012

A LOUCURA FEMININA NA LETRA DO TEXTO – O feminino na literatura
“É ainda mais crucial, portanto, não confundir a lógica do sacrifício “irracional”, que visa redimir ou salvar o Outro (ou enganá-lo, o que, em última medida, dá no mesmo), com outro típico de renúncia, típica das heroínas femininas na literatura moderna – uma tradição cujos exemplares são aqueles da princesa de Clèves e de Isabel Archer.”
ZIZEK. Slavoj. O amor impiedoso: sobre a crença. 2012

POR QUE LER HILDA HILST? O gozo cínico
Se te pareço noturna
e imperfeita
Olha-me de novo.
Porque esta noite
Olhei-me a mim,
como se tu me olhasses
E era como se a água
Desejasse…
HILST, Hilda. Noturnos imperfeitos. 2004.

Referencias Bibliográficas:    

ANDRÉ, Green/Organ. A pulsão de Morte, São Paulo: Editora Escuta, 1988.
BARTHES, R. Fragmentos de um discurso amoroso. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
_____. A câmara clara. Trad. Manuele Torres. São Paulo. Edições 70. 2006.
DERRIDA, Jacques. Acts of literature. Jacques Derrida edited by Derek Attridge. New York. US: Routledge, 1992. P. 33-75
_____. A Escritura e a diferença. Trad. De Maria Beatriz Marques. Niza da Silva. 3ed. SP: Perspectiva, 2002.SP USP, 1967.
EAGLETON, Terry.O Nome do Pai: Sigmund Freud, in A ideologia da Estética.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993
FREUD, Sigmund, Estudos sobre a Histeria, Vol.II, Obras Completas, Rio de Janeiro: Imago, 1980.
GUIMARÃES, LEDA, Gozos da Mulher, e-book
HILST, Hilda. Do desejo. São Paulo. Globo. 2004.
HUBERMAN, G. O que vemos, o que nos olha. 2ª ed. São Paulo: Editora 34, 2010
KEHL, Maria Rita, Deslocamentos do Feminino, São Paulo, SP: Boitempo, 2016
KUNDERA, Milan. Risíveis amores. SP, Cia das Letras, 2012.
LACAN, Jacques, A Significação do Falo, Escritos, Rio de Janeiro: Zahar, 1998
_____, O seminário, livro 6: o desejo e sua interpretação. Tradução de Claudia Berliner. Rio de Janeiro: Zahar, 2016..
_____. O seminário. Livro 20 Mais, Ainda, Rio de Janeiro: Zahar Editores S.A, 1982.
——. , O aturdito, Outros Escritos, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
LISPECTOR, Clarice. Água Viva. Nova Fronteira. 1980.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Signes. Paris, Gallimard. 1964.
_____Le visible et l’invisible. 1964, p. 183
NERI, Regina, A psicanálise e o feminino: um horizonte da modernidade- Novas configurações da diferença sexual. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.
PAZ, Octávio. A dupla chama do amor. Trad. Wladyr Dupont. São Paulo. Siciliano. 1994
PONTALIS, J.B., MANGO, Edmundo Gómes, Freud com os escritores, 
ROSA, J. G. Ficção completa em dois volumes. São Paulo: Nova Aguilar, 2009. 2009, p. 189-190).
SOLER, C. O que Lacan dizia das mulheres. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
SARTRE, J-P. Entre quatro paredes. Trad. Alcione Araújo e Pedro Hussak. 4ed. RJ, Civilização Brasileira, 2008TOLSTÓI, Liev,  Anna Kariênina,  Ed. Cosac Naify
ZIZEK. Slavoj. O amor impiedoso: sobre a crença. Trad. Lucas Melo Carvalho Riberio. São Paulo. Autêntica. 2012

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