sábado, abril 29, 2023

JACQUES LACAN - SEMINÁRIO 1976-1977

 

O In-sabido que sabe d-um tropeço se joga no amorte


Seminário de 1976-1977

Jacques Lacan

 

 

 Aula 11

10 de Maio de 1977



Eu quebro a cabeça, o que já é chato, porque a quebro seriamente, mas o mais chato é que não sei por que estou quebrando a cabeça. Há alguém que - um homem chamado Gödel - que vive na América e que enunciou de forma substantiva o indecidível. O que é sólido nesse enunciado é que ele demonstra que há algo indecidível.

E ele demonstra isso em que terreno? Em algo que eu qualificaria, assim, o mais mental de todos os mentais...quero dizer de tudo o que é mais mental, o mental por excelência, a ponta do mental … a saber, o que se conta: o que se conta é a aritmética. Quero dizer que é a aritmética que desenvolve o contábil. A questão é saber se existem Uns que não são enumeráveis, pelo menos é o que o Cantor tem promovido. Mas isso permanece duvidoso mesmo assim, dado que só conhecemos o finito, e que o finito é sempre enumerável.

O quer dizer a fraqueza do mental? É simplesmente a fraqueza do que chamo de Imaginário. O inconsciente foi identificado por Freud - não se sabe por que - o inconsciente foi identificado por Freud com o mental. Isso é pelo menos o que resulta do fato de que o mental é tecido de palavras, entre as quais... esta é expressamente - me parece - a definição dada por Freud …entre as quais sempre há os equívocos possíveis. Daí o meu enunciado de que de Real não existe senão o impossível.

É bem aí que cambaleio: o Real é impossível de se pensar?

Se ele não cessa de não... mas há uma nuance aqui: não estou enunciando que ele não cessa de não se dizer, mesmo que seja porque o Real, eu o nomeio como tal, mas eu digo: … que ele não cessa de não se escrever.

Tudo o que é mental, no final das contas, é o que escrevo sob o nome de sinthoma (s.i.n.t.h.o.m.a.), quer dizer, signo. O que quer dizer ser um signo? É sobre isso que estou quebrando a cabeça. Podemos dizer que a negação seja um signo? Outra vez tentei colocar o que é isso em "A Instância da Letra". Isso diz tudo o que se pode dizer, ou sejam que o signo da negação, que se escreve assim: ┐ não precisa ser escrito?

O que é negar? O que podemos negar? Isso nos coloca no banho da Verneinung da qual Freud promoveu o essencial. O que ele enuncia é que a negação supõe uma Bejahung: que é a partir de algo que se enuncia como positivo que se escreve a negação.

Em outros termos, o signo deve ser procurado – e bem isso o que eu coloquei nessa instância da letra – deve ser procurado como congruência do signo ao Real.

O que é um signo que não se poderia se escrever? Porque este signo, nós o escrevemos realmente. Já valorizei, assim, há um tempo, a pertinência do que na lalíngua – francêsa – toca como advérbio. Podemos dizer que o Real mente?

Na análise, podemos seguramente dizer que o Verdadeiro mente. A análise é um longo caminho e quem aí caminha, mente, o próprio caminho mente – encontramos isso em toda parte -  é algo que na ocasião pode nos sinalizar que – como num fio comprido do telefone – enrolamos nossos pés. E então, que tais coisas possam ser apresentadas levanta a questão do que é o sentido.

Não existiria o sentido a não ser mentiroso, já que a noção de Real, podemos dizer, que ela que exclui -  deve ser escrito no subjuntivo – que ela exclui o sentido?

Isso indica que também ela exclui a mentira? É bem o que tem a ver quando apostamos, em suma, no fato de que o Real exclui... no subjuntivo, mas o subjuntivo é a indicação do modal …o que é que se modula neste modal que excluiria a mentira?

Na verdade, não há – nós sentimos bem isso – em tudo senão paradoxos. Os paradoxos são representáveis? Δόξα (doxa) é opinião, a primeira coisa que introduzi numa conferência, nos tempos do que se chama, ou o que poderia ser chamado, de meus começos, ao falar do Menon onde se enuncia que a Δόξα é a opinião verdadeira.

Não há a mínima opinião verdadeira, pois há paradoxos. Esta é a questão que levanto: sejam ou não os paradoxos representáveis, quero dizer, desenháveis. O princípio do dizer verdadeiro é a negação. 

E minha prática - já que há prática, prática sobre a qual me interrogo - é que eu deslizo, tenho que deslizar - porque é assim que que me fodo - tenho que deslizar entre a transferência, que se chama, não sei porquê, negativa - mas é um fato que a chamamos assim, chamamos de negativa porque sentimos bem que existe qualquer coisa... não se sabe sempre o que é transferência positiva, a transferência positiva, foi isso que tentei definir sob o nome do sujeito suposto saber.

Quem é suposto saber? É o analista. É uma atribuição, como a palavra suposto já indica. Uma atribuição não é mais que uma palavra: há um sujeito, alguma coisa que está por baixo, que é suposto saber. Saber é, portanto, seu atributo. Há apenas uma coisa problemática aí, é impossível dar o atributo de saber a alguém.

Aquele que sabe é - na análise - o analisante, o que ele desdobra, o que ele desenvolve, isso é o que ele sabe, exceto que é um Outro - mas existe um Outro? - que é um Outro que segue o que ele tem a dizer, à saber, o ele que sabe. Essa noção do Outro, eu a marquei em certo grafo com uma barra que o rompe, Ⱥ. Isso quer dizer que a romper é negar? A análise, para falar propriamente, enuncia que o Outro nada mais é que essa duplicidade.

Há Um, mas nada há de Outro. O Um - eu disse - o Um dialoga sozinho, pois recebe sua própria mensagem sob uma forma invertida. É ele quem sabe, e não o suposto saber. Apresentei também este algo que se enuncia do universal, e isto para negá-lo: eu disse que não existe todos.

É bem por isso que as mulheres são mais homem do que os homens. Elas não são não-todas, eu disse. Esses todos ou todas não têm, portanto, nenhum traço comum. No entanto, eles têm este, o único traço comum: o traço que chamei de unário. Eles são confortados pelo Um. Há Um, repeti a pouco para dizer que há o Um e nada de Outro.

Há Um, mas isso quer dizer que ainda há sentimento. Esse sentimento que chamei - segundo as unaridades - que chamei de suporte, o suporte do que tenho que reconhecer: o ódio, na medida em que esse ódio é parente do amor.

O jogo do amor que escrevi - eu ainda tenho que terminar isso - que que escrevi no meu título deste ano: O in-sabido que sabe - o quê? – d-um tropeço. Não há nada mais difícil de apreender do que esse traço d-um tropeço. Este tropeço é como eu traduzo o Unbewußt, ou seja, o Inconsciente. Em alemão, isso quer dizer inconsciente, mas traduzido por um-tropeço, isso quer dizer algo bem diferente, quer dizer um cambaleio, um tropicar, um deslize de palavra a palavra, e é disso que se trata quando nos enganamos de chave para abrir uma porta que precisamente essa chave não abre.

Freud se precipita para dizer que pensamos que ela abriria essa porta, mas nos enganamos. Tropeço é bem o único sentido que nos resta para essa consciência. A consciência não tem outro suporte senão permitir um tropeço. É bem inquietante porque essa consciência é muito parecida com o inconsciente, porque é ele que se diz responsável, responsável por todos esses tropeços que nos fazem sonhar. Sonhar em nome de quê? Do que chamei de objeto(a), à saber, isso de que se divide o sujeito, que em essência é barrado, à saber, ainda mais barrado que o Outro.

Aí está sobre o quê quebro a cabeça. Eu quebro a cabeça e penso que no final das contas a psicanálise, é isso o que faz verdade. Mas fazer verdade, como devemos ouvir isso? É um lance de sentido, é um sentido que é semblante.

Há aí toda uma distância do que designei do S índice 2, do que ele produz. Não há dúvida de que o analisante produz o analista. E é por isso que me interrogo sobre qual é o estatuto do analista, para quem deixo esse lugar de fazer verdade, de semblante:

 


E que considero que está alhures, ali onde - vocês viram da outra vez - nada há de mais fácil do que deslizar no tropeço, quero dizer, em um efeito do inconsciente, porque foi bem de um efeito do meu inconsciente, que fez com que vocês tivessem a bondade de considerar isso como um lapso, e não como eu mesmo queria qualificar, à saber – na outra vez - como um erro grosseiro.

O que é que esse sujeito - sujeito dividido - tem por efeito, se o S1, S índice 1, o significante índice 1, se encontra em nosso tetraedro, pois o que marquei é que, nesse tetraedro, há sempre uma de suas ligações que está rompida: à saber, que o S índice 1 não representa o sujeito ao lado do S índice 2, à saber, do Outro. O S índice 1 e o S índice 2, é muito precisamente o que designo pelo A dividido do qual eu mesmo faço um significante, S(Ⱥ). 

É bem assim que o famoso inconsciente se apresenta. Esse inconsciente, ele é, no final das contas, impossível de saber. 

Ele não representa…

Falei a pouco dos paradoxos como sendo representáveis, à saber, desenháveis ...não há desenho possível do inconsciente. O inconsciente se limita a uma atribuição, a uma substância, a algo que é suposto estar sob. E o que a psicanálise enuncia é muito precisamente isto: que não é mais que uma - eu digo dedução - dedução suposta, nada mais. O que eu tentei dar corpo com a criação do Simbólico tem bem precisamente este destino: de isso não chegar ao seu destinatário.

Como se faz, no entanto, que isso se enuncie? Aí está a interrogação central da psicanálise.

Fico por aqui hoje. Espero poder em oito dias, pois haverá um 17 de maio -  sabe Deus por quê - enfim, me enunciaram que haveria um 17 de maio, e que aqui não terei muitos examinados, senão vocês, que examinarei eu mesmo e pode ser que eu lhes interrogue na esperança de que alguma coisa passe, passe do que eu digo.

Adeus!

 

 

TEXTO EM FRANCÊS


L’insu que sait de l’une-bévue s’aile à mourre

Séminaire de 1976-1977

Jacques Lacan

 

Leçon 11

10 Mai 1977


Je me casse la tête, ce qui est déjà embêtant, parce que je me la casse sérieusement, mais le plus embêtant c’est que je ne sais pas sur quoi je me casse la tête. Il y a quelqu’un qui - un nommé Gödel - qui vit en Amérique et qui a énoncé le nom de indécidable. Ce qu’il y a de solide dans cet énoncé, c’est qu’il démontre qu’il y a de l’indécidable. 

Et il le démontre sur quel terrain ? Sur quelque chose que je qualifierai, comme ça, du plus mental de tous les mentaux…je veux dire de tout ce qu’il y a de plus men­tal, le mental par excellence, la pointe du mental …à savoir ce qui se comp­te : ce qui se compte c’est l’arithmétique. Je veux dire que c’est l’arith­métique qui développe le comptable. La question est de savoir s’il y a des Un qui sont indénombrables, c’est tout au moins ce qu’a promu Cantor. Mais ça reste quand même douteux, étant donné que nous ne connais­sons rien que de fini, et que le fini c’est toujours dénombré.

Est-ce que c’est dire la faiblesse du mental? C’est simplement la faiblesse de ce que j’appelle l’Imaginaire. L’inconscient a été identifié par Freud - on ne sait pourquoi - l’inconscient a été identifié par Freud au mental. C’est tout au moins ce qui résulte du fait que le mental est tissé de mots, entre quoi… c’est expressément - me semble-t-il - la définition qu’en donne Freud …entre quoi il y a des bévues toujours possibles. D’où mon énoncé, que de Réel il n’y a que l’impossible. 

C’est bien là que j’achoppe : le Réel est-il impos­sible à penser ? 

S’il ne cesse pas… mais il y a là une nuance : je n’énonce pas qu’il ne cesse pas de ne pas se dire, ne serait-ce que parce que le Réel je le nomme comme tel, mais je dis : …qu’il ne cesse pas de ne pas s’écrire.

Tout ce qui est mental, en fin de compte, est ce que j’écris du nom de sinthome (s.i.n.t.h.o.m.e.) c’est-à-dire signe. Qu’est-ce que veut dire être signe? C’est là-dessus que je me casse la tête. Est-ce qu’on peut dire que la négation soit un signe? J’ai autrefois essayé de poser ce qu’il en est de L’instance de la lettre. Est-ce que c’est tout dire que de dire que le signe de la négation, qui s’écrit comme ça : ┐n’a pas à être écrit? 

Qu’est-ce que nier? Qu’est-ce qu’on peut nier?  Ceci nous met dans le bain de la Verneinung dont Freud a promu l’essentiel. Ce qu’il énonce, c’est que la négation suppose une Bejahung: c’est à partir de quelque chose qui s’énonce comme positif qu’on écrit la néga­tion. 

En d’autres termes, le signe est à rechercher - et c’est bien ce que, dans cette instance de la lettre, j’ai posé - est à rechercher comme congruence du signe au Réel.

Qu’est-ce qu’un signe qu’on ne pourrait écrire ? Car ce signe, on l’écrit réellement. J’ai mis en valeur comme ça, un temps, la pertinence de ce que lalangue – française - touche comme adverbe.  Est-ce qu’on peut dire que le Réel ment? 

Dans l’analyse, on peut sûrement dire que le Vrai mente. L’analyse est un long cheminement - on le retrouve partout - que le chemine-ne-mente, c’est quelque chose qui ne peut à l’occasion que de nous signaler que - comme dans le fil du téléphone - nous nous prenons les pieds. Et alors, qu’on puisse avancer des choses pareilles pose la question de ce que c’est que le sens. 

N’y aurait-il de sens que menteur, puisque la notion de Réel, on peut en dire qu’elle exclue - qu’il faut écrire au sub­jonctif - qu’elle exclue le sens? 

Est-ce que ça indique qu’elle exclue aussi le mensonge? C’est bien ce à quoi nous avons affaire quand nous parions en somme sur le fait que le Réel exclue… au subjonctif, mais le subjonctif est l’indication du modal …qu’est-ce qui se module dans ce modal qui exclurait le mensonge? 

À la vérité, il n’y a - nous le sentons bien - dans tout cela que paradoxes. Les paradoxes sont-ils représentables? Δόξα [ doxa ] c’est l’opinion, la première chose sur quoi j’ai introduit une conférence, au temps de ce qu’on appelle ou de ce qu’on pourrait appeler mes débuts, c’est sur le Menon où on énonce que la Δόξαc’est l’opinion vraie. 

Il n’y a pas la moindre opinion vraie, puisqu’il y a des paradoxes. C’est la question que je soulève : que les paradoxes soient ou non représentables, je veux dire dessinables. Le principe du dire vrai, c’est la négation. 

Et ma pratique - puisque pratique il y a, pratique sur quoi je m’interroge - c’est que je me glisse, j’ai à me glisser - parce que c’est comme ça que c’est foutu - j’ai à me glisser entre le transfert, qu’on appelle, je ne sais pourquoi, négatif - mais c’est un fait qu’on l’appelle comme ça, on l’appelle négatif parce qu’on sent bien qu’il y a quelque chose… On ne sait toujours pas ce que c’est que le transfert positif, le transfert positif, c’est ce que j’ai essayé de définir sous le nom du sujet supposé savoir. 

Qu’est-ce qui est supposé savoir? C’est l’analyste. C’est une attribution, comme déjà l’indique le mot de supposé. Une attribution, ce n’est qu’un mot : il y a un sujet, quelque chose qui est dessous, qui est supposé savoir. Savoir est donc son attri­but. Il n’y a qu’une seule chose, c’est qu’il est impossible de donner l’at­tribut du savoir à quiconque.

Celui qui sait c’est - dans l’analyse - l’analysant, ce qu’il déroule, ce qu’il développe, c’est ce qu’il sait, à ceci près que c’est un Autre - mais y a-t-il un Autre ? - que c’est un Autre qui suit ce qu’il a à dire, à savoir ce qu’il sait. Cette notion d’Autre, je l’ai marquée dans un certain graphe d’une barre qui le rompt, ȺEst-ce que ça veut dire que rompu ça soit nié ? L’analyse, à proprement parler, énonce que l’Autre ne soit rien que cette duplicité.

Y’a de l’Un, mais il n’y a rien d’Autre. L’ Un - je l’ai dit - l’ Un dialogue tout seul, puisqu’il reçoit son propre message sous une forme inversée. C’est lui qui sait, et non pas le supposé savoir. J’ai avancé aussi ce quelque chose qui s’énonce de l’universel, et ceci pour le nier :  j’ai dit qu’il n’y a pas de tous. 

C’est bien en quoi les femmes sont plus homme que l’homme. Elles ne sont pas-toutes, ai-je dit. Ces  tous donc, n’ont aucun trait commun.  Ils ont pourtant celui-ci, le seul trait commun : le trait que j’ai dit unaire. Ils se confortent de l’Un. Y’a de l’Un, je l’ai répété tout à l’heure pour dire qu’il y a de l’Un et rien d’Autre. 

Y’a de l’Un mais ça veut dire qu’il y a quand même du sentiment. Ce sentiment que j’ai appelé - selon les unarités - que j’ai appelé le support, le support de ce qu’il faut bien que je reconnaisse : la haine, en tant que cette haine est parente de l’amour. 

La mourre que j’écris dans - il faut tout de même bien que je finisse là-dessus - que j’écris dans mon titre de cette année : L’insu que sait - quoi ? - de l’une-­bévue. Il n’y a rien de plus difficile à saisir que ce trait de l’une-­bévue. Cette bévue, c’est ce dont je traduis l’Unbewußt, c’est-à-dire l’Inconscient. En allemand, ça veut dire inconscient, mais traduit par l’une-­bévue, ça veut dire tout autre chose, ça veut dire un achoppement, un trébuchement, un glissement de mot à mot, et c’est bien de ça qu’il s’agit quand nous nous trompons de clé pour ouvrir une porte que précisément cette clé n’ouvre pas. 

Freud se précipite pour dire qu’on a pensé qu’elle ouvrait cette porte, mais qu’on s’est trompé. Bévue est bien le seul sens qui nous reste pour cette conscience. La conscience n’a pas d’autre support que de permettre une bévue. C’est bien inquiétant parce que cette conscience ressemble fort à l’inconscient, puisque c’est lui qu’on dit responsable, responsable de toutes ces bévues qui nous font rêver. Rêver au nom de quoi ? De ce que j’ai appelé l’objet(a), à savoir ce dont se divise le sujet, qui d’essence est barré, à savoir plus barré encore que l’Autre.

Voilà sur quoi je me casse la tête. Je me casse la tête et je pense qu’en fin de compte la psychanalyse, c’est ce qui fait vrai. Mais faire vrai, comment faut-il l’entendre? C’est un coup de sens, c’est un sens blanc. 

Il y a toute la distance que j’ai désignée du S indice 2, à ce qu’il pro­duit. Que bien entendu l’analysant produise l’analyste, c’est ce qui ne fait aucun doute. Et c’est pour ça que je m’interroge sur ce qu’il en est de ce statut de l’analyste à quoi je laisse sa place de faire vrai, de sem­blant:

 


Et dont je considère, que c’est ailleurs, là où - vous l’avez vu autre­fois - il n’y a rien de plus facile que de glisser dans la bévue, je veux dire dans un effet de l’inconscient, puisque c’était bien un effet de mon inconscient, qui fait que vous avez eu la bonté de considérer ceci comme un lapsus, et non pas comme ce que j’ai voulu qualifier moi-même, à savoir - la fois suivante - comme une erreur grossière.

Qu’est-ce que ce sujet - sujet divisé - a pour effet si le S1, S indice 1, le signifiant indice 1, se trouve dans notre tétraèdre, puisque ce que j’ai marqué, c’est que, de ce tétraèdre, il y a toujours une de ses liaisons qui est rompue:  c’est à savoir que le S indice 1 ne représente pas le sujet auprès du S indice 2, à savoir de l’Autre. Le S indice 1 et le S indice 2 , c’est très précisément ce que je désigne par le A divisé dont je fais lui-même un signifiant, S(Ⱥ).

C’est bien ainsi que se présente le fameux inconscient. Cet inconscient, il est en fin de compte impossible de le saisir. 

Il ne repré­sente… 

J’ai parlé tout à l’heure des paradoxes comme étant représen­tables, à savoir dessinables …il n’y a pas de dessin possible de l’inconscient. L’inconscient se limite à une attribution, à une substance, à quelque chose qui est supposé être « sous ». Et ce qu’énonce la psychana­lyse, c’est très précisément ceci : que ce n’est qu’une - je dis déduction - déduction supposée, rien de plus. Ce dont j’ai essayé de lui donner corps avec la création du Symbolique a très précisément ce destin : que ça ne parvient pas à son destinataire.

Comment se fait-il pourtant que ça s’énonce? Voilà l’interrogation centrale de la psychanalyse. 

Je m’en tiens là pour aujourd’hui. J’espère pouvoir dans huit jours, puisqu’il y aura un 17 mai - Dieu sait pourquoi – enfin on m’a annoncé qu’il y aurait un 17 mai, et qu’ici je n’aurai pas trop d’examinés, si ce n’est vous, que j’examinerai moi-même et que peut-être j’interrogerai dans l’espoir que quelque chose passe, passe de ce que je dis. 

Au revoir!

 

 

 

A aula 11 desse seminário pode ser ouvida, em francês, à partir do seguinte link:

http://www.valas.fr/IMG/mp3/11_insu10-05-77.mp3

 

 




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